Capítulo Vinte e Oito - Tempo

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     A febre aumentava e diminuía, mas por quatro dias não desapareceu, assim como a consciência de Charlotte não retornou, o que deixava a todos preocupados e enfurecidos por Alfred não permitir a aproximação de ninguém, protetor como nunca havia sido. Os únicos que tiveram permissão de se aproximar, além de Mark que tinha passe livre, foram os irmãos Bellerose, todavia rapidamente e vigiados de perto.

     Todos estavam furiosos com a proteção dita exagerada, mas Elias mandou que recuassem, porque naquela situação Alfred era um perigo para qualquer um que não a mulher de olhos verdes e o garoto ruivo, o que nem todos entendiam realmente, no entanto foram forçados a respeitar, até porque os colossais Boen e Impéria estavam sempre de guarda. O Marechal deixou bem claro que ninguém poderia imaginar os estragos que Alfred poderia vir a fazer caso alguém invadisse o território sem permissão e provavelmente ninguém gostaria de descobrir.

-Como ela está? –Harry questionou ao ver Mark surgir na sala.

     O ruivo encarou o rapaz mais velho, ele conseguia compreender a ansiedade transbordando por cada molécula do outro, no entanto isso não o deixava menos irritado com todos lhe questionando o tempo inteiro sobre o estado de Lottie, a qual foram informados há menos de três horas. Tempo esse em que o rapaz tirou para dormir um pouco, caso contrário não teria energias para cuidar de Lottie e de Alfred, que mal arredava o pé do lado de sua cama, saindo apenas para fazer suas necessidades.

-O mesmo desde a última vez que informei. –Ele esclareceu enquanto pegava uma maçã de cima da mesa da sala.

-Você sempre diz o mesmo. –Suzana acusou e ele encarou a mulher.

-Porque é o que está acontecendo.

     Mark abandonou a todos e foi pedir para um dos criados repor os suprimentos para cuidar de Charlotte, precisava de mais algumas ervas e de leite de papoula, pois sabia que Lottie sentira dor nos últimos dois dias. Decidiu aguardar na sala de estar, notando, assim que entrou no salão, que os irmãos Bellerose e Juliana não se encontravam mais ali e ele bem sabia que isso se devia ao fato de estarem atuando normalmente para manter os olhares indevidos fora da mansão Maddox.

-Eu sou a mãe dela, aquele cachorro bastardo não deveria me proibir de vê-la. –Suzana acusou.

     Christopher viu os olhos de Mark faiscaram em direção à mulher, tão frios que ele se surpreendeu, nunca vira o rapaz protetor daquela maneira, a realidade é que nem imaginava que Mark pudesse encarar alguém daquela maneira.

-Tão mãe que a enganou a vida inteira, a manipulou e...

-Você não tem direito de falar comigo desse jeito! –Ela se ergueu do sofá, olhando-o furiosamente.

-E você não tem direito de falar assim do Alfred. –Revidou, vendo a mulher se aproximar.

-Ele está proibindo que eu veja minha filha!

     Mark suspirou, não tinha ânimo para debochar ou ignorar nada naquele momento, estava exausto e ouvir a maneira que Suzana falava de Alfred só o deixou mais irritado que antes.

-Ele está protegendo a Lottie de ter que acordar e ver qualquer pessoa indesejada. –Respondeu friamente.

-Eu sou a mãe dela!

-Às vezes eu me questiono se você sabe o que é ser mãe de verdade.

     Christopher e Elias sabiam que seria melhor impedir a discussão, mas a realidade é que Mark tinha o dom de falar o que todos pensavam.

Filhos do Império - Lâminas de Vento (Livro Dois)Onde histórias criam vida. Descubra agora