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Abro meus olhos e tento gritar, mas algo tampava minha boca. Olho furiosa para o feérico na minha frente, que olhava com um sorriso divertido para a cena.

—Pensei que ia dar mais trabalho, mas parece que você é bem fraquinha — um deles fala. Observo o lugar em que estou e vejo que tinha mais cinco machos em uma sala imunda e úmida. Era escuro e parecia ser no subterrâneo. Pelo eco das vozes dele, chutaria que estou no esgoto da cidade.

Começo a gargalhar quando ele termina de falar. A ideia de eles me acharem fraca…

Paro de rir quando um deles me dá um tapa no rosto. A ardência faz meu olho lacrimejar mas não deixo a lágrima cair.

—Rindo do que sua vaca? — ele pergunta e rosnou como resposta. Faço alguns movimentos específicos com o pescoço e o pano que tapava minha boca cai.

—É engraçado essa situação toda — começo a enrolar enquanto tentava mexer minha perna mas o veneno ainda estava em grande quantidade. Eu precisava dar um jeito de fazer esse veneno sair logo. —Vocês me sequestraram — falo e começo a gargalhar de novo.

—Se não parar de rir vou arrancar seus dentes — o feérico que aparentava ser o líder me segura pelo pescoço e aperta. Esse macho é pelo menos o triplo do meu tamanho. Uma espada de bronze pequena estava em seu cinto mas ele parecia não saber usá-la.

—Vai em frente — arqueio uma sobrancelha e ele chuta minha barriga. Devia ter provocado menos, mas esse era o plano. —Porco — cuspi no rosto dele e silêncio toma conta da sala. Os outros me olham com os olhos arregalados.

—Só não vou continuar com isso, porque sei que esse é seu plano — ele fala e aplica outra seringa de veneno em mim. Sinto meu corpo amolecer mas a dose não é suficiente para me fazer desmaiar. Ele deixa a seringa perto de mim e sai da sala.

Pego a seringa com o pé e escondo dentro da minha bota, ignorando a enorme dificuldade que sinto em me mexer. Habilidades que só se você for filha de um general é que você vai saber. Meu pai me treinou pesado por preocupação e por que eu queria também. Desde pequena falava que seria igual a ele e minha mãe. No começo não foi fácil, eu tinha braços fracos demais, mas com o tempo fui ganhando músculo e não parei de lutar um dia sequer. Me machuquei feio algumas vezes, mas mesmo assim no outro dia estava de pé para lutar. E isso minha mãe deixou claro que puxei de Cassian. Quando ele se machucava em missões ou lutas, ele se recusava a ficar descansando.

Tento olhar para o que estava prendendo minhas mãos atrás das costas e uma dor enorme me faz ficar sem ar. Minhas asas...estavam amarradas com força demais. Novamente faço alguns movimentos que meu pai tinha me ensinado e me livro do tecido sujo que prendia minhas mãos com dificuldade. O veneno me deixou ainda mais fraca e me movimento com lentidão.

Eu não conseguiria sair daqui tão cedo então o que me resta é esperar para ver o que eles querem.

Enquanto eles não voltam, desamarro minhas asas grunhindo de dor. Pego a seringa com o veneno e despejo o líquido no chão. Vou usar a seringa para cortar minha pele, o que vai provocar hemorragias, e o veneno vai sair junto com o sangue.

Começo fazendo um corte atrás da minha perna, onde eles não irão ver. Ignoro a dor e sorrio ao ver o sangue pingando no chão. Agora é só esperar.

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Sem querer eu adormeci e quando abro os olhos me assusto ao ver um macho sentado na minha frente. Ele cruza os braços e percebo uma enorme cicatriz que ia desde seu ombro até o pulso. Os cabelos escuros com um brilho dourado me diziam tudo o que precisava saber.

—Aqueles brincos... realmente pareciam bem caros — falo e o macho na minha frente me olha inexpressivo. Será que sabe o que estou fazendo?

Dou uma olhada discreta na minha perna e vejo uma boa quantidade de sangue no chão, o ferimento já estava curado e era hora de eu refazer o corte.

Cortes de Chamas e MemóriasWhere stories live. Discover now