MINHA SORTE

Ameaças e Dúvidas

Rafaella

Eu gostaria de dizer que consegui dormir noite passada, mas isso seria uma grande mentira, minha cabeça não parava de planejar tudo para meu jantar com Bianca. Gi me indicou um lugar perfeito na cidade vizinha e já liguei pra fazer a reserva, mas o que realmente tirou meu sono foi o idiota do Diogo. Eu tenho realmente muito medo de que ele possa fazer algo contra a Bianca ou tentar afastar ela de mim, pelo que percebi no dia que nos encontramos e ele chamou ela de meu amor com certeza ele ainda quer ela e não vai querer perde-la pra outra mulher, eu não tenho problema nenhum em lutar contra ele ou qualquer um que se coloque entre mim e ela, mas não trata-se só de nós duas, Sofia esta diretamente ligada a tudo e o que eu menos quero é ver ela sofrendo.

Eram sete horas da manhã e eu estava saindo de uma loja de carros usados para alugar. Tenho dinheiro suficiente pra comprar, isso não seria problema, mas não quero deixar a Bianca desconfiada de mim até que eu possa explicar minhas reais intenções e dizer que sou digamos assim, rica. Decidi alugar um modelo simples, sai da concessionária e deixei o carro na minha casa, eu teria tempo de voltar para me arrumar e pega-lo mais tarde, confesso que estou nervosa por não saber como agir perto de Bianca, imagino que ela não queira que ninguém saiba por enquanto,muito menos a Sofia, mas admito que minha vontade todos os dias quando à vejo é correr para abraça-la e encher ela de beijos, ainda mais agora que sei que sou correspondida. Despertei de meus pensamentos quando percebi estar sendo seguida por um carro, a estrada era estreita e eu parei chegando mais perto da cerca pra deixar o caminho livre pra quem quer que fosse passar logo, mas confesso que não me surpreendi quando o carro do xerife parou ao meu lado abaixando o vidro, o idiota me encarava com um olhar de ódio, mas disfarçava com um sorriso cínico. Acho que pretendia me intimidar, pobre coitado... Decidi que seria mais cínica que ele.

-Bom dia xerife.- dei meu melhor sorriso cínico e ele fechou a expressão, segurei minha vontade de rir.

-Exército, Kalimann? o que uma soldado veio fazer por aqui?- ele perguntou com uma cara séria, acho que queria me colocar medo.

-Ex soldado xerife! E o que vim fazer aqui só diz respeito a mim. - ele não disfarçou sua cara de choque pela minha resposta, mas logo recolocou sua cara de mal.

-Você é abusada... chega do nada na minha cidade, se aproxima das minhas mulheres e diz que não é da minha conta? - dessa vez não segurei e ri na cara dele. O mesmo me olhava com mais ódio se é que isso é possível.

-Sou apenas sincera xerife, perdoe-me se isso é demais para você,  mas não sei ser de outra forma, e não conheço "suas" mulheres. - coloquei aspas no suas, que idiota.- Eu conheço a Bianca que é solteira e como ela mesma lhe disse na minha frente não te deve satisfação...-saboreei sua cara de lezado pela resposta.- Conheço Sofia que é uma menina linda e amável que é filha da minha chefe e além do mais quando cheguei aqui não vi seu nome na placa de boas vindas.

-Você não sabe com quem esta se metendo, acho bom se afastar das duas.

-Sei o suficiente sobre você pra lhe desprezar como pessoa e principalmente como pai... E só me afasto das duas se a Bianca me pedir. - a essa altura ele já havia saído do carro e me encarava com o nariz empinado tentando colocar medo em mim.

-Você pode ser presa por desacato Kalimann, eu posso foder com a sua vida idiota!- ele praticamente rosnou na minha cara.

-Eu não tenho medo de você Diogo!- cansei de bancar a educada, xerife é um cacete.- Você pode enganar qualquer um com essa sua carinha de mal e sua pose de dono do pedaço, mas eu não faço o tipo medrosa... Nós dois sabemos que eu não fiz nada e que você esta me importunando e me impedindo de chegar ao meu trabalho, além do mais ninguém pode ser preso por falar a verdade. - Nessa hora ele já estava vermelho de ódio e eu olhava diretamente em seus olhos, eu não admito ser submissa a ninguém, me controlava no exército por motivos óbvios, mas pra ele eu nunca seria.