XXIV

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Os passos apressados da freira naquele corredor só indicavam uma coisa, problemas. Teria que ser muito rápida ou tomariam uma bela de uma punição. Assim que parou em frente a porta do quarto das noviças, deu duas fortes batidas mas logo entrou pois não poderiam perder tempo.

A cena que viu chegou até ser fofa, Perrie e Jade dormiam abraçadas como se uma fosse o suporte ideal para a outra, enquanto Jesy tinha seu rosto confuso piscando forte olhando para Holly parada ali. A menor logo abriu as cortinas para iluminar o quarto e rapidamente se aproximou da cama de Perrie mexendo em Jade.

— Ei Jadey, acorde, já são mais de onze horas da manhã! Ana disse que a madre está querendo falar com nós cinco. – Jade se mexeu e Perrie acordou fazendo uma pequena careta por conta da claridade. — Não acho que ela tenha descoberto algo, mas talvez tenha ficado brava por nós todas termos faltado a missa da manhã. – concluiu com sua voz evidentemente apreensiva.

— Ok...eu, hm. Já vou. – Jade disse em puro sono, sentando-se e passando a mão pelo rosto.

— Espero todas vocês na igreja. E Jadey, trouxe suas roupas para cá. As deixei sobre a cômoda de Perrie. – Jade assentiu e Holly logo saiu.

Todas as garotas então levantaram e começaram a se arrumar, Jade foi mais rápida e a primeira a sair do quarto enquanto Perrie e Jesy vagarosamente se vestiam. A morena não disse nada para Perrie, nem mesmo lhe deu um beijinho de bom dia. No entanto Perrie entendia que a freira tinha responsabilidades maiores do que ela no lugar.

A loira deu um longo bocejo, enquanto Jesy resmungava xingando algo ou alguém, que ela não conseguiu entender.

— Acho que tô numa ressaca braba. – Jesy falou baixo, terminando de vestir-se. Fitou Perrie que estava sentada na cama calçando os sapatos e dando longas piscadas. — Então... tá mesmo pegando a freira. – soltou de repente. Perrie a olhou de soslaio, fingindo não entender.

— Não é porque dormimos juntas, já que VOCÊ não deu nem chances de dividir espaço, que estamos nos pegando. – rebateu emburrada. Logo a risada de Jesy foi ouvida no quarto.

— E você acha que eu sou besta? Eu vi vocês aos beijos na festa ontem. – a maior disse completamente convicta e Perrie rapidamente despertou, encarando-a com olhos bem abertos.

— Nós não....eu, ela... hm. – suspirou nervosamente. — Olha, foi um acidente, ok? – Perrie bufou se rendendo e Jesy deu uma risada ainda maior batendo uma palma no ar.

— EU SABIA! – riu, Perrie franziu levemente seu cenho. — Como é fácil tirar algo de você, Perrie, meu amor. – se gabou, virando-se para o espelho para colocar o hábito.

— O quê? Você é mais enxerida que essas freiras daqui. – esbravejou irritada por ter sido tão lerda.

— ..."Não, porque eu pego qualquer outra, menos as freiras desse lugar."– a garota riu, jogando na cara de Perrie sua fala de dias atrás.

— Não enche Jesy, a carne é fraca.

— Fique sabendo você, que quem perdoa é Deus. Eu tô aqui é pra jogar as coisas na cara mesmo. – a ruiva disse se aproximando e pegando o braço da amiga. — Agora vamos que ainda temos que levar esporro da madre. – Perrie deu um pequeno sorriso, e seguiu com a amiga para fora do quarto.

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Já faziam mais de meia hora que a madre conversava seriamente com as 5 garotas na igreja. Repetindo sobre as regras, e que as mesmas existiam para serem cumpridas. Que haviam escalas, e essas também deveriam ser cumpridas. E não era correto elas faltarem. Era um descaso não só com a igreja mas com o senhor também.

Perrie estava a um ponto de gritar inferno bem alto mas apertava sua mão se contendo. Só mais um pouco... uma hora ela iria cansar de falar. Nem sua avó era tão chata e irritante assim quando lhe dava uma bronca. Próximo da madre, só que um pouco mais atrás, estava Inéz. A mulher acompanhava e ouvia tudo que Consuelo proferia. E pela sua cara, até ela parecia não aguentar mais.

— Jessica Nelson! Abra os olhos enquanto eu estiver falando com vocês. – a madre bradou a encarando, Perrie fitou a amiga vendo a mesma com olhos arregalados.

— Perdão madre. Estava apenas me desculpando com o senhor por ter sido tão imprudente. – Perrie quis rir mas se conteve, ao seu lado Jade também prendeu um sorrisinho e encostou um pouco mais a perna na de Perrie.

A mesma a fitou de relance, encostando seu braço no da morena. A madre parecendo convencida com o que Jesy havia dito, assentiu brevemente e encarou Inéz logo atrás.

— Aplique uma advertência nelas. – a mulher acenou rapidamente, em confirmação a madre. — Vejo vocês na missa a noite. E que tenha ficado claro o que disse aqui. – disse ríspida, logo saindo.

— Finalmente! – soltou Jesy.

— Por um momento eu achei que minha cabeça fosse explodir. – falou Rosalía com uma careta, massageando suas têmporas.

Inéz se aproximou com calma das garotas e as observou. Holly parecia a única normal dali, como se não tivesse fugido para uma festa, bebido horrores, tendo apenas algumas horas de sono.

— O que foi que vocês fizeram para perder o horário desse jeito? – Inéz perguntou, encarando principalmente Holly e Jade.

— Então, mama. – Holly começou falando seriamente, por Inéz ter a criado tinham um carinho de mãe e filha e a garota até mesmo lhe chamava de mãe. — Ficamos até tarde planejando a decoração para a celebração no próximo fim de semana. Estamos muito ansiosas. – disse, dando uma olhada firme para as garotas que entendendo logo concordaram com um aceno.

— Eu nunca estive tão empolgada, por mim ficaria até mais tarde fazendo todas aqueles... cortes e... tem aquelas colagens... e... – Jesy tentou complementar mas acabou se atrapalhando.

— Não foi a intenção agir em descaso, Inéz. Sabe que nenhuma de nós faria isso por querer, ou qualquer outra situação atípica. – Jade falou entrando na encenação e Holly sorriu satisfeita.

As garotas olharam ansiosas para Inéz, que pareceu acreditar dando um leve suspiro.

— Bom, mas ainda terei que lhes aplicar uma advertência. – falou com suas mãos à frente do corpo, olhando ao redor da igreja. — Acho que podem se encarregar de limpar e organizar todo o templo. Varram, passem pano, tirem o pó. Lustrem os bancos de madeira. Deixem este lugar um brinco.

— Certo. – Holly falou prontamente.

— Mas primeiro quero todas indo almoçar, pois saco vazio não para em pé. Andem, vamos. – disse com um sorriso carinhoso e as garotas suspiraram em alívio, já que não haviam nem tomado café da manhã.

— Louvado seja Deus. – Jesy murmurou rapidamente levando-se e sendo a primeira a sair da igreja.

Todas caminharam para fora da igreja, no entanto Perrie e Jade ficaram propositalmente para trás. A freira segurou na mão da noviça e lhe tocou rosto se aproximando para a beijar. Seus lábios se tocaram rapidamente, pois Jade mantinha-se atenta a qualquer movimento ou barulho de passos.

— Não tive tempo de fazer isso mais cedo. – Jade justificou, dando um sorriso tímido.

— Então ainda bem que se lembrou. – Perrie respondeu, aproveitando para roubar outro pequeno beijo.

Jade a abraçou dando um sorriso ingênuo, mas ao sentir seu estômago revirar em cócegas, mordeu seu lábio inferior. Talvez nunca se acostumasse em sentir aquilo. Assim que soltou Perrie, saíram da igreja antes que alguém notasse qualquer demora das duas.

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