43*

11 4 4
                                    

-Quando foi isso? Como chegou na sala do trono, Fridah? É muito perigoso!

-Quase um mês. Eu precisava ter certeza que Darren sabia sobre nós... -Ouço passos na sala das celas, provavelmente algum guarda decidiu descer para fazer a vistoria que sempre faziam para checar que eu não estaria aqui embaixo com Fridah, que nem se quer tentasse falar um oi para meu pai 

-Devem estar se armando, pode ter certeza que eu vou dar um jeito de entrar em contato com a princesa de novo. Preciso liberar caminho para que venham, precisam te tirar e levar o papai junto. Vou tentar achar a saída que papai fez ok? Deve estar coberta por concreto, mas vou procura-la ainda hoje porque se não, não terei outra chance. Eu vou voltar para te levar!! -Sua mão ossuda e fraca segura na minha ainda apoiada em seu lindo rosto, a pele pálida demais de alguém que a muito tempo não sabe o que é ver a luz do Sol e poder se banhar nela 

-Vá irmão. Vá... 

-Eu te amo, Fridah!

-Eu te amo. -Levanto-me tirando a terra dos joelhos, jogo-me para fora da cela correndo pelo corredor ao ver as botas de couro preto dos guardas descerem a rampa de barro, o barulho das chaves e da bainha mal colocada em volta do quadril faz meu coração acelerar e bater de encontro com a garganta

Viro-me para o corredor da direita, esse lugar parece um labirinto mortal, pronto para lhe deixar maluco e pensar que está dando voltas sem fim. Apenas meus passos rápidos podem ser ouvidos além do pigarro de um dos guardas.

-São passos?

-Vá conferir!! -Escorrego nos pedregulhos rasgando parte da farda ao tentar me segurar nas paredes de pedra, aperto a boca evitando grunhir de dor ao ver o sangue quente escorrer pelo bíceps do braço direito

Arranco a farda continuando a correr, não paro até ver a próxima bifurcação tomando o caminho da esquerda que me apresenta mais e mais uma coleção gigantesca de celas. Logo que as mesmas terminam, o caminho da frente me revela um corredor vazio com paredes de barro e chão desregular onde o cheiro de enxofre já não parece incomodar tanto quanto no começo da entrada das catacumbas. 
   Olho para trás novamente antes de correr naquela direção, sem passos, nem vozes ou qualquer tipo de barulho ou chiado pode ser ouvido além de meus firmes e rápidos passos que correm sem fim. Não vou parar até encontrar uma saída, e é bom que ela seja por aqui. 

{...}

P.O.V Alice

Passei o dia inteiro trancada dentro do quarto como se fosse um passarinho preso em uma gaiola, Irina e meu pai vieram algumas vezes checar se eu estava bem e se tinha se quer tocado em uma uva pelo menos. Passei tanto tempo vendo o tempo passar, que pude perceber o tamanho dos meus pés, estão inchados como nunca antes foram e até mesmo meus seios cresceram. Ver Irina depois da minha conversa com Kendrick me deixou meio mal, eu não tinha tempo para ouvir tudo que ela queria me falar mesmo a considerando uma pessoa importante em minha vida, mesmo sabendo que eu morreria por ela, mesmo sabendo que nada nesse mundo poderia me afastar dela. Todos os meus problemas ocupam minha cabeça, me deixam parecendo uma garotinha frustrada com problemas de família que acabam tomando conta do meu emocional fraco, e me fazem esquecer por um momento que as pessoas também tem seus problemas e conflitos com o passado e não apenas eu. 
    Não consegui ter forças para descer o enorme lance de escadas e encontrar o trono em minha frente, não consegui se quer criar coragem para caminhar no jardim e tomar um ar que não tenha adentrado meu quarto pela enorme janela retangular de vidro transparente. Aquela coroa me assusta, Miranda não usa a coroa do Rei porque já tinha a sua e Arnold usava a dele quando pegaram o trono e por isso ela não usou. Como sou a primeira da linhagem a não estar casada, sou eu quem vai usar a coroa macia de lilás do Rei de Porpentia, não preciso de um rei, porque eu sou ele e sou a rainha ao mesmo tempo. Cada vez que a imagem borrada da coroa vinha em minha mente, meu estômago parece me esmurrar por dentro a ponto de eu querer vomitar todos os meus órgãos. Cheguei a vomitar pura água a tarde, me senti muito mal por isso.

Rainha LibertadaOnde histórias criam vida. Descubra agora