Os Lobos Apaixonados - Livro 1 da série Lobos do Sul

5 - A Loba

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No dia seguinte, levantaram tarde e Letícia conheceu Roger, o primo que mora com Gustavo (e com quem ela moraria se cedesse à insistência de Gustavo e fosse morar em Rio Grande). Roger era um homem grande, moreno e muito bonito. Muito parecido com Gustavo, tanto físicamente como no jeito. Até mesmo era educado e gentil como Gustavo. Por um momento chegou a pensar que seria uma sortuda se morasse com dois caras tão gatos e perfeitos, até que olhou novamente para Gustavo percebeu que nunca poderia desejar outro homem além dele. Gustavo estava rapidamente se tornando o centro de suas atenções. Na última semana, cada vez que pensava em seu futuro, o imaginava com Gustavo. Sabia que uma hora ou outra estaria morando naquela cidade com ele.

Os três foram almoçar com os pais de Gustavo. Solange insistiu com o filho que levasse Letícia de novo lá. Ela era a primeira companheira que surgia em muito tempo, o que deu um sopro de esperança a todos os licans do Refúgio. Além disso, era a nora de Solange, a companheira de seu único filho homem. Solange queria ser amiga daquela mulher, paparica-la, tê-la por perto como uma filha. Sabendo que ela não comia carne, mais uma vez Solange preparou algo vegetariano para o almoço, mas dessa vez não poderia deixar de perguntar se ela reveria a alimentação, já que se tornaria uma loba.

- Não. Na verdade eu nem tinha pensado nisso. Eu terei que comer carne depois que for loba?

- Eu acho que sim. Lobos são carnívoros, não podem ficar sem carne.

- Bom, essa loba aqui vai ter que pensar em como vai lidar com isso, porque realmente eu não tinha parado para pensar nesse ponto. Já teve algum lobo que não comia carne?

- Eu nunca ouvi falar nisso - respondeu Solange.

- É. A gente vai ter que ver isso aí. Não quero a minha companheira doente por falta de carne - completou Gustavo.

- Por que um lobo não comeria carne? - retrucou Raul - Isso é moda dessas gurias da capital. Quando a Letícia viver aqui vai ter que viver como a gente vive. Já decidiram quando ela vai se mudar para cá?

A pergunta direta e intromissiva de Raul pegou Letícia de surpresa, que chegou a inclinar a cabeça para trás pensando na resposta, mas a única coisa que saiu foi:

- Não.

- Pai, a gente ainda está vendo isso. A Letícia tem a vida dela em Porto Alegre, tem o trabalho, os pais... Ela não pode vir de uma hora para outra, mas estamos conversando sobre como fazer isso o quanto antes.

- É bom que façam isso o quanto antes mesmo. Tu não vai deixar a tua companheira sozinha em uma cidade como aquela sem ninguém para protegê-la.

- Eu sei que não, pai. Estou cuidando disso - Gustavo conhecia bem o pai. Raul era ranzinza como só um velho alfa podia ser e podia ser bem implicante quando queria. Gustavo tratou de responder que estava cuidando para que Raul não insistisse no assunto, mas na realidade não tinha ideia de como ou quando convenceria Letícia a viver com ele no Refúgio. Pior, sabia que o pai tinha razão. Já tinha iniciado a conversão de Letícia. Se um desonesto a reconhecesse em Porto Alegre e ele não estivesse por perto para protegê-la, não queria nem imaginar o que poderia acontecer. Queria poder amarrar aquela mulher dentro de casa. Precisava fazê-la enxergar o perigo o quanto antes.

- Será que tem desonestos em Porto Alegre? Eu não me lembro de ter ouvido falar. Tu sabe de algo Raul? - perguntou Solange preocupada.

- Faz tempo que eu não ouço falar. A anos que não temos contato com outras criaturas. Até com os outros bandos licans só temos contato quando necessário. Eu espero que não tenha desonestos lá. O Gustavo está arriscando a companheira dele.