Capítulo 31.

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09 de agosto de 2003
Neverland Valley Ranch
Los Olivos, CA

Catalina Hernandez
13:00

Estou na biblioteca há longos minutos, encolhida na poltrona próxima a janela. Encaro um ponto fixo na sala e só consigo pensar no que acabo de ouvir da boca dele.
Meu estômago está embrulhado. Sinto como se um balde de água fria acabasse de ser derramado no meu rosto. Já perdi as contas de quantas vezes engoli o choro porque não quero ser fraca e chorona. Tento encontrar justificativas. Talvez ele não tenha entendido a pergunta dela? Ou talvez eu tenha entendido errado a sua resposta? Não. Eu sei bem o que ouvi.

Um barulho de carro me desperta. Com certeza Louise acaba de deixar a propriedade. Me levanto no mesmo instante e ajeito a bolsa no ombro, estou pronta para ir embora daqui, eu só não queria sair enquanto ela estivesse na sala para não precisar me despedir e todas essas coisas. Caminho em direção a porta mas antes que eu me aproxime ela se abre bruscamente.

— Cat. — ele entra fechando a porta atrás de si. — Me desculpe por isso, por favor. — ele caminha até mim e tenta tocar minhas mãos mas eu me afasto.

— Eu já estou de saída. — dou de ombros e caminho em direção a porta novamente.

— Cat, me ouça. — sinto sua mão tocar meu braço e me afasto bruscamente.

— Não tenho nada para ouvir. Eu já vi as crianças e me despedi, agora estou indo para a minha casa. — permaneço de costas pra ele mas posso ouvir ele suspirar.

— Me perdoe, Cat, por favor! Eu sequer pensei antes de falar, foi um erro. — reviro os olhos e me viro para o encarar.

— Você pensou sim, foi exatamente o que quis falar. — suspiro desviando o olhar. Mordo os lábios com força para segurar o choro pela milésima vez nas últimas 1h30. — Se não queria estar comigo, por que me pediu em namoro há quase 1 ano atrás? — ele permanece em silêncio, morde os lábios e espreme os olhos com força. — Se está arrependido de estar comigo, me conte, e acabamos com tudo agora mesmo.

— Não! — diz rapidamente e então caminha em minha direção. — Cat, me escute, por favor. — ele se aproxima ainda mais. — Você se tornou a pessoa mais importante da minha vida em pouco tempo, você e meus filhos são tudo o que eu tenho. — irônico ouvir o rei do pop dizer isso, ele pode ter tudo que quer aos seus pés.

— Isso não condiz com o que você disse. Por quê mentiu para a sua amiga sobre nós? — o encaro com um olhar triste e ouço ele suspirar.

— Eu não sei se estou pronto para expor esse lado da minha vida, faz tanto tempo desde a última vez que estive em um relacionamento. — coça a nuca encarando o chão.

— Estamos namorando há quase um ano, eu entendo o motivo de querer esconder tudo da mídia. Mas Louise é sua amiga íntima, não é? Ela visita a sua casa e vocês se conhecem há um bom tempo, eu não entendo o motivo de não querer que ela saiba enquanto todos os seus outros amigos íntimos sabem sobre nós. — arqueio uma das sobrancelhas para ele. Ele abre a boca várias vezes mas não diz nada, então morde o lábio com força encarando o outro lado da sala. Tudo já está bem claro para mim. Solto uma risada nasalada e dou meia volta voltando a caminhar em direção a porta da biblioteca.

— Catalina, espere! Não vá embora. — ele caminha rapidamente atrás de mim, paro próxima a porta e volto a encará-lo.

— Eu não vou ser uma parte paralela da sua vida, Michael. Eu não sei o que existe entre você e Louise Parker, mas se quiser continuar o que temos, é melhor resolver. Eu não vou ser a outra e muito menos quero que exista uma. — minha voz embarga e sinto um bolo na garganta, todo o choro que eu engoli nas últimas horas vem a tona e então sinto as lágrimas grossas escorrerem pelo meu rosto.  — Eu não gosto de meios termos. Ou você está comigo, ou não está. — espremo os lábios sentindo as lágrimas salgadas em minha boca. Limpo embaixo dos olhos e caminho para fora do cômodo. Corro em direção a porta principal e de longe avisto Wayne, corro até ele.

— Wayne, poderia me levar para casa, por favor? — digo entre fungadas para ele que assente, mas me encara com as sobrancelhas unidas e olhos cerrados.

— Está tudo bem, senhorita Catalina? — pergunta com um tom preocupado.

— Tudo está bem. — fungo e limpo as lágrimas dando um sorriso triste para ele. — Mas eu preciso realmente ir para o meu apartamento agora. — respiro fundo e ele assente. Não demora para que eu esteja dentro do carro, que gradativamente se afasta da casa.

Continua...

Catalina Where stories live. Discover now