Lady Anne

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À medida que a chuva desabafava pesada e grossa, Anne subia a colina verdejante, parando por vezes para enxugar os pingos de chuva do rosto. O vento soprava insistentemente e veloz, fazendo com que o corpo de Anne tremesse.

Trovões ribombavam furiosos, acompanhando os raios que faiscavam no céu tempestuoso.

A jovem parou por um momento em meio à tempestade e olhou para trás. Pode se surpreender com si mesma ao perceber o quanto já havia percorrido então poucos minutos.

Anne mordeu os lábios e olhou para o livro em suas mãos. Se sentiu frustrada por não poder fazer nada, pois já era tarde demais, a chuva já havia molhado.

A jovem arrependeu-se por ter perdido a noção de tempo e ter adormecido, agora teria que voltar para casa em meio à tempestade.

Mesmo com medo dos trovões que cortavam o céu repleto de nuvens acinzentadas, Anne não se deixou abater, continuou a caminhar.

Por mais perigoso que parecesse ser, havia um ar de curiosidade sobre Anne e a sensação da chuva em sua pele a enchia de alegria.

Algumas vezes teve que parar de erguer a cabeça, fechar os olhos e sentir a chuva molhando sua pele.

Lady Mary pousou o bordado que tinha nas mãos sobre o colo e olhou para enorme janela da sala de estar, já visitou sua filha mais velha pulando a cerca em meio à tempestade. Nem mesmo um cachorro conseguiria permanecer lá fora em meio a chuva grossa.

Levantou-se apressada, depositou o bordado sobre a poltrona e ajeitou o vestido.

A porta da frente se abriu e uma jovem ensopada entrou se espantando por ter encontrado quem menos desejava.

Lady Mary não escondeu a sua desaprovação pelo comportamento da filha. Já Anne simplesmente decidiu agir normalmente.

A sua mãe lhe olhou por várias vezes. Não conseguia se conformar como uma dama de alta sociedade podia aparecer um cachorro de rua.

A última coisa que Lady Mary pensou foi no resfriado que Anne podia pegar. Era inaceitável um comportamento tão irresponsável. Pelo menos era assim que Mary pensava.

- Oh céu!

Mary exclamou massageando a sua têmpora antes de olhar para sua filha e a poça de água que estava se formando em seu carpete.

Anne era tão imprevisível e espirituosa que causava dores de cabeça em Lady Mary. Era exatamente isso que sua mãe pensava ou às vezes pensava que havia sido amaldiçoada ou estaria pagando pelos seus pecados pela filha que tinha.

- Ava, traga toalhas para a senhorita Anne!

A velha governanta da casa chamou pelo mordomo que estaria em algum cômodo do enorme casarão que a família Phoenix Resende desde as quatro últimas gerações .

- Natalie, traga-me um chá com algo que me acalme , por favor!- Lady Mary continuou a massagear a têmpora.

Anne agradeceu ao mordomo quando lhe trouxe três toalhas.

- diga-me o que devo fazer com você, Anne ?

A jovem reprimiu a imensa vontade de revirar os olhos. A sua mãe já estava aborrecida o suficiente para continuar a provocá-la.

- mamãe, eu não fiz nada demais...-tentou-se justificar.

Lady Mary se sentou no sofá vermelho de veludo com detalhes em dourados e inúmeras almofadas de seda.

- Olha só o seu estado! Como ousa dizer que não fez nada?

Anne suspirou.

-Apenas sair para apreciar a tarde na companhia de um livro, Lady Mary.

A lady indomávelWhere stories live. Discover now