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Paris, 2020.

100 anos depois.

"E com essa despedida, se encerra a maior história de amor de Paris no anos 20, que você, certamente, não conhecia."

– Lendo esse livro de novo? – Niall perguntou com a voz abafada pelo esforço que ele fazia em carregar uma caixa empoeirada cheia de livros.

– É o meu romance favorito de Catarina Navarro. – Zayn disse e se levantou para analisar os novos livros que tinham chegado.

Niall era o proprietário da livraria Shakespeare and Company, que existia desde os anos 20 e fazia parte da história de Paris. O local passou para ele como herança de sua avó e, até os dias atuais, era uma atração na cidade para quem procurasse desde os livros antigos aos mais novos.

– Ainda não acredito que Catarina trabalhou nessa livraria. – Zayn respirou fundo e espirrou quando a poeira entrou em seu nariz, fazendo Niall rir. – Com certeza aqui era bem mais limpo a 100 anos atrás.

– Ei, eu cuido bem da minha livraria, estes livros novos que estão empoeirados. – Niall se defendeu, levando a caixa pesada para longe de Zayn, antes que ele tivesse uma crise alérgica.

– Me conta de novo a história das suas trisavós? – Zayn olhou pidão para seu amigo e formou um bico adorável em seus lábios.

Niall revirou os olhos, farto de ter que contar aquela história várias vezes para Zayn, mas cedeu aos encantos do amigo.

– Minha trisavó, Rosie, conheceu Catarina em Londres, nas movimentadas festas dos anos 20, mas como o amor delas não era aceito na sociedade londrina da época, as duas fugiram para Paris e viveram os anos de sua juventude aqui.

– Vai logo para a parte que elas fogem e encontram as crianças órfãs! – Zayn disse ansioso e com a expectativa em seus olhos brilhantes.

– Ok, apressado. – Niall riu, pois Zayn parecia uma criança quando se tratava de escutar aquela história. – Durante a Segunda Guerra, com medo de serem pegas, elas fugiram para a Irlanda e passaram a usar o outro sobrenome de Rosie, Horan. Lá, elas encontraram um orfanato destruído pela guerra e apesar do pouco que tinham, criaram as três crianças sobreviventes com todo amor, dedicação e carinho.

– E assim se formou a sua família! – Zayn cortou Niall, antes que ele pudesse finalizar.

– Exatamente. Após a guerra e com os filhos criados, elas retornaram a Paris e decidiram reabrir essa livraria, que acabou por servir de divulgação para o trabalho de Catarina.

– Sua família tem uma história tão legal. – Zayn suspirou e encostou na cadeira giratória do balcão de atendimento. – Eu só queria saber a minha origem, nem que a história não seja tão interessante como a sua.

Desde sempre, Zayn teve a curiosidade em saber de onde vinha. Ele era órfão e se lembra das incontáveis noites que sonhou em que era adotado por uma família amorosa, mas isso nunca aconteceu. O tempo passou, ele cresceu, conheceu Niall e saiu do orfanato, desde então tem se sustentado com o que ganha na livraria e conseguiu comprar um pequeno apartamento para si próprio.

Ele não sabia de nada sobre si, nem mesmo o verdadeiro sobrenome, então apenas adotava o segundo nome que foi lhe dado no orfanato: Javadd.

– Bom, a única coisa que você não pode fazer é desistir. – Niall aconselhou ao mesmo tempo que o sininho da porta de entrada tocou, indicando a presença de alguém. – Desculpe, ainda estamos fechados. – O irlandês disse sem dar atenção para quem quer que fosse.

– Você é Niall Horan? – Uma voz feminina perguntou, atraindo a atenção do irlandês.

Niall ficou paralisado por alguns instantes ao analisar a linda morena em sua frente. A mulher tinha cabelos escuros como ébano e usava um batom vermelho chamativo, além de ter incríveis olhos verdes que deixaram o irlandês hipnotizado.

Paris, Anos 20 - Ziam MayneWhere stories live. Discover now