Coworker | Bruno Rezende

Quarenta e três

"Dobbiamo parlare."

Era como se o irmão tivesse lido todos seus pensamentos durante a última semana.

Precisamos conversar, solicitou Caleb.

Extasiada, Ísis encarou o aparelho em mãos visando compreender o que aquela mensagem de texto significava.

Ambos sabiam da existência de assuntos mal resolvidos à se por em pauta, e tudo ficara mais evidente desde o último desconfortável encontro entre os irmãos Dal Zotto.

Ísis percebera a nuvem de remorso que rodeava o jovem loiro em um simples olhar, na festa pós olímpica.

Ela sabia que o irmão sentia sua falta tanto quanto sentia a dele.

Mas o orgulho os impedia de tomar qualquer atitude para se reaproximarem.

A conversa com Bruno naquela fatídica noite em Campinas teria sido a peça chave para que a fisioterapeuta buscasse coragem para procurar o irmão, pronta para deixar todo um passado de más lembranças para trás.

E faltava pouco, muito pouco para que Ísis conseguisse o feito.

Porém Caleb o fizera antes.

Naquela mensagem de texto o rapaz deixara claro, sem ao menos ter consciência, que faria das vontades da irmã as dele.

Mesmo depois de anos afastados a conexão dos irmãos parecia seguir intacta.

"Io so"

Sei disso, respondeu sem mais demora.

Era manhã do jantar de ensaio para o casamento de Isadora e Marco, o qual aconteceria às vésperas da cerimônia, em uma das fazendas dos Dal Zotto.

Lugar que remetia lembranças à Ísis...

As melhores delas.

A garota e o irmão costumavam a passar os dias mais felizes de suas vidas ali, em meio à natureza.

Caleb seria o responsável por conduzir a avó até o local, então para que pudessem conversar pediu à irmã que se juntasse a ele na missão.
Mas antes, ela precisaria de ir até a residência da família.

Casa a qual jurou nunca mais tornar.

Contudo e como já dito anteriormente, Ísis estava determinada à ter o irmão de volta mesmo que isso pudesse custar sua paz.

Ela então agarrou às chaves do carro penduradas no hall de entrada do apartamento e sem pensar duas vezes partiu em direção ao local indicado, mesmo chovendo muito no Rio.

Ísis se quer atentou-se à informar sua ida ao companheiro, já que Bruno estaria ocupado demais acompanhando o pai no primeiro jogo de vôlei da irmã caçula, Vitória, em uma interclasse qualquer.

A moça sabia o quão importante viver aquele momento seria especial para o rapaz, decidindo então por não interferir em sua felicidade momentânea.

Ao chegar a seu destino, assim que recebida fora envolta pelos braços aconchegantes do irmão mais velho.

Os dois permaneceram ali, embrulhados um ao outro, em um estranho porém reconfortante silêncio.