No quinto dia pós-visita à Elana, na quinta noite em que os sonhos fugiram da minha mente, resolvo requisitá-los do jeito que posso, por mais que meu inconsciente, aparentemente, não queira colaborar comigo.Mas, como eu já desconfiava, não sei muito bem o que procurar. Muito menos como.
Tentar traçar uma linearidade entre eles? Meus sonhos tinham uma cronologia? Contavam a mesma história continuamente? Eram apenas aleatórios, avulsos? Eram todos uma grande pegadinha? Uma peça teatral de uma mente divagante?
Não sei.
Eu me empenhei para tentar solucionar qualquer uma dessas questões nos tempos em que estava livre. Grifava o que parecia se alinhar com algum outro, riscava e apagava supostas numerações entre cada um deles, como se fossem páginas de um livro. Anotava numa folha solta as coincidências e repetições entre eles e, ainda assim, continuava sem nenhum vislumbre de resposta.
Fiquei tão imerso nessa caderneta, dando uma de Sherlock Holmes, que outra coisa importantíssima estalou em minha mente só na chegada ao hospital, na segunda. Eu estava tão imerso no que há meses tem sido um pequeno mistério intrigante e envolvente que em alguns momentos confundiu-se com a realidade que não me dei conta do que estava acontecendo comigo e com o Louis da vida real.
Meu coração inflou de culpa e vergonha. Não só por tê-lo deixado em silêncio e por tê-lo abandonado sozinho em minha casa, mas por eu ainda estar fugindo dele, mesmo que inconscientemente. Deixei que minha mente imergisse em divagações como uma válvula de escape para não pensar no que estou fazendo com o Louis.
Ainda estou fugindo do Louis real. O que gosta de mim. O Louis real, o do mundo real, o único capaz de florescer sensações pulsantes e absurdas e inimagináveis. O único que pode me dar sensações reais. O único em que tudo é real e, não obstante, é tão intenso que chego a me questionar se é mesmo real. É real mas beira o inacreditável.
Nos sonhos, Louis me ama incondicionalmente, nossa relação é sólida e aparentemente longa. Já foi construída. Construção que minha mente fez questão ter posto em meu colo.
Aqui, não.
Aqui nossa relação ainda está em processo.
Está no início. Ainda engatinha.
E eu estou fodendo com tudo.
No início, o afastei com aquela história de casamento e cobranças incabíveis de se fazer a uma pessoa que não conhece.
Agora, eu quem estou distante. E estou lhe magoando, mesmo não sendo a minha intenção.
Eu procurei por Louis mas não o encontrei no hospital.
Ele não atendeu nem retornou as minhas minhas mensagens.
Mas eu não ia deixá-lo ir. Não quero perdê-lo quando eu gosto dele pra caralho.
Não posso perder uma pessoa que não sorri apenas com os lábios, mas com os olhos e a alma inteira. Não posso perder Louis, o ser mais gentil e transparente, atencioso e destemido que já pisou na Terra.
Não posso deixá-lo ir quando sou viciado em seus beijos e toques. Em seu cheiro e em seu calor.
Não vou deixá-lo ir.
Não pode ser tarde demais para tentar acertar.
Vou espelhar o seu destemor e transparência e revelar os porquês, vou dizer que estou com medo. Mas que, apesar disso, o desejo de estar com ele é incomparavelmente maior porque com ele não sinto nada além da tranquilidade de um refúgio.
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Dream a Little Dream of Me • L.S.
FanfictionAo despertar, meses após um acidente gravíssimo, Harry Styles acredita que ele e seu médico Louis Tomlinson são casados. Publicado: out/2021