Por um dia

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Prazer sou a Helena, tenho os olhos azuis cor da água, dizem que tenho um olhar brilhante e profundo, sou uma menina de 7 anos, sorriso rasgado, nariz arrebitado, acho que o herdei da minha mãe, sou um pouco alta para a minha idade. Também me chamam de guerreira, o que eu mais quero é fazer as pessoas felizes mas, eu tenho um cancro...

Eu sempre sonhei ser como a minha mãe. Marta é o seu nome, ela tem os cabelos loiros escuros, olhos grandes, azuis um pouco mais escuros que os meus, o rosto fino, lábios carnudos que estavam quase sempre pintados com cores lindas, nariz arrebitado assim como o meu, e é esbelta de figura, apesar de ser contabilista ela frequenta regularmente o ginásio. Certo dia a minha mãe teve folga do trabalho e aproveitou para me levar ao parque, claro que amei a ideia, além de que amo passar tempo com a minha mãe, estavamos a brincar no parque e algo terrivel aconteceu, mas eu não me lembro, só me lembro de estar a brincar no parque e acordar numa cama de hospital com uma daquela batas horríveis vestida e com a minha mãe agarrada a minha mão a chorar muito.

Abri os olhos e vi a minha mãe muito triste, coloquei o meu sorriso mais doce e disse-lhe, "Mãe estou aqui!"
A minha mãe gritou pela enfermeira, continuei a olha-la mas desta vez com uma expressão confusa por não entender a reacção dela, mas depois de chamar a enfermeira a mãe disse-me que foi o que lhe pediram para fazer assim que eu apresentasse algum sinal de vida.

Compreendi mas confesso que não me lembro do que se sucedeu e pergunto-me o porquê de estar aqui se está um dia tão bonito lá fora, a mãe contou-me o que acontecera enquanto a enfermeira tratava da papelada via niveis de pulsação e outros dados que eu não compreendia, a mãe dizia que enquanto brincavamos eu tinha perdido os sentidos e que assustada ela pediu a um senhor para chamar uma ambulância, a ambulância chegou e a mãe veio lá dentro comigo, contou-me o que tinha visto lá dentro, pois ela sabe que amo ambulancias e tenho muita curiosidade por saber como são por dentro, mas que não se lembrava de muito pois estava preocupada, interrompia para perguntar pelo meu pai, sim como gosto dele, chama-se Lucas, ou melhor, chamam-lhe Lucas mas cá eu trato-o apenas por pai, ele é bonito eu acho, cabelo curto encaraculado, já grisalho, costas largas, anda sempre bem arranjado e cheira sempre bem, conta-me sempre piadas e faz-me sempre rir, mas voltando, a mãe disse que já o tinha avisado e que ele estava a caminho porque o chefe também ficara preocupado pois é amigo da familia e tem uma filha com a mesma idade que eu, ela é a minha melhor amiga, mas bem essa história fica para depois, voltando a minha mãe, ela já limpou as lágrimas mas continua com um olhar preocupado e cansado sentada naquela poltrona ao lado da minha cama.

"O pai chegou!!" Quase gritei com um sorriso rasgado no rosto, ele sorriu deu-me um beijo na testa e disse "Então minha pequena? Como te sentes?" E eu com cara de chateada respondi
"Farta de estar aqui, está um dia lindo lá fora" ele fez um sorriso meigo e disse "em breve podemos aproveitar" sorri e a mãe puxou até fora do quarto dizendo-me apenas "já voltamos querida, qualquer coisa chama, a mamã não vai longe" dito isso fechou a porta do quarto, era uma daquelas portas com um vidro no centro bem comuns de hospital, assim como o quarto a porta era amarela clara quase branca, esta cor deixa-me chateada, pela janela do quarto entram belos raios de sol que o iluminam, a televisão está ligada mas nunca gostei muito de ver televisão, encostei me na almofada e julgo ter adormecido uns minutos só dei por ter acordado quando ouvi o que parecia ser uma discussão, parecia vir do corredor mas para se ouvir tão bem julgo que seja aqui a porta, tentei ignorar, mas de repente entra a mãe com cara de irritada e os olhos cheios de lágrimas.

Ela estava com o cabelo atado, com a postura reta e os braços cruzados a olhar pela janela, talvez contendo as lágrimas. Perguntei lhe delicadamente "Que aconteceu lá fora mamã?" A mesma limpou as lágrimas disfarçadamente e disse-me "Coisas insignificantes" mas não tirando os olhos da janela, percebi que era cedo para falar do que quer que seja e não insisti mais nisso.
Ela saiu do quarto mal a enfermeira entrou apenas dizendo "a mãe vai comer qualquer coisa, venho já doce".

A enfermeira reparou nos seus olhos em lágrimas e na minha preocupação, sou pequena mas não gosto de ver a minha mãe triste, e suspirei ao ouvir a porta bater, enquanto tirava dados e enquanto me tirava uma amostra de sangue a enfermeira perguntou-me baixinho "É tua mãe não é?" Acenei com a cabeça dizendo que sim, "estavas com ela antes de vires para o hospital?" Acenei novamente que sim e perguntei-lhe porque fazia tais perguntas, ela disse que havia uma parte que era segredo e disse-me que os meus pais tinham tido um pequeno desentendimento.

A parte que é segredo calculo que seja algo relacionado com o que se passa comigo, odeio que me tomem como uma menina frágil, quero saber o que tenho.
Passaram 2 dias e continuo aqui dentro, e a minha mãe também, só saiu para comer e ir a casa mudar de roupa entretanto tirou uns dias de baixa para familia ou algo assim, mas tenho pena que se preocupe tanto ela esta com olheiras e acho que emagreceu deve ser de preocupação pois continua com aquele olhar triste de a dois dias atrás. Dou lhe os bons dias e peço que se aproxime, abraço-a e digo-lhe "PARABÉNS faz hoje 8 anos que tiveste uma menina linda" dito isto riu a gargalhada, pelo o que acabei de dizer e por reparar que ficamos enroladas nos tubos do soro.

Ela acompanhou a minha gargalhada o que foi bom pois não a ouvia rir desde que estou aqui, quando nos desenrolamos ela disse "desculpa que tenhas de passar o teu aniversário aqui", e eu disse lhe "passar aqui não tem muita importância, ao menos passo o dia contigo" ela sorriu e saiu da sala, pediu a uma enfermeira se seria possível eu ir a rua e trouxeram uma cadeira com lugar para o soro e a mãe empurrou-me até o Jardim, mas que jardim lindo.

Continua brevemente

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⏰ Last updated: Apr 28, 2017 ⏰

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Pontas SoltasWhere stories live. Discover now