Hyunjin On

-Chegámos. -digo sorrindo. -Acho que vais gostar muito desta loja.

Ela estica-se e vê que tínhamos parado à frente de uma loja de roupa para bebés e crianças.

-Já estou a gostar e nem sequer entrei. -ela diz e passa as mãos pela barriga.

Saio do carro e ajudo a Luísa, entramos na loja e o sino em cima da porta toca, indicando que tinha entrado clientes.

-Espero que seja uma menina, olha só os vestidinhos. -ela diz apontando para um vestido vermelho farfalhudo de tule.

Caminhamos até ao vestidos e como uma típica mãe, entusiasmada e à espera dos filhos ela perde-se a ver os vestidos e os sapatinhos.

-Olha que fofinho Hyunjin. -chama-me e eu largo as All Star brancas pequeninas para ir ter com ela.

Era um vestido branco com uma florzinha azul na parte de cima do vestido, era engraçado.

-Não sei se vou ter menina, mas eu vou ter que levar este vestidinho, nem que seja para vestir a uma boneca. -riu-me com o seu comentário.

Vamos até ao corredor de roupa de rapaz e eu atiro-me para uma camisola pequenina de capuz que era para pareceres um dinossauro.

-Acho que devias ser pai, estás entusiasmadíssimo a ver só a roupa, imagina saberes que vais ser pai e acompanhares o processo todo. -ela diz agarrando-se a umas calças pretinhas.

-Quem sabe um dia, até là fico pela alegria e o entusiasmo da roupa. -digo e vou ter com ele.

-Vais levar a camisola? -ela pergunta olhando para mim.

-Sim, mesmo que seja menina podes vestir nela e para mais è uma fofura, sejamos sinceros.

Rimo-nos, mas somos interrompidos por uma rapariga que trabalha na loja.

-Os pais precisam de ajuda? -a rapariga "Susy" pelo que está no crachá pergunta.

-Eu não sou pai...sou só um amigo, ela já tem dono. -só me quero bater, até parece que estou triste de ela ter namorado ao dizer estas coisas e de facto estou um pouco.

-Não, obrigada. -diz Luísa e eu encolho-me, vergonha, se pudesse cavava um buraco e não saia de lá durante os próximos 2 anos.

A rapariga deixa-nos e eu respiro de alívio por já não ter o seu olhar julgador em cima de mim.

-"Já tenho dono"? -pergunta Luísa meio chateada e eu volto a suster a respiração.

-Eu não queria dizer isso assim, queria dizer que já tens namorado. -digo, digamos que a expressão que decidi usar não foi a melhor.

-Eu não tenho namorado. -fico perdido.

-Como não? O Felix disse-me que vocês namoram e ele é o pai dos teus filhos.

-Primeiro de tudo, não é por o Felix ser o pai dos meus filhos que queira dizer que eu e ele temos que namorar e segundo eu e ele não namoramos, nunca pensei que ele ia chegar a este ponto. -ela diz e coloca a mão na barriga e a outra na cintura.

-Que ponto? -pergunto curioso.

  -De ele contar às pessoas de fora que nós "namoramos". -diz Luísa que se senta num branquinho perto de onde estávamos. -Quando lhe contei que estava grávida ele enfiou na cabeça que nós devíamos ter uma relação, mas eu travei-o, sabia que não era isso o que ele queria, ele estava a forçar-se a si próprio a tomar uma posição não necessária. Nunca consegui tirar essa ideia da sua cabeça, mas fui travando-a, tal como nada de dormir na mesma cama, nada de jantares românticos, tirei-lhe as coisas básicas, mas pelo que parece não foi o suficiente.

-Pois...-digo apesar de não ter nada para argumentar.

Eu entendia a posição do Felix, provavelmente eu faria o mesmo, mas por um lado não está correto estarmos a forçar-nos ficar com uma pessoa que não queremos.

-Tenho que conversar com ele, mas prontos, voltemos às compras. -ela diz e coloca uma mão mais atrás do corpo no banco para servir de impulso, mas eu mexo-me e estendo-lhe a mão para a ajudar que ela aceita de bom grado.

Felix On

-Quando tivermos uma decisão ligamos-lhe, Sr. Felix. -diz a mulher com um largo sorriso que eu sabia ser falso.

-Claro Sra.Any. -digo educadamente e retiro-me para o carro.

A vaga não seria minha, a partir do momento em que eu lhe disse que me dava jeito trabalhar só até às 16h para poder acompanhar a Luísa às consultas a mulher torceu o nariz automaticamente, atualmente patrões só procuram pessoas que trabalhem 24 sobre 24 horas.

Tenho que ir à procura de mais empresas que precisem de empregados porque não é nesta que vou ficar.

Ligo o carro e encaminho-me para casa, mas reparo que ainda era 11h em ponto e o Hyunjin estava com a Luísa por isso, com algum custo, decido fazer um desvio e ir ao meu sítio de paz.

Liguei a rádio e durante o caminho todo entreti-me a cantar umas músicas e a dançar levemente ao volante, isto fazia-me lembrar das férias que eu tive com o Hyunjin, as férias que eu desejara de um ponto não ter acabado por outro agradeço por tal ter acontecido, afinal pode conhecer a Luísa e bem, vou ter filhos.

Quando chego desligo o carro, saio do carro e caminho um bocado até chegar a um parque de merendas que é tão escondido no meio do bosque que maior parte do tempo está vazio, tal como hoje.

Sento-me na minha mesa favorita, de dois lugares, debaixo de uma árvore grande com sombra e deixo a cabeça descair contra o tronco da árvore.

Respiro fundo e deixo-me inundar pelas memórias.

Vim aqui tantas vezes para pensar na vida, arranjar soluções para os problemas da minha vida, mas acima de tudo para poder ter privacidade com o Hyunjin desde que a minha mãe tinha voltado para casa.

Fecho os olhos e volto a sentir os dedos do Hyunjin a passarem no meu corpo, os seus lábios doces com sabor a cereja contra os meus, a tronca de carícias, eu sinto falta de tudo, ele tornou-se uma espécie de droga que eu consegui largar, mas voltar a vê-lo é de alguma forma tentador,  só espero não cair nos seus encantos outra vez, não quando estou com a Luísa.

Lost In The Soulds-HyunlixOnde histórias criam vida. Descubra agora