02 • Finalmente - ANNE

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Piano.

Eu consigo escutar um piano.

O som é abafado, aos poucos ele aumenta... ficando mais claro para se ouvir.

Eu estou acordando? Estava desmaiada? Será que bati com a cabeça? Não sei. Não faço ideia. Mas sei que consigo ouvir um piano.

Ótimo. Eu tenho certeza que estou acordada agora, posso ouvir perfeitamente o som do piano, e reconheceria essa melodia mesmo se só olhasse as partituras.

Clair de Lune, de Claude Debussy.

Me sinto um pouco tonta, meu corpo parece estar mole demais, no entanto, eu não consigo me mover. Não consigo? Por que não? Tente mover-se, sua burra. A voz da minha cabeça me orienta de forma nada simpática. Certo, tentar me mover.

Não dá. Tento mexer meus braços, pernas, qualquer parte do corpo, mas simplesmente não dá. É como se eu estivesse amarrada.

Como se estivesse amarrada. Mas isso não faz o menor sentido! Não faz sentido porque isso significaria que...

Espera. Um. Segundo.

Ah, céus. Será que é agora? Será que finalmente vai acontecer?

- Bom dia, gracinha. - Uma voz masculina muito próxima me assusta. Finalmente consigo abrir os olhos vagarosamente e assim que os abro, eu constato o que acabei de considerar.

Um homem está sentado numa cadeira bem na minha frente. Ele usa roupas pretas: Uma calça rajada, como as do exército, uma camiseta de manga que cobre um pouco de seus bicepis, cuturnos de cadarço. Seu visual combina com seu olhar, é predatório.

Seus cabelos são escuros, de cor chocolate, ele tem pequenas ondas que quase formam cachos. Seu maxilar tem uma bela modelagem, suas sobrancelhas são expressivas, e o sorrisinho nos seus lábios naturalmente rosados torna-o um pouco simpático.

Ah, simpático? Pelo amor de Deus Anne Shirley, o homem te sequestrou! Fale alguma coisa, defenda-se.

- Quem é você? - Pergunto a primeira coisa que vem à minha mente.

- Você não precisa realmente saber disso. - Ele dá de ombros, se espreguiçando em seguida na cadeira que está a mais ou menos um passo de distância de mim.

- Preciso saber quem é que vai finalmente me matar. - Finalmente? Qual é a porra do seu problema? Ele vai achar que você é louca!

- Finalmente? - O moreno questiona, e o sorriso em seus lábios se alarga ao mesmo tempo que ele cruza seus braços sobre o peito. Sua postura é completamente descontraída.

- Saiu sem querer. - Apresso-me ao responder - Mas eu quero saber quem você é.

- Você não tem que querer nada, gracinha.

- Pare de me chamar assim. - Resmungo por impulso, mas não me repreendo nem peço desculpas.

Quem sabe assim ele me mate logo e eu finalmente vou ver tudo. Finalmente serei livre para ter a minha experiência, para ver o que está esperando por mim no outro lado.

- Tsc tsc tsc. - Ele estala a língua, negando com a cabeça - Se eu fosse você, seria mais educada. Posso acabar com isso em um segundo...

Dirty Love • AU shirbert • EM ANDAMENTOWhere stories live. Discover now