É você quem eu queria que ouvisse minhas histórias cômicas.

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Tem dias que eu mudo minhas rodas, calço outro sapato dito como fora de costume, entro em lugares que eu não costumo ir, coloco os olhos no orelhão da rua na esperança de que um dia você me apareça de novo. Estou com saudade, como anda você?

Pergunto aos semáforos da rua com joguinhos de qual abre primeiro, quem você tem vivido? Te vejo nos ouriços de minha pele, te sinto em todo canto de mim, te ouço, te quero. Procuro em quais lugares você deva ir, qual cor de agrada mais: vermelho ou azul?

Talvez você seja a pessoa em quem eu penso quando ponho casaco no cabide, quando olho o café quente borbulhar na panela. É você quem eu queria que ouvisse minhas histórias cômicas, talvez eu as viva só para ter o gostinho de chegar saltitante para você me ouvir.

Quem me dá falta, afago e colo. É estranho sentir isso, mesmo depois de tanta falta, tanto tempo, tanta vida, tanta. Estranho e singelo na mesma proporção. Como quem belisca todos os dias o meu coração, não por traquinagem ou maldade, mas um aviso que: estou aqui.

Colecionei conchas para tentar te ouvir, entrei no mar com medo da chuva, fiz escadas para você subir, aeroportos para você viajar, pontes para você caminhar. Não sei em que lugar você tem estado, não sei.

Me pergunto porque não aqui, comigo.

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