Pontas Soltas

Amor Escondido

Ela era jovem cabelo encaracolado, castanho claro com tons dourados, olhos rasgados, sorriso sempre presente, altura mediana e ela era doce e meiga, maria-rapaz mas também era bastante femenina, ela estudou com muitos rapazes por isso era como se fosse um deles, ela agarrava-os e dava-lhes mimos a todos como se fossem seus irmãos, batia neles e jogava a bola com eles e nunca teve problemas com eles.

Já ele era pouco mais alto que ela, tinha olhos pequenos e cor de mel, sorridente, timido, engraçado com a barba por fazer, costas largas, ombros protetores, meio indeciso, teimoso e irritante e com o cabelo despentedo. Nunca teve namorada e sonha com uma mulher que o ame e faça o sentir bem.

Eles foram amigos na infância e nessa altura eles até andavam de mão dada fingindo serem namorados, cresceram e ela afastou-se dos amigos sem razão aparente talvez ganhando timidez e acabou por se afastar dele também, não era uma adolescente problemática mas não gostava de estar com ninguém e preferia estar com os pais mesmo que as conversas de adultos a irritassem, depois que essa fase da sua vida passou sem darem conta eles voltaram a falar, ela já trabalhava e ele estava a estudar.

Ele começou a dizer-lhe que gostava dela e ela dizia que não sentia o mesmo por ele, ela ficava triste pois não gostava de ter de o magoar e ao mesmo tempo não queria que ele se afastasse, ele dizia que ia esperar e ela suspirava sem saber o que fazer, ela sentia-se bem sozinha não queria ter ninguém, era só ela e o seu mundo.

Eles continuaram a falar e esse assunto nunca mais foi tocado, ela gostava bastante da companhia dele, de falar com ele, de desabafar de reclamar da sua vida e do cansaço que carregava consigo, ela ligava-lhe quase todas as noites sem ver mal nisso, ela nem se apercebeu que isso fez com que ele se apaixonasse mais por ela.

As conversas eram simples, era ela a desabafar, era ele a rir, eram eles a partilhar coisas, era ele a ler piadas, eram conversas de amigos, conversas de melhores amigos que aconteciam pelo menos 2 vezes por semana, ela só queria companhia, pois saía tarde do trabalho e não tinha com quem falar, mal chegava despedia-se dele e ia se deitar, não havia muito mais que dois amigos a ligarem um para o outro e a fazerem um ao outro rir, a gozarem um com o outro a brincar e a reclamar da vida, a serem eles próprios.

Depois de tantas conversas, de tantas palavras trocadas, houveram semanas sem falar simplesmente porque ele tinha coisas para fazer, trabalhos para acabar e não podia falar com ela, ela sentiu um vazio, sentiu saudade, sentiu falta, sentiu a diferença, algo rondava a cabeça dela, porque raio sentia ela falta daquela chamada, daquele momento de riso, começou a perceber que ele a acalmava, ele lhe tirava um peso de cima, ele a ouvia e a fazia rir, ele gozava com ela, ele ria dela, ele fazia-lhe falta?

Ela perguntou-se. Faz-me ele falta? Porquê? Será só pela falta de companhia? Será algo mais? O que se passa na minha cabeça?

Enquanto estas dúvidas continuavam o seu chefe também se apaixonara por ela, ele tenta beija la várias vezes, mas ela nunca o deixava e fugia sempre.

Ele não é nada demais ele é um ex combatente do exército, que pelo que dizia já tinha sido praça, mas já estava a ficar com barriga de cerveja, todo tatuado, com a barba aparada, olhos castanhos esbogalhados, um sorriso maroto e tinha ar de quem passava a vida a mudar de namorada, ele é mais alto que ela e olha-lhe várias vezes o decote, ele não era o seu rapaz mas não negava que ele tinha uns lábios bonitos.

Tanto ele insistiu que ela cansada o deixou beija-la simplesmente porque pensou que assim que tivesse o que queria parasse de a chatear entao ela desistiu de fugir e o deixou beija-la, não foi um beijo apaixonado até porque ele fumava e ela odeia o sabor a tabaco, foi um beijo normal e desde essa altura que ele não a larga querendo mais, ela pensou que depois de ele ter o beijo que tanto queria ele fosse parar mas enganou-se.
Quando ele estava bêbedo enchia a caixa de sms dela com mensagens. Até que era fofo mas não era o homem que ela queria.