02 : S E N D M Y L O V E

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We've gotta let go of all of our ghosts
We both know we ain't kids no more

Temos que nos libertar de todos os nossos fantasmas
Nós dois sabemos que não somos mais crianças

— 🐺 —

Seus olhos estão paralisados, as íris verdes ofuscadas pela escuridão mortificada naquela ponte. Tara está sombria. Mais sombria do que costumava ser no pulgartorio.

O coração acelera, chamando sua atenção, a chamando para perto. A convidando a se aproximar. E ela acata o pedido, arrastando-se pelo chão do hospital, o mesmo chão que Liam e eu desbravamos e lutamos durante a Caçada Selvagem e a Primeira Batalha Contra Monroe.

PBCM. Quase um partido político. Porém, apenas um dia histórico para o sobrenatural. Um dia que nem será citado na história do mundo. Afinal, o sobrenatural não existe.

— Está tudo bem. — suspiro ao ter o corpo derrubado no chão — Você não precisa parar, Tara.

São as mesmas palavras sempre. Eu não a consigo culpar por querer o que é seu. Não consigo odia-la por ter virado meu pesadelo particular. Não quando quem a transformou nisso foi eu.

— Ele é seu!

Os dedos gélidos ultrapassam minha carne. A dor é insuportável. E o tempo parece se arrastar.

Um.

Dois.

Três.

Tara tem uma mania. Não consigo saber se é sua forma de punição, ou apenas mais um truque de minha mente. Todavia, ela tem um tempo certo antes de puxar seu coração de meu peito.

Cinco.

Seis.

Sete.

Ela aperta suas unhas curtas sobre ele.

Oito.

Nove.

Fecho os olhos, esperando o momento acontecer. Aguardando a morte. Quase me sentindo o terceiro irmão da lenda dos Irmãos Pewerell de Harry Potter.

Acolhendo a morte.

As batidas contra a janela do carro são fortes. Fazendo-me acordar no susto, como se não bastasse minha irmã mais velha recuperando seu coração, ainda quase danifico seu órgão tendo um ataque cardíaco.

Levanto a cabeça do travesseiro surrado, na dúvida entre agradecer ao policial ou amaldiçoa-lo quando encontro os olhos castanhos do filhotinho.

— Alec?

Minha voz sai mais roca que o normal, baixa também. Enquanto o mais novo beta sorri como se tivesse acabado de descobrir que vai a Disney, segurando uma sacola retornável do mercado que Melissa faz compras. Um coelho comendo cenoura estampa sua lateral.

— Hey, Theo!

Preciso piscar algumas vezes antes de raciocinar que o garoto realmente está parado ao lado de minha picape plena madrugada, esboçando um sorriso radiante, de quem, certamente, fugiu de casa.

Quando finalmente compreendo, constrangimento me atinge. Alec está parado do lado de fora da picape, me viu dormindo no banco de trás.

— Que merda você está fazendo aqui? — praticamente grito ao abrir a porta da picape e me materializar do lado de fora, sentindo os ossos de minha coluna reclamar.

[HIATUS] Com amor, Raeken | 𝓣𝓱𝓲𝓪𝓶 Onde histórias criam vida. Descubra agora