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A volta pra casa no carro de Oscar foi puro silencio.

César foi na frente com Oscar e eu atrás com os meninos Olívia estava quase no meu colo para conseguirmos não ficar tão grudados e apertados.

Vim o caminho todo com o braço apoiado na janela olhando pra rua e de vez em quando pro retrovisor que Oscar me dava umas olhadas.

Agora estamos aqui no Ruby, Monse foi direto pra casa porque ta toda suja de ovo e Olívia ta no banho.

Oscar fez os garotos darem todos os doces e os outros sucos.

-Eu não acredito que a Monse foi pra casa se bem que ela ta coberta de ovos mais ela ta perdendo nosso tesouro - diz Ruby entusiasmado.

-Ai vou mete o pé - diz César.

-Também ja vou - digo e César confirma me esperando.

-Jamal vais vir ? - pergunto me alevantando.

-Não, depois eu vou - diz ele.

-Ok, toma cuidado - digo e ele me olha confirmando com a cabeça.

-Até mais - fala Ruby e Jamal.

Eu e César saímos e César fecha porta atrás de si.

-Aconteceu alguma coisa ? - pergunto a César.

-Não só estou pensando numa coisa a Monse disse.

Descido não pergunta.

-Pode ir indo vou mandar uma mensagem pra ela - diz César.

-Ta bom - digo e começo a andar até minha casa.

Descido não ir pra casa, não agora pelo menos, tô até agora pensando o porque do Oscar ter falado aquilo, do porque pegou na minha cintura como se tivéssemos algo, sendo que quando se vimos pela primeira vez o olhar que ele me dava era como se soubesse todos os meus segredos.

Chego numa praça e me sento.

-Que merda tá acontecendo - digo a mim mesma olhando pra um ponto fixo na minha frente e de pernas cruzadas com minhas mãos juntas em baixo da coxa.

-Oi chica - escuto Oscar.

-Ai porra - digo saindo do transe e Oscar rir se sentando ao meu lado.

-Não acha que tá muito tarde pra ficar andando por aí sozinha ? - pergunta.

-Sei me cuidar - digo e o olho.

Ele não diz nada e se estica ao meu lado.

-Posso fazer uma pergunta ? - pergunto.

-Já tá fazendo - diz ele sarcástico.

Eu rio e reviro os olhos.

-Pode fazer - diz ele.

-Porque tu disse aquilo ? - digo me referindo ao "principalmente a ela".

Ele bufa e olha pra frente.

-Sério que você não se lembra - pergunta acendendo um baseado.

-Deveria ? - pergunto descruzando minha perna e cruzando a outra.

-Porra - diz e solta a fumaça pro lado oposto do meu.

-Oscar, 14 anos, praia, seu primeiro beijo no mar - diz ele impaciente e me lembro do Oscar de alguns anos atrás mais não poderia ser ele.

Paro e me viro o apoiando meu rosto em minha mão, ele se vira e fico olhando cada traço de seu rosto.

Nariz fino, sobrancelhas marcadas, cavanhaque, brinco nas duas orelhas.

Descido fazer uma pergunta que só aquele Oscar saberia mais bem que ele sabe a história toda mais não ligo e pergunto igual.

-Porque no mar o beijo e não na areia ? - pergunto.

-Porque a esperta ai lanço a bola pro meio do mar - fala sarcástico e tento segurar a risada mais não consigo e ele rir de volta.

Seu olhar agora é um olhar frio como se já tivesse passado por tudo, vivido tudo.

-Oque aconteceu ? - pergunto.

-Meu pai foi preso e tive que ocupar seu lugar de líder - diz ele e olha pra frente.

-Como as coisas são - digo e também me viro pra frente.

-Pensei que ia ganhar pelo menos um sorriso - diz ele.

-Desculpa - digo sorrindo.

-Um abraço vai - digo e me alevanto.

Ele me olha e rir.

Se alevanta e me abraça como se fôssemos as mesmas "crianças" de quatorze anos tudo veio à tona.

Ele afundo seu rosto no meu pescoço e passo minha mão pela sua nuca.

Me separo de Oscar que o mesmo me segura pela cintura fazendo nossos olhos se encontrarem e nossos rostos estarem muito perto.

-Então - digo me soltando e me sento.

Ele dá uma risada nasal e se senta.

-És militar né ? - pergunta.

-Como sabes ?

-Eu sei de tudo nina - diz ele.

-Quem diria que tu era o irmão do César - digo.

-E tu do Jamal - diz ele.

-Te procurei por tudo pensei que nunca mais iria te ver - diz Oscar.

-Me procurou ?

-Sim.

-César sempre falou da tal irmã de Jamal mais nunca me interessei em saber quem era e ele dizia que não ficavas em casa.

-Verdade, ele também uma vez me disse que tinha um irmão - digo.

-Nunca quis saber quem era ?

-Não - falo como se fosse óbvio e rimos.

-Realmente não se lembrou de mim ? - pergunta ele.

-Não - digo.

-Eu tinha lembranças de um chicano com cabelo cacheados, olhos que sorriam junto com o sorriso dele, que ficava sem graça quando era elogiado mais ao mesmo tempo era um exibido - ele rir - que tinha um olhar alegre - finalizo.

-Eu te conheci de primeira - diz ele.

-Por isso ficou me encarando quando Monse foi falar com César ?

-Sim, tava vendo o quanto você mudou - olha pro meu corpo - e não tava acreditando que realmente tavas ali - volta a olhar nos meus olhos.

-Eu pensei pronto, era só oque faltava ele implicar comigo - digo e ele rir

-Não né - diz sorrindo de canto.

-Mereço - digo e ele rir.

Sinto meu celular vibrar e vejo ser Jamal.

— Fala - digo.

— Onde você tá ? Ja tô em casa.

— Já tô indo - digo e desligamos.

-Vou nessa - digo me alevantando.

Oscar insiste em me levar até em casa e aceito.

-Me deixa aqui - digo parando um pouco à frente de casa.

-Não quer que teu coroa te veja comigo - diz ele.

Sim e não.

-Ele ja viu - digo e abro a porta do carro.

-Chica - fala ele colocando a mão na minha coxa.

-Tchau Oscar - digo e saio do carro do mesmo.

Arrumo minha roupa e vou pra casa olho pra trás e o carro ainda está lá.

Tempo Certo  - Oscar Diaz // On My BlockWhere stories live. Discover now