Epílogo

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Élora assistiu pela projeção mágica enquanto a Ilha Coração voltava a pulsar de vida. Os Elementais dançavam felizes festejando a união de Danda e Bakji. As sereias exibiam seu melodioso canto enquanto o recém casado tocava para elas, a jovem esposa observava encantada pelo espetáculo.

Os seres mágicos, principalmente os Elementais, gostavam daqueles lugares entre dimensões. Ilhas Coração sempre possuíam muita energia em seu cerne, como no caso daquela que era uma fonte de energia de vida. Era tradição, e necessário, que houvesse um guardião por lá, quase sempre humano porque as criaturas mágicas não gostavam de se prender a esse tipo de obrigação. Enquanto o coração da guardiã batesse, a magia da ilha pulsaria.

— Foi bom pedir para que enviassem a meia armadura de Diana. — Disse Timaki. A mulher preta de pele retinta observava escorada em um canto de parede ornamentada com pinturas. — Quanto tempo irá demorar até que percebam que um ano naquela ilha equivale a cinquenta anos no mundo comum?

— Não sei ao certo. — Élora dispensou do ar a névoa de projeção. — Talvez quando Avalon convocar todas as pessoas que guardam as Ilhas Coração desse mundo ou quando ela vier visitar as irmãs do Ocaso.

— Quanto tempo até algum desses acontecimentos? — Timaki questionou alinhando a própria armadura de sentinela.

— Como posso saber, Timaki? Não sou oráculo e não posso cuidar de cada pormenor da vida de minhas crianças. Não seja afoita.

— Isso significa que estão presos na ilha? — A questionadora Timaki sempre tivera uma mente muito inquieta.

Élora sorriu demonstrando contentamento enquanto caminhava pelo cômodo.

— Não, agora que Danda voa, eles conseguem passar acima das tormentas dos portais sair de lá. Se ficarem apenas algumas horas fora da ilha, viajarão muito tempo pelo mundo comum. — A paciente mulher replicou.

— Crê que ela será feliz? — Timaki perguntou ao seguir os passos suaves d'A Fada, estava quase sempre com ela, como guarda.

— Todas as pessoas que encontram o amor são felizes, Timaki. É uma verdade universal. Talvez não por todos os tempos ou por muito tempo, mas são felizes. — Élora atravessou a sala do Castelo e ia sair para o corredor, mas parou na porta e olhou para mim.

— Éle, não se esqueça de escrever a história de Danda para a sessão de Guardiães das Ilhas Coração, que fica na biblioteca. — A Fada solicitou. Era minha função como escriba de Avalon, registrar tudo que Élora pedia para ser registrado.

— Como devo nomear o livro, Élora? — Perguntei com os dedos comichando de vontade de iniciar o trabalho.

— Danda do Ocaso. — A resposta veio rápida. — Lembre-se de especificar que foi a primeira Fada do Ocaso a subir de posto escolhida pela magia, a primeira e única com asas e sua função como guardiã. Aquela mocinha que acolhemos na semana passada, a que teve uma perna decepada quando não quis ceder aos abusos dos pais, ela tem um particular talento para ilustrações. Sei que ainda está começando sua instrução por aqui, entretanto será um bom apoio para ilustrar o livro de Danda. Pode ser até mesmo terapêutico que ela faça uso de seus talentos. Esqueci-me de seu nome.

— É Marcela, senhora Le Fey. — Timaki auxiliou.

— Oh sim! Marcela. — Élora lançou um olhar grato na direção da sentinela. — Minha pequena Timaki, sempre bem informada para nossa salvação. Pois bem, Éle, convide Marcela para o projeto.

Anuí com a cabeça.

A porta do cômodo foi aberta e uma jovem harpia cumprimentou A Fada.

— Lira Merak já está em Avalon, senhora Élora.

A Fada sorriu misteriosa, seus olhos cintilaram. Ela seguiu seu caminho, escoltada por Timaki.

Olhei para minhas mãos, abençoadas pelo ofício, e depois para as anotações soltas que eu tinha feito enquanto assistia ao desenrolar da história de Danda, grande heroína de Avalon e Guardiã da Ilha Coração. A única coisa que eu podia garantir era que sua história atravessaria os tempos.

Danda do OcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora