Capítulo 26

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Lizzy

Meu Deus... O que fizeram com ele? — minha voz mal saia da boca. Ver Jack, ao vivo e a cores naquela situação humilhante, me fez perder as forças. O que me mantinha de pé, era Nanmir que segurava minha cintura.
— Vamos sair daqui agora, Lizzy. — Nanmir me levou para fora da mansão antes que Jack me visse ou pior, eu estragasse todo o plano.



Quando cheguei a Istambul, eu tinha um plano mal formado na cabeça e com um único objetivo, encontrar Jack e trazê-lo para casa. Assim que desci no aeroporto, Nanmir estava encostado no carro me esperando. Eu me sentia mal por usar ele para encontrar meu amado. Mas empurrei o pensamento lá para o fundo do baú. Comprimento Nanmir e o mesmo me dá um abraço.

— Lizzy, minha musa! Você continua lindíssima. — ele se afasta e me olha da cabeça aos pés. Fico desconfortável, mas me seguro. Preciso dele para o meu plano. — Vamos indo? Sei que precisa descansar por causa da viagem. — Ele me sorriu estranho dessa vez. Não era um sorriso assassino ou com mais intenções. Eu o conhecia o suficiente pra saber que ele estava nervoso. Tem caroço nesse angum, Rebecca diría.

— Vamos sim, quero te contar tudo o que rolou nos últimos meses. — fingi estar muito feliz e empolgada por vê-lo e o abracei, porém, sussurrei em seu ouvido. — Preciso da sua ajuda. — nos afastamos e ele sorriu pra mim. Depois de colocar as malas no carro, seguimos viagem para o hotel ao qual reservei.

— Minha lady, não iremos para o hotel. Eu sei porque veio. — Ele me encarou quando paramos no sinal. Seu olhar estava sem brilho pela tristeza. — Sei que quer salvar seu noivo. Então para sua segurança. Vamos para minha casa, é muito mais seguro. — meu queixo caiu. Como ele sabia disso? Tá que ele disse que tinha visto Jack a alguns dias. Mas como ele percebeu que eu iria trazê-lo de volta para casa?

— C-como você...— ele volta a dirigir, mas responde minha pergunta.

— Porque eu a conheço Lizzy. Sei que faria o impensável para tentar ajudar alguém que ama. — ele deu um sorriso triste, me coração partiu ao ver isso. Ele abriu a boca para falar algo mais, mas não disse.


— Você pode me ajudar com meu plano? Eu realmente preciso tirar ele de onde ele está. — ele balançou a cabeça negativamente. O que? Ele não vai me ajudar? Que porra! Agora tem ponta solta, ele sabe o que quero fazer.

— Em casa falamos melhor sobre o plano. Seja o que for que você planejou, está uma merda. Desculpe Lizzy, mas quando que seus planos deram certo? Lembra da festa de primavera no colégio? Ou da Frida e o Antônio? O plano era operação cupido e cupido virou um demônio. Não mesmo. Se quer ter sucesso em resgatar Jack, terá que seguir meu plano. — Ele estava tão sério, algo nele tinha mudado. Nunca o vi tão sério. Chegou a me dar um embrulho no estômago e um lampejo de adrenalina no sangue, mas respirei e tudo voltou a se calmar.

— Nem me lembre daquela festa ... Estava tudo perfeito e por causa de um detalhezinho, foi tudo por água abaixo. — na verdade foi um detalhe muito importante, a festa seria para angariar fundos para uma família necessitada da escola.
Mantivemos a família anônima e dissemos que era para os mais necessitados e até aí tudo ocorreu bem. O problema desse detalhe, era que a festa estava aberta a toda comunidade. Então, os rivais do nosso colégio invadiram a festa. A namorada de um dos rapazes da escola rival, estudava na nosso colégio, ela estava conversando com um amigo, quando o namorada dela viu, aí rolou pancadaria generalizada. Chamamos polícia e tudo. Deu muita merda. O dinheiro que tínhamos arrecadado, foi roubado. Não encontramos o dinheiro e no final das contas, fiz uma doação anônima para a família. Eles realmente precisavam.

Mas isso não foi culpa minha, quem brigou foi eles, não eu e só depois do furdunço é que descobri o motivo da briga. Me virei para Nanmir e ele ainda estava sério.

— Nanmir, tem alguma coisa acontecendo com você. Você está estranho. Aconteceu alguma coisa com você? — ele realmente estava estranho. Ele suspirou e então me respondeu.

— Estou pensando na sua segurança, Lizzy. Tem noção de onde você está se metendo? Isso é perigoso demais. — ele segurou o volante mais firme e soltou um suspiro de frustração.

— Como assim? Você sabe muito mais do me disse Nanmir. Melhor me dizer tudo antes que eu descubra sozinha. — ele aperto a mandíbula e os lábios, depois suspirou.

— Ao chegarmos em casa, direi tudo o que sei. — ele reduziu a velocidade e entrou pelos portões da sua casa.— Afinal de contas, você não é o único a tentando tirar alguém de lá. — Como assim? Ele também está tentando tirar alguém de lá? Pensei em alguma hipótese. Ele me encarou e parou o carro. Não vi nenhum traço de mentira ou algo do tipo no seu olhar. Eu só vi... Frustração.

— Nanmir, quem você está tentando salvar? — ele desviou o olhar e desceu do carro. Ele abriu a porta para mim e seu mordomo pegou minhas malas.

Ao entrarmos na mansão, fiquei de queixo caído. Escadas de mármore branco e o corrimão de marfim, um lustre gigante de cristais pendurado no teto. E o que fez meu queixo cair mesmo, foi ver a foto da nossa antiga turma em um quadro enorme na parede.

— Uau! É lindo! Achei que não tivesse mais esse foto. — Nanmir sorriu com as mãos no bolso da calça jeans e olhou para o quadro.

— Guardei durante todos esses anos, faz 2 anos que pedi para um pintor fazer esse quadro da foto. É  realmente nostálgico. — Seu olhar foi em direção de uma de nossas amigas, Katherine Morgan. Ela era a garota tímida e doce. Ela sempre foi apaixonada por Nanmir naquela época. Mas acho que ele nunca notou, como todos nós fazíamos parte da mesma turma, ele deve não ter notado os olhares dela pra ele quando conversavam. Depois que nós formamos, perdi o contato com ela.

— Você tem notícia de todos? Ainda tenho contato com o trio maravilha e os agentes do futuro. Mas perdi o contato de Katy. — ele soltou o ar e balançou a cabeça confirmando.

— Tenho contato com quase todos. Menos Katy. Ela foi sequestrada dois anos após a formatura. Ela estava fazendo estágio numa editora em Londres e ao sair do trabalho a levaram. A polícia não descobriu mais nenhum rastro dela ou de quem a levou. Mas, eu descobri onde ela está por acaso. — ele pegou uma garrafa de água e me deu.

— Então... Aquele negócio de estar tentando salvar alguém... — era ela, Katy.

— Me refería a Katherine. Ela está presa naquele lugar, uma vez na semana eu vou vê-la. Ela sofre   naquele lugar, assim como todos que trabalha lá. Foi assim que vi  Jack, e na mesma hora, eu sabia que você viria. Mesmo ele implorando para que você não viesse. — ele se aproximou de mim e segurou uma das minhas mãos, eu só ouvia tudo com surpresa e atenção.

— Espera... Se estou entendo tudo, você está tentando tirar Katy desse lugar que até agora você não me disse onde é. Por coincidência, encontrou Jack e pelo que percebi, vocês conversaram. — o encarei enquanto falava, eu não era tão burra assim para não perceber que ele estava escondendo coisas de mim. Até o mais idiota ligaria os pontos. Mas, onde diabos ele eata exatamente, merda?! Minha mente gritava por respostas, mas preciso manter a calma. Então continuei. — Jack que me disse que está preso, sendo humilhado de muitas formas. Agora, como vocês conversaram, se ele estava sendo vigiado? Em lugar de merda eles estão, pra você se enfiar com esses bandidos que levaram meu Jack, Nanmir? — levantei um pouco minha voz e o encarei com raiva dessa vez.
     Na minha cabeça, eu criava inúmeras teorias. Se Nanmir conhecia muita gente famosa e muitos lugares promíscuos, então ele sabe onde Jack está, porém, ele pode estar envolvido com os bandidos que o levaram. minha mente está fervilhando de tanto que penso a respeito. Mas, antes que eu pudesse falar algumas das minha teorias, Nanmir levantou as mãos pedindo calma. Ele sabia que eu estava pensando demais e que estava evidentemente irritada por ele me dizer poucas palavras.

— Olhe, primeiro de tudo — ele foi em direção a uma porta dupla de madeira massisa muito bem trabalhada e a abriu. Era seu escritório, ele apontou para uma poltrona enorme e me sentei. Enquanto nos servia um uísque duplo, ele continuou. — vamos precisar de bebida e de um lugar que não irá sair nada. Esse escritório é a prova de som. Então, nenhum ruído saí daqui. — ele bebeu seu uísque e me encarou.

— Fale logo, Nanmir. Por favor! — então, ele me contou tudo.

Nanmir me disse, que estava numa boate com seus amigos, quando um deles o convidou para um lugar exclusivo. Só a nata frequentava o local, pois era discreto e o sigilo era regra. Então, ele foi nessa boate, que na verdade, era uma mansão enorme fora da cidade.

Quando ele entrou, ele viu que tinha de tudo. Literalmente tudo. Drogas, garotas e garotos de programa e até uma zebra de estimação. Ninguém

podia tocar em nenhuma mulher ou homem da casa, todos estavam como exibição. Se quisesse, teria que pagar uma boa grana antes. Alguns dos convidados, era chamado para uma sala privada e ficavam lá por alguns minutos. Ao saírem, algumas mulheres e homens descia as escadas em direção as mesmas pessoas que saíra da sala anteriormente. Todos iam embora do lugar com seus pares. O amigo dele disse, que fora comprados ou alugados por uma noite. Alguns voltava para a mansão, outros nunca mais voltará.

A boate era bem movimentada, as mulheres e homens dançava em um palco pequeno num salão com pole dance espalhados. Nanmir estava bebendo no bar e vendo o show das dançarinas, quando ele viu Katy cantando no meio delas. Era única a estar com vestido comprido, mas muito sensual. Ele achou que fosse alguém muito parecido com ela. Mas, para seu espanto e infelicidade era a própria Katy. Quando o show acabou, ele se aproximou e para conversar com ela. Nanmir pagou um homem grande a quantia necessária para levar ela para o quarto. Ela tinha fingido que não o conhecia, e ele entendeu isso de imediato. Por isso, a levou para o quarto. Ao passar pelo corredor, eles esbarram com Jack.

Mas, Nanmir disse em voz baixa que não o conhecia.

Nanmir entrou no quarto com Katy e ela abraçou imediatamente. Ela contou pra ele como ela foi parar lá e quanto tempo ela estava presa naquela casa. Ela contou que eles sofriam tortura física e mental constantemente. Às vezes, matavam quem fugisse ou quem pedisse socorro. Aconteceu três vezes, depois disso, todos ficaram com medo. Pois, eles sabiam quem era suas famílias. Então, todos faziam o que eles mandavam. Ela me disse que tudo ali era ilegal, tirando a venda de bebida. Disse também, que poucas eram compradas e levadas embora daquele lugar. Que eles mesmo limpavam o lugar enorme, e que o chefe do lugar, castigava quem saisse da linha. Dependendo do dia, ele deixava a pessoa sem andar direito. Nunca batia em nossos rostos, afinal, perderia lucro. Ela cantava pois tinha uma boa voz, mas quando a queriam e pagavam por isso, ela era obrigada a ir. Então, ele disse que iria vê-la no dia seguinte, mas ela o proibiu. Isso colocaria a vida dela e a dele em risco. Então, eles palnejaram se ver uma vez na semana. Enquanto isso, ele perguntou sobre Jack, quando ele tinha chegado naquele lugar e se foi da mesma forma que ela foi parar lá. Ela contou que ele foi de livre e espontânea pressão. Jack tinha feito amizade com todos naquele lugar, mas o chefe mandava ele fazer os piores trabalhos. Depois, de algumas semanas, ele conseguiu conversar com os dois. Pagou para isso,claro. Mas, valeu a pena. Jack contou o mesmo que Katy, mas me disse, que tinha deixado provas para trás e que, encontrariam ele naquele bordel. Jack pediu também, para que se caso, Nanmir me visse, não me deixasse ir atrás dele. Então, com o passar dos dias, eles davam informações a Nanmir de como funcionava as coisas lá dentro. Vez ou outra, ele pagava por outra garota, para não ficar suspeito.

Eu tinha outro plano em mente. Um sem furos e que irá exigir muita grana e gente envolvida.

— Nanmir, o plano de vocês tem furos. Não podem contar com a sorte e com poucas informações. Já pensou que aqueles bandidos podem dar informações erradas para eles, no caso de que houvesse alguma fuga e alguém de fora pudesse levá-los? — Nanmir suspirou e concordou. — Olha... Eu tenho um plano, sei que você não confia nos meus planos que sempre dão merda no final. Mas, me escute mesmo assim. — Nanmir me serviu outra dose de uísque e bebi tudo num só gole.

— É o mínimo que posso fazer no momento, minha musa. — ele sorriu e pediu para que eu continuasse. Dei um suspiro e contei meu plano. A confiança desses bandidos em vender essas pessoas só me fazia pensar que eles tinham rastreadores implantados em seus corpos. Pois se fosse um colar ou algum objeto, seria facilmente removido e as chances de escapar muito maiores. Além do terror psicológico, os abusos físicos eram constantes naquele lugar. O melhor por hora é planejar e se preparar caso o plano não saía como planejado.

    

Foi apenas uma noiteWhere stories live. Discover now