1.0 - Vocês precisam conversar

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Minha história com Rebeca era complicada, em grande parte dela, fomos muito amigas. Chegava a ser uma amizade bem parecida com a que eu tinha com Ayla.

Ayla... Em pensar nela, tinha algum tempo que eu não falava com a mesma, depois de um mês depois da nossa briga, as coisas pareciam querer mudar de rumo, ela com o mesmo grupo de sempre, e eu agora em um círculo de amizades completamente diferente.

Eu sentia a falta da maioria dos meus amigos. Felipe, Cadu e Liz preferiram manter uma distância segura de mim. Provavelmente chateados com tudo o que aconteceu entre nós duas. Eles nunca pararam de conversar comigo, mas tanto eu quanto eles sabíamos que não era a mesma coisa.

Mas Matheus e Rebeca pareciam não se importar realmente com qualquer briga que houvesse entre mim e a melhor amiga deles. Já que continuaram próximos a mim, ainda que não fosse a mesma coisa de antes. Eu entedia completamente essa distância, porque aliás, tinha sido eu quem a iniciou em primeiro lugar.

A cada dia que passava eu me acostumava mais com meu mais novo trio, Luana (ou Lua, como ela mesma preferia) e Amélia se mantinham sempre perto, não deixando nenhuma chance de que pudesse me aproveitar e me afastar. Acho que elas entendiam que apesar do tempo que havia passado, e da confiança que havia se instalado entre a gente, meu primeiro ímpeto é me afastar o mais rápido possível por medo de que elas se machuquem também.

No entanto, mesmo depois de meses, minha relação com Rebeca permanecia estranha. Nenhuma de nós duas entendia bem o que tinha acontecido, e nenhuma de nós duas tentava chamar a outra para conversar e resolver de vez aquela situação estranha.

Honestamente, acredito que nenhuma de nós estava disposta a passar por essa exaustão mental.

- Você devia chamar ela pra conversar. - Amélia disse quando ouviu a história completa.

Eu sabia que ela estava certa, claro que sabia. Mas não sabia de onde tirar a coragem para ter uma conversa tão séria assim.

Depois que me aproximei das meninas e me afastei de quase todos do meu antigo grupo, eu tentava manter uma distância, ainda que quase nula. Tinha medo de Ayla sentir que queria roubar aquela atenção para mim. Sabia que minha garota era insegura em relação aos seus próprios relacionamentos sociais, e não queria causar qualquer desconforto a ela por isso.

Não tinha nem ideia do que ela, de fato, pensava sobre mim depois que nos afastamos, e secretamente, não tinha muita vontade de saber. Acredito fielmente que provavelmente não são coisas muito boas, então por agora, o melhor era se manter longe e tentando ao máximo evitar qualquer tipo de conflito que pudesse piorar a situação.

Mas por consequência de dois elementos do grupo terem brigado entre si, a relação de qualquer outro "membro" comigo se tornou estranha, haviam aqueles que tentavam ao máximo dissipar o clima estranho que se instalava e a insegurança causada pelo medo de dizer algo errado, no entanto, era difícil, e eu sabia disso.

- Você deveria parar de pensar tanto sobre isso. - Lua comenta casualmente quando percebe o meu silêncio repentino.

Provavelmente deduzindo para onde os meus pensamentos tinham caminhado.

- Não é como se vinte e quatro horas por dia eu estivesse pensando nisso, Lua.

- Eu sei, mas ainda sim não acho saudável toda essa preocupação com suas antigas amizades. Claro que tenho noção que não é algo consciente, quando a gente se preocupa demais, é inevitável chegar a esse ponto, mas também acredito que apesar de tudo, é reconfortante para você, continuar pensando sobre cada detalhe dessa situação toda. - ela para, procurando qualquer sinal de ter possivelmente me magoado com o que disse. 

My version of us (romance sáfico)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora