1.7 | Mentira

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Desde o que aconteceu na quarta-feira, não tivemos qualquer notícia de Hansel

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Desde o que aconteceu na quarta-feira, não tivemos qualquer notícia de Hansel. Nenhum de nós tem qualquer contato dele, não dava nem para mandar alguma mensagem. O diretor também não era uma opção, raramente o vemos pelos corredores e não havia horários disponíveis para atendimento. Até mesmo os professores se recusaram a dar informações. No fim, ficamos todos jogados ao vento quanto ao assunto. Eu acabei deixando para trás.

Hoje é sábado, os alunos deveriam estar livres para fazerem o que quiserem, já que não temos aulas, mas graças ao que aconteceu na montanha, todos devem voltar para a S.E. antes das 6h da tarde e não sair até as 6h da manhã. Eu estava planejando ir à casa de um dos alunos do bloco B, que estaria dando uma festa, mas ela teve que ser cancelada. Em vez disso, vamos passar um tempo no salão principal, jogando cartas ou algo assim. Fiquei responsável de comprar algumas bebidas, por isso estou do lado de fora ainda.

Enquanto ando tranquilamente pela rua do bairro, com algumas sacolas nas mãos, percebo algo estranho se formando no céu próximo de onde estou: uma grande nuvem descendo ao chão em forma de espiral. Por um momento, meu corpo estremece, sendo tomado pelo medo, pensando ser um tornado. Mas então, raciocino um pouco...

Não tem vento, aqui, está tudo calmo, se fosse um tornado, não só teria ventos fortes, mas o céu inteiro estaria nublado; o que não é o caso agora.

Me apresso e corro até a rua para qual a nuvem foi sugada. Quando chego, me surpreendo ao ver uma densa névoa se movendo circularmente no que parece ser um ferro-velho, próximo à floresta. Não sei o que está causando isso, mas não consigo conter o impulso de querer saber mais; ser curioso é uma maldição nestas horas. Me aproximo do ferro-velho cuidadosamente, esperando ver com mais clareza do que tudo se trata. Mas assim que chego perto o suficiente, a grande névoa eclode e me lança para trás, me fazendo derrubar as sacolas com as bebidas. Me vejo em meio ao frio que sinto se alojar em todo meu corpo. Tento produzir fogo, para me aquecer, mas nada se acende. Só então percebo as pontas dos meus dedos envoltas por uma fina camada de gelo.

Limpo minhas mãos em minha camiseta e junto meus braços ao meu corpo, tremendo e com respiração ofegante. Olho em volta, tentando enxergar algo, mas só vejo o braço da névoa. Até que, em meio a tudo, a figura masculina surge um pouco distante, virada de lado, com olhos fechados. É Hansel, o mesmo Hansel que quase foi sequestrado nas montanhas, o Hansel que não tivemos notícias durante dois dias. Por um momento, imagino que esteja perdido aqui, igual a mim, mas ao ver sua expressão de satisfação, entendo do que tudo se trata: ele não está aqui por acaso, é o epicentro. O epicentro de algo que somente um ser da água extremamente habilidoso consegue causar.

Raiva invade meu corpo, fazendo-o se aquecer de dentro para fora. Hansel mentiu sobre ser um oráculo. Inventou toda aquela desculpa na aula apenas para fugir da prática e chamar ainda mais atenção de todos. No fim, ele é mesmo o que todos dizem: um príncipe privilegiado.

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