1. Panfletos

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Eis que eu olho pro lado de fora do carro e vejo o prédio de 6 pavilhões que me enfiariam pelo próximo ano inteiro

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Eis que eu olho pro lado de fora do carro e vejo o prédio de 6 pavilhões que me enfiariam pelo próximo ano inteiro. Os outros alunos novos, ao meu redor, não pareciam muito animados, mas eu, por outro lado, estava eufórico. E nem sabia porque, só estava e pronto. A minha vida pela primeira vez estava ficando interessante.

   Não era mais imaginação minha nem alucinação, muito menos uma imagem congelada no panfleto: eu tinha me infiltrado dentro da Global School. E não digo assim como se fosse um espião secreto. Fiquei horas agonizando, reclamando do calor, do frio, da demora e até da paisagem que passaram a gente. De todos dentro do carro grande, eu era o mais inquieto e não duvido nada que o resto ficou com raiva de mim.

   — Nunca vi alguém tão animado pra ser internado, mas OK. - falou Israel, o rapaz de azul e branco do meu lado. Dei um sorriso bobo pra ele, de quem compreendia o comentário como uma mera nota de rodapé. Alonguei nosso diálogo:

   — Quais eletivas você quer fazer por aqui?

   — Se tiver algo relacionado à física nuclear, já seria do meu agrado. - ele respondeu, deslizando os olhos num anúncio da própria escola. Era um papel curto e insignificante naquele momento, diante da grandeza da realidade do colégio. - Aquieta essa alma um pouco. Ansiedade não é muito boa amiga na hora de se inserir num novo ambiente.

   Não devo ter dado muitos ouvidos pro que Israel me falou, porque saí do carro rasante só dois segundos depois que o motorista estacionou. Corri pro porta-malas, joguei a bagagem do restante dos novatos pros cantos e catei minha malinha velha e minha mochila verde. Não deixei a mala de ninguém cair pra fora, mas mesmo assim eles ficaram meio bravos por causa da bagunça. Coreia do Norte em especial, porque ele tinha deixado tudo minuciosamente colocado na parte de trás. Não queria suas coisas tocando nas de mais ninguém ali, só abriu uma exceção para o irmão gêmeo, Coreia do Sul.

   — Quem vocês acham que vão ser os seus padrinhos? - perguntei quando todo mundo já estava às portas do saguão de entrada. Síria franziu o cenho, o que mostrou que estava formulando a resposta.

   — Talvez o meu seja o Ásia, mas também desconfio que me coloquem com a M. África. Não me importaria de forma alguma se fosse assim.

   — Penso a mesma coisa, mas acho que é o Sr. Ásia mesmo. - disse Jordânia, depois suspirou. - Enfim, vamos logo porque a festa de boas-vindas já deve ter começado e, pelo que me contaram, ela pode ser uma farra das grandes.

   — Pois é, se engana quem acha que os alunos estão interessados nos estudos... - refletiu Israel. Logo entramos no saguão, nossos rostos entregavam a clássica ingenuidade de novatos. Um grupo de 15 adolescentes, prontos para conviverem com mais de 150 outros "líderes do futuro".

   Fiquei brisando, enquanto a recepcionista mandava fazer fila pra pedir a identidade de cada um. "Que tipo de pessoas irei encontrar nesse lugar?" "Será que eu vou me enturmar ou vou entrar na lista dos excluídos? Bom, isso nem importa tanto; só espero que eu tire boas notas..."

Global SchoolWhere stories live. Discover now