Capítulo 11

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A professora Sullivan falava entusiasticamente algo sobre Platão, mas sua voz parecia distante de mim naquele momento.

Meus olhos ainda estavam inchados e avermelhados, assim como meu nariz, pelo choro de dez minutos atrás, mas a aula de filosofia parecia estar sendo mais interessante para o resto da classe do que minha cara de enterro. Felizmente.

Meu corpo estava jogado de qualquer jeito sobre a cadeira, e meu rosto descansava pesadamente sobre um punho, apoiado por um cotovelo sobre a mesa. Com o olhar vagando pelas linhas do caderno, eu ainda podia sentir a sensação de culpa presa em minha garganta, como se minha dor de cabeça pulsante já não se encarregasse de me castigar o suficiente.

Quando a srta. Sullivan deixou a classe após sua longa aula dupla, notei que uma pessoa se aproximou da minha carteira, e ergui meu olhar pra ver quem era. Meus parabéns ao filósofo que disse que as coisas sempre podiam piorar, se é que Murphy era um.

Filosofia não era meu forte mesmo.

- Eu só queria te falar que nosso trato está desfeito - Joohyun murmurou, parecendo tão irritada por estar me dizendo aquilo que evitava me olhar - Pode ficar tranquila, aquelas fotos nem existem mais.

Franzi levemente a testa, sem entender por que ela estava fazendo aquilo, mas antes que eu pudesse abrir a boca, ela já se afastava em direção à sua carteira.

A única possibilidade que me veio à cabeça me fez afundar ainda mais em minha própria depressão. Só podia ter dedo dele naquela história.

Durante a última aula, eu continuei mergulhada em meu desânimo, e mal conversei com Jisoo na hora da saída. Também não vi Sehun, que provavelmente devia estar atrapalhado no laboratório, e assim que avistei o carro de mamãe na saída da escola, corri em sua direção.

Eu precisava sair daquele lugar e ficar sozinha no meu quarto o mais rápido possível.

Passei o dia naquele mesmo humor, só deixando meu quarto pra comer um pouco. Quando deitei na cama após o jantar, o cansaço de uma noite mal dormida me venceu, e eu dormi pesadamente, apesar dos insistentes pesadelos.

Todos previsíveis, envolvendo o acidente de Jungkook.

Acordei no dia seguinte, um pouco menos cansada, e segui minha rotina matinal até chegar à escola. Apreensiva pra saber se ele viria hoje, eu me sentei ao lado de Jisoo, como sempre, e não desgrudei meus olhos da entrada do colégio.

Para minha sorte, não demorou muito e Sehun chegou, conversando animadamente com alguém, que não era ninguém mais, ninguém menos que o professor Jeon.

Meus olhos se cravaram nele, que parecia completamente saudável, fora o pequeno curativo em sua testa. Não estava pálido, muito menos abatido. Parecia até bastante animado, rindo enquanto conversava, e andava normalmente, sem sinais de lesões ou fraqueza.

Um alívio imenso me dominou, mas não consegui relaxar por completo, porque logo os olhos de Sehun estavam nos meus, e ele sorriu fraco, parecendo ressentido com a desculpa brusca de ontem.

Tudo que me faltava era ficar mal com ele, sem dúvida.

O dia se passou tediosamente, fora minha inquietação. Depois do intervalo, arrastei Sehun para uma sala que sempre ficava vazia no térreo e me desculpei pela pressa do dia anterior, restabelecendo a calma em nossa relação.

Apesar de tudo estar se endireitando novamente, eu ainda estava determinada a pedir desculpas a Jungkook e me ver livre daquela horrível sensação de culpa, mas só a hipótese de ter aquele olhar enfurecido no meu já me fazia tremer da cabeça aos pés.

Biology - Liskook (Livro 1)Where stories live. Discover now