29. Azul Cor de Clarke

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N/A: Meus queridos, prestem atenção em mim: Agora prestem ainda mais atenção a esse capítulo ESPECIALMENTE o final dele, a partir daqui vocês já começam a trabalhar no ritmo ragatanga, se já se sentiram confusos em algum momento até aqui, tirem logo suas dúvidas nos comentários (porque vai piorar). O capítulo 29 é basicamente a chave da porta para o mundo invertido, então vocês segurem bem ela para não cair e se perderem daqui em diante….

Boa Leitura!

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"Tudo provém de um princípio, com exceção do infinito, pois deste não há princípio, já que se o infinito procedesse de outro princípio, este seria seu limite. Portanto, não seria infinito." 

O princípio Apeiron sempre foi a teoria favorita de Russell Lightbourne. O indefinido do qual se nasce os céus e tudo que há na terra, o princípio que comanda todo o universo. 

Isso o lembrava da Imortalidade. Por anos ele se escondeu de tudo e de todos, para se dedicar ao estudo da morte e tentar achar um atalho para tornar possível a imortalidade terrena. 

Os seres humanos ainda estão evoluindo e essa evolução é a principal pedra no caminho para a imortalidade. Como parar de envelhecer se as pessoas não param de mudar?

Entre a mortalidade e o infinito, eis o projeto Cerberus. 

Lightbourne não era ninguém no mundo. Apenas um cara comum, como qualquer outro fracassado, que trabalhava, pagava impostos, saia com strippers e voltava bêbado para casa. 

Seu diferencial é provável que tenha sido sua curiosidade aguçada a tudo que não podia ter. 

Começou pelas leituras, no intervalo do almoço, na biblioteca digital pública da cidade que nascera, depois que ficou desempregado. E com o hábito de ler veio os sonhos em conseguir algo que ninguém nunca conseguiu. Afinal quem nunca quis ser alguém especial para o mundo?

E se era ele que faltava na ciência para a humanidade evoluir? 

Esse pensamento rondava sua cabeça todos os dias que terminava uma leitura sobre bioética avançada e iniciava outra. Veja bem, até então ele era só um leigo muito curioso. Mas a curiosidade viaja quilômetros se usada como combustível. 

De leitor ávido a pesquisador e posteriormente biomédico do governo. Russell viu muito de cada ideia e experimentos que lhe marcaram pelo caminho, tudo isso o empurrou para a posição que estava no presente. General de humanos sintéticos. 

Ele não pôde alcançar a vida eterna naquele corpo, mas o consolava saber que foi a mente por trás da maior edição genética que o homem foi capaz de pôr na rua e multiplicar. Se este segredo outros países já tinham, perderam a liderança por manter sigilo. 

Ele deu propósito a indivíduos sem vida, ao se tornarem maiores do que a morte após suas consciências cessarem. 

No início talvez quisesse apenas alguns aliados obedientes. A extinção das emoções — ele devia os créditos ao parceiro William Cadogan, afinal o amigo foi quem chegou mais perto do segredo da imortalidade com o soro supressor, aquele que separou a racional do real dos corpos metamorfos. Há quem diga que viraram zumbis. Uma ofensa caso pergunte a opinião dele. Uma fantasia de histórias em quadrinhos antigas não se comparava a cisão que ele fez com pessoas ainda vivas. Não as matou para fazer experimentos, apenas esgotou seus sentidos até restar somente a condição da obediência. E obediência é sinônimo de morte nos dias que se correm. 

A união dos dois foi fundamental para dar vida ao projeto de anos do antigo medíocre indivíduo que Russell foi. 

Algumas coisas deram errado no caminho, mas é de fracasso que se constrói os degraus do sucesso e era por isso que naquele instante ele caminhava com a segurança de que finalmente podia sair às ruas sem medo, atrás do que quisesse. Quem quisesse. 

𝐄𝐓𝐇𝐄𝐑𝐄𝐀𝐋Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon