café da manhã

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NOTAS IMPORTANTES:

Essa fanfic faz parte de uma série de fanfics pós-AWTWB que estou escrevendo. Como são uma "continuação" dos eventos do livro, elas todas estão meio que interligadas. Você não precisa ler uma para entender a outra mas, só para que esteja ciente, a ordem cronológica das que já estão postadas no meu perfil é a seguinte:

21 de junho
Vem comigo
Nas asas do amor
Batatas com sal e vinagre
A lista do Baz, por Simon Snow

Não seja um leitor fantasma, comente :)


***


Baz não está na cama quando eu acordo.

Meu primeiro pensamento é que dormi até muito tarde, porém, quando confiro o celular, é apenas o horário normal. Esfregando um dos olhos, mas com o outro ainda na tela, um segundo detalhe me chama a atenção: a data.

É meu aniversário.

Meu cérebro recém-despertado digere — acho que essa não é bem a palavra — a informação.

É meu aniversário.

Não que seja grande coisa. Nunca foi grande coisa. Sempre estive ocupado demais lutando contra alguma criatura para me importar com meu aniversário — ou qualquer outra data comemorativa, na verdade.

Honestamente? Eu acreditava que não chegaria tão longe. Tinha bastante certeza que algo, alguém, alguma coisa acabaria comigo. Que eu não iria voltar de uma das missões do Mago, ou de outro ataque do Insípidum. Mas cá estou eu, completando meus vinte anos (e com partes mais agarradas ao meu corpo).

E, tipo, eu cheguei até aqui com ele, não foi? Com Baz. Estamos juntos. E não há nada lá fora nos ameaçando — até onde sabemos —, não tenho com o que me preocupar.

Bom... tirando o fato de ter descoberto sobre minha família há exatos três dias...

Eu olho para a espada ao lado do colchão, fincada no piso do quarto. A Excalibur dos Salisbury. Depois encaro o celular em minha mão e termino abrindo a pasta de fotos.

Lá está, o quadro. Na parede das catacumbas de Watford. Cachos loiros, pele dourada, ombros largos... Há lágrimas. Nos olhos dela. Os meus ardem. Bloqueio a tela do celular e respiro fundo.

Não é que eu tenha que me preocupar com isso — ter uma família —, acho que não resta dúvidas quanto a ser um engano, quanto a eu não ser quem eles acham que sou. Aquele momento, quando a vela tornou a acender, foi o esclarecimento. A comprovação. Eu pude sentir. Todos sentimos, acho.

Preciso processar. Mas eu não tenho com o que me preocupar.

E é meu aniversário.

Seria especial, não seria? Acordar hoje, vinte e um de junho, e ter Baz Pitch como minha primeira visão. Tudo bem, ele ainda vai ser a primeira pessoa que vou ver... certo?

Me pergunto se ele está no banheiro. Me pergunto se ele precisou ir caçar — talvez os ratos de ontem fossem pequenos demais. Me pergunto se teve alguma emergência — talvez sua tia apareceu de novo e ele precisou sair com ela.

Ouço um barulho; a maçaneta da porta do quarto se move devagar e ela se abre, só o suficiente para ele colocar o topo da cabeça ali.

— Ah, você acordou — Baz diz e some outra vez.

— Ei! Baz?

— Já volto — ele grita de onde quer que esteja.

Baz está vestindo um de seus pijamas chiques, mesmo que tenha dormido sem ele. E está equilibrando um prato nos antebraços enquanto carrega duas xícaras que soltam fumaça em suas mãos. Eu sento no colchão para ajudá-lo. Estou a caminho de dizer um bom dia, mas as palavras se perdem em minha garganta quando ponho os olhos no conteúdo do prato que ele está depositando cuidadosamente sobre o lençol.

21 de junhoWhere stories live. Discover now