Capítulo 05

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   A Z R I E L~

Troquei o peso do corpo para a outra perna, meus joelhos protestavam com o esforço de me manter agachado no galho de um imenso carvalho, sombreando a mansão em que meu alvo se encontrava. Já faziam duas horas.

Rhys não disse nada quando saí silenciosamente da sala em que a reunião ocorrera a poucos minutos, ele estava transtornado tentando apaziguar Feyre que gritava furiosamente. 

-Sabe que foi totalmente irresponsável e infantil. O que acha que ele vai pensar de mim agora?-Não era preciso muita explicação para dizer que aquele evento foi, para dizer o mínimo, caótico. Era preciso menos ainda para que soubesse que Rhys estava em maus lençóis. De qualquer maneira, ele cavou sua própria cova. Jamais diria que não respeitamos a liderança do nosso Grão-Senhor mas, no quesito autoridade, muitas vezes, deixava a desejar. Eu estava consciente de que Mor não facilitaria nenhum diálogo com Lucien mas, apesar de tudo, eu esperava mais autocontrole dela e mais civilidade dos outros. Francamente, Lucien errou, pagou por sua falha e, mesmo assim, minha família não teve a decência de se portar adequadamente. A maioria de nós cometeu erros muito mais graves que o ruivo e tivemos a bênção da redenção, me decepcionava mas não me surpreendia, a muito tempo aprendi que  o Círculo Íntimo da Corte Noturna era...Seletivo.

A pequena garota humana foi o que mais me chamou a atenção, seu relacionamento com Lucien me parecia...Íntimo. Não tive notícias de Jurian ou Vassa, pelos meus espiões, soube que se estabeleceram na mansão nas terras humanas juntamente com o ruivo, mas, aparentemente somente Lucien possuía um apartamento em Velaris. Mais por insistência de Feyre do que por vontade própria suponho.

Ainda o encontrava caminhando pelas ruas mais barulhentas de Velaris em busca de alguns temperos e chás. A primeira vez que nos encontramos dessa forma, ele estava com os cabelos trançados desde a raiz, caindo por seu ombro passando de sua cintura e na ponta da trança, um enfeite de aço brilhante de aparência afiada cintilava na altura do quadril. O ruivo observava uma saboneteira com formato de raposa, não notou os olhares lascivos da dona da tenda em sua direção.

 Eu notei.

E talvez, só por curiosidade eu tenha ido até ele, apenas quando o alcancei, percebi que não sabia como explicar o que fazia ali ao seu lado tão repentinamente e tampouco pensei no que diria. Eu precisava dizer algo. Rápido.

-Você cozinha?- Lucien girou o pescoço tão rápido que pensei ter ouvido um estalo.- O que?-Seu olho ileso estava arregalado e a boca levemente aberta. Indiquei o frasco de vidro em sua mão.-Ah...Sim, quer dizer...Hum na verdade, Jurian cozinha, eu compro os ingredientes.- Corou ao acrescentar mais baixo- Sou péssimo em culinária.- E, apenas para vê-lo corar de novo, peguei um frasco que continha algumas bolinhas e analisei por alguns instantes-Pimenta do Reino-disse ao encará-lo. Sorri ao colocar gentilmente o frasco na palma sua mão aberta.- Combina com todo tipo de comida e é ótima para a saúde.- Me virei antes que pudesse checar sua reação, mas pude ouvir sua voz em um sussurro- Obrigado...Mestre Espião- Ao abrir as asas, declarei sem olhar para trás- É só Az-.

Despertei do meu devaneio ao ouvir movimentação em direção à mansão. Lucien e sua...Amiga não foram para seu apartamento em Velaris. Eu havia checado. Disse à mim mesmo que era apenas uma checagem de segurança, para ver ser as barreiras ao redor da mansão estavam seguras. Mas no fundo, algo me dizia para acompanhar Lucien e sua visita durante a estadia. Essa era a razão de eu estar empoleirado naquela árvore, aguardando os dois. Já faziam duas horas.



LUCIEN~

Você sabe a diferença entre bater na porta e invasão de propriedade?-suspirei irritado caminhando a passos largos em direção ao hall de entrada.

encostado ao batente da porta estava Azriel, os braços cruzados sobre o peitoral definido. Estava sorrindo, um sorriso discreto porém sincero apesar dos  ombros rijos de tensão.

Imaginei o estresse que aquela semana não havia trazido para o Mestre Espião. tinha recebido ao menos quatro cartas de sua Grã-senhora, exigindo delicadamente minha presença em um reencontro para, nas palavras dela, discutir termos dedicados à construção de relações amigáveis com o Círculo Íntimo da Corte Noturna.

Uma piada.

...

Feyre sabia que não deveria falar comigo informalmente quando estava irritado principalmente em situações como aquela. Não era a primeira vez que recebia uma carta formal dela me convocando a  um  jantar para no fim dele se desculpar pelo comportamento de sua família e me implorar para não ir embora. 

Família esta que me humilhou e desrespeitou deliberadamente minha protegida, não estava irritado, estava furioso. Motivo este que me levou a escrever a resposta prontamente.

''Vossa Senhoria,

Alguma vez, já lhe foi dito que és uma intrometida e fofoqueira colossal? Pois bem, deseje que eu lhe estenda palavras bonitas e avistará o fundo do poço em que irá cair. Fostes alfabetizada por seu próprio parceiro e eu, pelo meu irmão mais velho e primogênito da Corte Outonal, Eris. Se pensas por um segundo sequer, que me obrigará a dialogar com sua irmã em um monólogo e ter ainda o desrespeito de seus subordinados como cortesia, sugiro que se sente em seu trono em sua Corte dos Pesadelos e esperar confortavelmente. Terá a eternidade para isso.

                                                                     De seu emissário e não escravo, Lucien''

...

Claro que eu queimei a carta, claro que eu quis enviá-la e claro que Azriel estava ali para ter a resposta de sua Grã-senhora.

Não senti seu cheiro ao chegar mas, ser o Mestre Espião de Rhysand tinha que valer alguma coisa afinal. Não importava que eu estivesse furioso, pois na minha frente, excepcionalmente estonteante estava Azriel.

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⏰ Última atualização: Nov 23, 2023 ⏰

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