Capítulo 12 - Annelise LaRue

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DANTE


Ela estava rindo a alguns minutos

E isso meio que estava me deixando confuso. Não por conta dela estar rindo de mim, mas porque sua risada era linda. Quase como se fosse algo novo, verdadeiro e simples.

- Não pensei que você fosse engraçado – ela diz ainda rindo e eu bufo pensando que eu tinha dito algo igual a Santiago.

Eu tinha demorado uma semana até que finalmente tinha percebido que aquele plano só daria certo se eu arriscasse. Era estranho e solitário não conseguir pensar em ninguém que poderia me ajudar a lidar com isso sem que no final eu não tivesse medo de que ela me deletasse.

Então fiquei encarando o relógio por dias até que tomei coragem de ir até o clube. E então tive que tomar coragem novamente quando a vi servindo bebidas, limpando tudo de forma tão focada que nem reparava os olhares maliciosos que recebia quando passava

A minha coragem veio depois de eu a ver fazendo uma expressão triste enquanto puxava o braço de um cara bêbado. E vi com espanto que ela não gostava de trabalhar no clube.

E isso foi o suficiente para eu lhe fazer a proposta

- Não é uma piada – eu falo e ela me olha ainda sorrindo

- É claro que é

- Não é – confirmo e seu sorriso cai quando percebe minha expressão séria e decidida

- Enlouqueceu?

- Ainda não – falo com pesar e ela inclina a cabeça confusa, viro uma rua percebendo aonde estou indo e confirmo no GPS se está certo

- Eu não posso ser sua noiva falsa, e nem sei porque você achou que eu poderia ser

Viro em outra rua e começo a visualizar os prédios um em conjunto com o outro divididos apenas por cores, alguns de aparência mais nova, como se tivesse acabado de pintar e outros com a cor desbotada pelo tempo.

- Você não me reconheceu – explico e paro aonde o GPS apontou que era o destino – Você mora aqui?

- Sim – ela diz distraída e se solta do cinto antes de se virar para mim – O que quer dizer com não te reconheci?

- Simples, você não me reconheceu e por isso é a escolha perfeita para que eu consiga sair dessa enrascada – me solto do cinto me virando para ela e vejo seus olhos me observarem cuidadosamente

- Você realmente não bate bem da cabeça – ela suspira e depois desvia o olhar – Ache alguém melhor grandalhão, vou causar mais problemas do que os resolver

- O que isso quer dizer? – pergunto curioso e Annelise se vira para mim

- A começar que eu tenho um filho

Paro com as mãos no volante e arqueio uma sobrancelha para ela, estreito os olhos quando ela me escaneia

- Não entendi – falo depois de um tempo – Porque isso é um problema?

- Não ficou surpreso?

- Surpreso, sim – respondo e vejo sua expressão ficar espantada – Mas não vejo como isso é um problema

- Ok – ela diz e pigarreia – Não sou a pessoa para isso, tenho empregos que não favorecem meu dia normal, tenho uma vida maluca que não me deixaria tempo para lidar com... – Annelise abana a mão e eu me inclino para frente

- A mídia?

- Isso – ela afirma e eu a vejo sorrir um pouco – Tenho certeza que você irá encontrar alguém digna de ser sua noiva

Suas mãos vão para a porta abrindo-a e eu a paro colocando minha mão encima da sua. Ouço ela expirar lentamente e a olho

- Acredite Annelise eu não tenho ninguém que possa me ajudar

- E acha que uma ladra vai ajudar? – ela joga friamente e eu me encolho um pouco

- Já pedi desculpas por isso

- Sei, e está meio que desculpado

- Porque meio? – pergunto curioso e ela sorri

- Porque eu sei que você ainda acha que eu roubei, só que ainda está dividido entre o que eu falei e o que você acha ser verdade. Então você está no meio de pedir desculpas de forma verdadeira e eu estou no meio de perdoa-lo verdadeiramente

Fico em silencio depois disso e me recosto no banco de couro, mordo o lado interno da bochecha pensando e então suspiro

- Você irá ganhar dois salários todo mês, não precisará trabalhar – falo e a vejo expirar bruscamente

- Interessante, mas quando isso acabar o que vai ser? Vou voltar para o meu trabalho?

- Santiago precisa de ajuda na maioria das vezes– eu falo pausadamente e ela estreita os olhos – Eu vi que você parece lidar bem com organização. Conversei com ele e ele concordou em lhe treinar, se você concordar com isso é claro

- Me treinar para o que?

- Para lidar com contratos, publicidade ou coisas do tipo – explico e pigarreio – Você seria assistente dele, a partir de agora, e ganharia o equivalente a dois salários

Annelise fica me encarando como se outra cabeça tivesse brotado em mim e eu me movo tentando não a encarar

- Eu estou dormindo e não sei? – ela pergunta baixinho e eu pisco

- Não

- Uh – inspirando ela estala a língua – Está obvio que eu estou com sono, cansada, e preciso beber água porque eu posso estar desidratada e imaginando essa conversa

- Olha...

- Está tudo bem – ela me interrompe e eu paro – Eu agradeço pelo pedido ou sei lá, mas realmente preciso dormir e pensar nisso, mesmo que provavelmente seria uma ótima ideia aceitar de uma vez antes que isso mude e você não precise mais. Mas mesmo assim eu ainda preciso de tempo, ok?

- Ok – concordo e estendo a mão para ela que olha confusa – Me dê seu celular e eu colocarei meu número

Annelise franze a testa por alguns segundos e então tira um celular desgastado e com a tela quebrada do bolso colocando-o na minha mão. Adiciono meu número junto com o meu nome e entrego de volta para ela que o pega rapidamente enfiando no bolso

- Bom – ela começa desviando o olhar – Foi interessante te ver de novo, e obrigada pela carona

Inclino minha cabeça para baixo dispensando o agradecimento e ela se move abrindo a porta logo em seguida. Batendo a porta devagar ela sai andando e eu a observo por algum tempo.

Um minuto depois ela vira a cabeça e nossos olhos se encontram brevemente antes dela se virar de volta e ir em direção a entrada do seu prédio. Ligo o carro e o coloco em movimento.

O primeiro movimento foi feito, só me restava esperar agora

E ver qual seria o movimento dela 

A Mentira PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora