Capítulo 05

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» Um de nós deve estar sendo procurado «

Ninguém falava nada a exatos cinco minutos, isso era algo completamente agoniante, Jaemin odiava o silêncio, gostava de coisas, pessoas e lugares barulhentos. Aquela quietude toda iria deixá-lo louco, precisava conversar urgentemente, sobre qualquer coisa.

— Essa camisa aqui atrás – levanta a peça entre os dedos — Isso é ketchup? Eu sei um jeito facinho de tirar esse tipo de mancha.

— Me dá isso aqui garoto – Renjun vira-se, apenas para tomar o pedaço de tecido das mãos do coreano.

Novamente silêncio. Meu Deus do céu! Será que ninguém naquele carro estava disposto a tirar o tédio de Jaemin?

— Então... – se pôs a falar de novo, vendo pelo espelho retrovisor, Jeno revirar os olhos — Onde é que a gente 'tá indo mesmo? – perguntou em um tom animado.

— Não faço a mínima ideia – sem paciência alguma, o coreano mais velho respondeu.

— Mas é você que 'tá dirigindo, como não sabe? – questionou de forma realmente genuína, havia ficado confuso de verdade, era o efeito da maconha passando — Oh não! A gente se perdeu? Olha cara, se você quiser eu posso te ensinar a usar o GPS, não é difícil.

Ao ouvir a fala do mais novo, Renjun se permite soltar uma risada. Enquanto Jeno se limita a revirar os olhos e bufar em total descontentamento.

— O negócio é o seguinte: você vende drogas, e acho que você não sabe, mas isso é ilegal – o Lee fez questão de frisar a palavra "ilegal" — Renjun... bom, ele fez uma coisa errada, e eu meio que também fiz uma ou outra coisa errada por aí. Então, temos que viajar sem rumo, até eu sentir que estamos seguros o suficiente, afinal, pelo menos um de nós deve estar sendo procurado. – Jeno sentenciou.

Seria mais fácil explicar as coisas para uma criança do que para Jaemin.

— Eu acho que você é o primeiro de nós a estar sendo procurado – diz Renjun, apontando para o celular do acastanhado, que vibrava incessantemente no câmbio do veículo.

— É só o meu irmão, não se preocupe.

— Você não devia atender? – do banco de trás, Jaemin se intromete.

— 'Pra levar uma bronca e ser chamado de idiota? Não, obrigado.

E de novo eles mergulharam em um silêncio desconfortável. Jeno pensou que finalmente o garoto de cabelos azuis iria ficar quieto, mas comemorou cedo demais...

— Esse carro é dele? – por incrível que pareça, não foi Jaemin quem quebrou a calmaria dessa vez, foi Renjun quem o questionou.

— Não.

— Então é seu? – Na retirou o cinto, chegando o corpo um pouco para frente, apenas para escutar melhor.

— Não. – continuou com a resposta monossilábica.

O Huang rapidamente entendeu a situação – Jeno havia roubado – e se calou. Durante alguns segundos, o Na também ficou calado; com o cenho franzido, era capaz de ouvir as engrenagens girando em sua cabeça.

— AH! Você é um ladrão – apontou totalmente animado por finalmente ter entendido — Cara, isso não se faz – de maneira brincalhona, repreendeu o coreano mais velho — mas eu não sou nenhum tipo de exemplo, então, tanto faz – deu de ombros, após constatar o óbvio.

Renjun ria de tudo, como se o garoto fosse um comediante fazendo seu show, achava ele incrivelmente engraçado.

— E você bonitinho, o que fez você se jogar na frente do carro roubado de Jeno? – Jaemin deitou a cabeça no banco do chinês — Não tem cara de quem faz coisa errada, acho que a maior rebeldia que você poderia fazer é esse piercing – apontou, tocando de leve a bochecha do mais velho.

— Eu matei um homem. – falou sem rodeios, os outros dois não poderiam lhe julgar, certo? Afinal, não eram santos.

Estranhou o fato de Jaemin ter ficado quieto tão repentinamente, se virou para trás e encontrou ele de maneira desleixada no banco, com as sobrancelhas juntas e a boca entreaberta, realmente parecia desacreditado.

— Se eu soubesse que falar 'pra ele que você matou alguém iria fazê-lo calar a boca, eu teria contado a horas atrás. – Jeno diz, virando a cabeça para trás rapidamente, só para ver a expressão atônita do outro.

— Para com isso. – Renjun dá um cutucão no braço do Lee — Ei menino! Eu fiz isso acidentalmente, tá? Não é como se eu fosse um mercenário, serial killer ou coisa do tipo, fica tranquilo. – novamente se vira para o mais novo do trio – Na real, eu fiquei bastante assustado quando aconteceu.

— Quando eu o encontrei, ele estava se debulhando em lágrimas por causa disso. Então, não se preocupe, ele é inofensivo... desde que você não toque nele sem permissão. – Jeno fala com um sorriso mínimo no rosto.

— Eu só fiquei surpreso – Na diz, voltando à postura anterior — o que você fez com o corpo?

— Deixei no banheiro do salão onde eu trabalho ou trabalhava, sei lá. – falava com tanta calmaria que nem parecia estar desesperado horas antes — Amanhã, quando o meu chefe for abrir o salão, vai encontrar ele lá, e vai estar óbvio que fui eu quem fez aquilo – um sorriso irônico pintava seu rosto — Logo, logo a polícia vai começar a me procurar, provavelmente vou aparecer no jornal, meu colega de quarto vai ver e descobrir o motivo de eu não ter ido 'pro nosso apartamento hoje. – estava tendo a maior reflexão de sua vida, naquele momento.

E o silêncio se instalou novamente, os três estavam completamente pensativos, dessa vez realmente precisavam de um pouco de quietude.

***

A claridade começou a invadir a visão dos homens, fazendo assim com que de maneira lenta e preguiçosa abrissem os olhos. Haviam parado para descansar, em um posto de gasolina, aparentemente abandonado.

— Caralho! Minhas costas estão acabadas. – ao se levantar, Jaemin exclamou.

— Para de reclamar, você pelo menos conseguiu deitar aí no banco de trás. – Jeno falou abrindo a porta do carro — Dormir na frente é bem mais difícil.

— Mas isso não diminui a minha dor, cara. – o mais novo diz ao também sair do veículo.

— Parem com isso. – mal havia acordado, e aqueles dois já estavam estressando Renjun — Discutir pra ver quem sofre mais, não vai levar vocês a nada, eu hein. – resolveu sair para esticar as pernas, assim como os outros.

Os coreanos nada disseram, estavam ocupados encarando, embasbacados – seja lá o que for – o que estava no porta malas. De maneira curiosa, o chinês se foi até a traseira do carro, a fim de descobrir o que havia impressionado tanto aqueles dois. Não podia acreditar no que via, era algo surreal.

Tinham tirado a sorte grande ou apenas se encrencado mais do que imaginavam.

Dinheiro, muito dinheiro.

***

n/t: talvez eu finalmente mude a capa no final de semana. Aí vai ficar uma coisa decente, sabe?

365 FRESH - NORENMINWhere stories live. Discover now