Capítulo 8

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Depois de colocar Samuel para dormir, fui para o banheiro tomar banho. Peguei minha toalha no quarto e depois fui para o banho.
Pendurei a toalha no gancho da porta. Tirei a roupa, liguei o chuveiro e entrei no box.
Deixei a água escorrer pelo meu corpo se me mexer. Estava me segurando para não chorar. Precisava permanecer firme. E continuaria firme sim. Só que ninguém é de ferro. Até o ferro sofre mutação para chegar ate a forma que o ferreiro quer. Mas que forma Deus quer que eu fique? Será que já acabou ou esta esperando para eu ficar feliz só um pouquinho pra sofrer denovo?
Não sei o que o futuro me reserva, mas espero que compense toda a merda que vivi até agora. A única coisa boa na minha vida é meu filho. Quando penso nele o sorriso é certo. A alegria vem e é nesse pensamento que me agarro. Meu filho merece saber a verdade. Amanhã converso com ele sobre o que aconteceu com a casa e depois converso sobre seu pai e eu.

Desligo o chuveiro e me seco com a toalha. Vi uma marquinha de chupão na parte interna da minha coxa. Aquele ruivo... Sacana. Me deixou uma marca. Porque fiquei feliz ao lembrar dele? Eu enh... Saí desse corpo. Só foi uma noite e a possibilidade de nos vermos novamente é uma em um bilhão.
Mas sendo sincera comigo mesma... Aquela noite foi incrível. Nunca fiquei com alguém que fosse tão bom de cama assim. Ele não era só bom, era excelente! Aquelas mãos percorrendo meu corpo, acariciando meus mamilos, tocando meu rosto, puxando meu cabelo... Ui! Nossa... Lembrar disso me deixou excitada e com um frio no estômago. Ele foi excelente, mas não vou deixar qualquer um entrar na minha vida. Se um dia eu me apaixonar essa pessoa vai me amar e amar meu filho como se fosse seu próprio. Como sei que isso está longe de acontecer,vou divertir um pouco até lá.

Desço para a cozinha para conversar com Mary. Ela fica até tarde fazendo massas para pão e de manhã ela só coloca no forno e temos pão fresquinho e caseiro pela manhã.

- Olá querida! Sente-se e coma alguma coisa. Você deve estar faminta. Disse Mary enquanto colocava um prato de sopa quentinha a minha frente. Mary sabe que amo sua sopa. Tem gostinho de infância e de casa.

- Obrigado Mary. Estou realmente faminta. Sua sopa é minha favorita. Amanhã vou começar a procurar um lugar para ficar. Não quero incômoda- lá. Disse levando a colher cheia de sopa a boca.

- Fique o tempo que precisar querida. Afinal vocês são da família. Nunca deixaria meu neto e minha filha desamparados. E assim tenho uma desculpa para usar essa cozinha todo dia. Voce sabe que amo cozinhar neh? Disse Mary sovando a massa de pão.

- Sim Mary, eu sei. Mas ainda assim, vou começar a procurar um lugar pra ficar. Não quero encontrar com Pedro no momento e sei que ele vem para visitar a senhora.

- Querida por falar nisso, Pedro ligou e disse que virá aqui amanhã para conversar com Samuel e você. Acho melhor ligar pra ele filha.  Olhou para mim e me empurrou um papelzinho que ela anotou o recado.

- Caramba Mary... Não sei se vou conseguir conversar com ele amigavelmente. Estou furiosa ainda.

- Eu sei querida. Isso é você quem vai decidir. Mas uma coisa ele está certo... Vocês dois devem conversar com Sam. Vocês são pais dele. Mas ligue filha. Conversem primeiro e depois conversem com Sam. Assim vocês não entraram em conflito na frente do filho de vocês. Disse separando a massa em pedaços e dando forma e colocando na assadeira para descansar.

- Depois que eu tomar a sua sopa maravilhosa, eu ligo pra ele. Que Deus me dê muito sabedoria pra lidar com ele. Disse tomando minha sopa e Mary soltando uma risadinha pelo jeito que falei.

Após lavar o prato e ajudar Mary na cozinha, eu só pensava em dormir. Mas ela tinha razão. Precisava conversar com Pedro a respeito do nosso filho.
Peguei meu celular no quarto e desci até a varanda para ter mais privacidade e se eu perdesse a paciência eu mandava ele pra casa do Carvalho bem alto. Assim eu não acordaria Samuel. Disquei o número e esperei até atender no terceiro toque.

- Oi Becca. Liguei mais cedo pra casa da minha mãe e soube do incêndio. Lamento por isso.
Parecia sincero seu tom de voz. Mesmo assim eu desconfiava dele.

- Pedro liguei porque você me pediu, para conversarmos com Samuel a respeito da separação. Agora com o incêndio serão duas notícias que podem quebrar a infância dele. Você tem noção disso? Perguntei quase perdendo a paciência.

- Calma... Eu entendo seu ponto de vista. Mas Samuel é forte e sempre nos surpreendeu. Lembra daquela vez que você achou que ele iria ficar triste porque não tinha aquele carro gigante que ele queria ,aí você deu a ele ferramentas de plástico pra ele construir um e ele adorou.

- Sim lembro. Disse me lembrando daquele dia. Ele me pediu o ano inteiro um carro monstro e quando fui comprar tinha esgotado.

- Rebecca, nosso filho é forte. Sei que nossa relação não iria mais para frente. Você não queria se casar comigo e com o tempo acabei mudando.

- Mudou pra pior Pedro! Custava chegar pra mim e ser sincero? Iria morrer se fizesse o certo? Olha você foi um grande ridículo escroto comigo. Espero que não seje assim com nosso filho.  Segurei o braço da cadeira e apertei para me segurar. Estava uma pilha de nervos.

- É Rebecca eu fui sim. Admito! Nosso filho sempre terá o melhor de mim e você fará o mesmo. Eu tenho raiva também do que aconteceu entre a gente. Sou humano!  Tenho limite e o meu foi ver que o que tínhamos não era bom pra você. 

- Pedro sei que quase não tínhamos tempo para conversar, mas quando tínhamos, onde você estava? Onde eu estava? Vamos ser sinceros um com o outro agora, ok? Você queria que EU fizesse tudo o que você desejasse. Quando não dei, você arrumou outra pessoa e jogou a culpa em mim. Mas a culpa aqui é dos dois. Eu não queria casar! Eu ainda não quero! Não sinto isso no meu coração. Quando você chegava em casa, tudo estava arrumado e perfeito. Eu estava sempre disposta, mas o que você fez? Me esnobava. Dizia que estava cansado, que estava com dor de cabeça, que não dava. Quando te agradava sexualmente, você não retribuia comigo. Eu estava compromissada com você, não precisava de papel ou de qualquer outro meio oficial registrado para dizer que eramos casados. Anos depois de termos nosso filho descobri que as contas não estavam batendo. Estavamos gastando demais. Achei que fosse para a poupança de Sam. Mas aí vi um recibo de uma joalheria. Pensei que iria ser pro nosso aniversário... E mais uma vez me enganei. Nunca recebi essa joia. E sabe de uma coisa, por mais que eu ainda esteje com raiva pelo que fez, estou aliviada por saber quem é você de verdade e por não ser mais nada sua. Essa raiva, vai me ser útil um dia e espero que você realmente seje feliz e que não faça com ela a mesma coisa que fez comigo. Passar bem!  Desliguei.

Larguei o celular em cima da mesa,me apoiei na cadeira e fechei os olhos. Inspira... Respira.... Inspira... Respira... Inspira... Respira...
Minha mãe dizia quando ficava nervosa. Queria que ela estivesse aqui, em saberia me dizer o que fazer. 
Abri os olhos e respirei novamente. Ouvi passos e Mary apareceu. Não precisou falar, ela só me abraçou e mergulhei nesse abraço de mãe. Senti o carinho dela por e o conforto. Ainda abraçadas,ela disse:

- Querida, siga em frente. Você é forte seu filho puxou isso de você. Sei que essa raiva vai passar e tudo vai ficar bem. Mas se permita chorar, se permita expor essa dor filha. Você não é baú. Então coloque para fora e viva um dia de cada vez até que esteje pronta para voar. E acredite você vai longe minha querida. Saímos do abraço e ela me olhou em meus olhos esperando uma resposta.

- Você tem razão, obrigado Mary. Você tem sido como uma mãe pra mim. Agradeci.

- Só estou fazendo meu trabalho... Sendo mãe. Agora vamos dormir filha. Que amanhã teremos um dia cheio. Ela me conduziu pelos ombros até o corredor. Entrei no meu quarto e ela no dela. Mas antes de dormir sempre vejo meu filho, entro em seu quarto e ainda esta dormindo. Sorri vendo essa imagem e fui pra minha cama dormir.
Mas, ao invés de dormir e descançar, sonhei com um ruivo sexy sorrindo safado me pedindo em casamento no meio da chuva com a roupa suja de lama.

Foi apenas uma noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora