24. Corte Abrupto Pela Raiz

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Se Taehyung dissesse que seu mundo não estava desabando, estaria mentindo

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Se Taehyung dissesse que seu mundo não estava desabando, estaria mentindo. Inúmeras coisas se passavam por sua cabeça.

Na última noite juntos, Taehyung percebia Jungkook grudado nele num nível que poderia ser sufocante, se não fosse explicável pela despedida. Não estava muito atento a espaços pessoais, a verdade era que estava aproveitando a presença dele ao máximo. Em dado momento, Taehyung pegou-o apoiado no batente da cozinha lhe observando com um semblante contemplativo. Foi apenas ser pego assim que mudara de postura quase que instantaneamente, limpando a garganta, como se estivesse ali para beber água, quando na verdade, era para admira-o mais um pouco.

Ah, se aquele aperto no coração matasse...

Hoje, ele não ficara tão grudado assim, porém, mais introspectivo ainda. Quando saíram do apartamento, Jungkook virou para trás, dando uma última olhada na própria casa, como se fotografasse na memória o ambiente claro, as paredes e cortinas brancas, a boa iluminação natural e objetos de decoração minimalistas. Era um sábado muito estranho. Taehyung desataria a chorar mais ainda se ficasse vendo-o assim por mais um pouco, então, poupou-se e foi na frente. Apertou o botão do elevador, esperando-o por lá com seu guarda-chuva preto numa mão e segurando a porta do elevador com o corpo.

Viu Jungkook trancando a porta do apartamento e logo colocando o boné preto, ajeitando-o na cabeça pela aba curva andando para sua direção.

— Vem — ele segurou o pulso do loiro e puxou-o no corredor, tateando as mãos até entrelaçar seus dedos com os dele. — Vamos de escada.

Taehyung fez um "o" perfeito com os lábios. Olhou para trás, por cima do ombro, e a porta do elevador já fechava, lenta e automaticamente.

— Mas de elevador é mais rápido.

— É esse o ponto. Eu tô tentando enrolar.

Daí caiu realmente a ficha de sua ida.

Nunca foi tão triste. Como aquilo era difícil... Uma sensação esquisita, de egoísmo e alívio. Alívio, pois, Jungkook estava assumindo que não conseguia ter controle de nada e deixando de enganar a ele próprio. Egoísmo por pensar "e eu, como fico?" diante de uma situação como aquela. Parecia que os passos descendo os lances de escadas eram dados com má vontade. Foi difícil até para sair do prédio, pois não iria de carro e isso dava um estranhamento para o moreno. A chuva na manhã de sábado também era de desanimar. Taehyung abriu o grande guarda-chuvas e foram ambos caminhando abraçados até a entrada do condomínio, aonde o Jeon esperaria o carro que já estava a pouquíssimos quarteirões.

— Eu deixei o endereço da clínica na mesinha de cabeceira da cama. Salve o número e o nome também. New Life Seul — e Taehyung assentiu com a cabeça para cada informação, grudado juntinho no abraço.

— Com um nome cafona desses, vou lembrar...

Jungkook concordava, riu soprano, com um sorriso que só estava ali para amenizar tudo, mas nem mesmo era de sua vontade sorrir. Foi afrouxando o riso quase nulo, por ver o carro do transporte por aplicativo que chamara. O farol dianteiro iluminava gotas de chuva que caiam em frente, sendo percebidas como maior facilidade, assim como dava reflexo às poças d'água no asfalto e incomodavam os olhos de Taehyung ao olhar diretamente para os faróis.

CLASSE NOTURNA [taekook]Onde histórias criam vida. Descubra agora