ᶜᵃᵖⁱ́ᵗᵘˡᵒ ³

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     Me olhava na frente do espelho, refletindo tudo o que aconteceu comigo, e com minha família.

Sei que irá fazer um ano que isso aconteceu, mas é bem difícil esquecer aquela maldita cena que fica se repetindo em minha mente.

Me sento em minha cama respirando fundo enquanto abria meu diário com o lápis na mão.

                     { 29/10/1964 }

    " Seus rostos não saem de minha mente, meu coração está partido de todas as formas possíveis.
Perdi vocês, e as vezes penso que perdi ele, minha vida inteira nunca pensei que tudo isso acontecesse.
Sinto falta de vocês, e dele. Sei que já perdi vocês, e que não tenho mais volta para isso, então sempre tento deixa-los ir, mas as vezes minha mente não colabora, e meus pesadelos também.
Sei que não estão aqui comigo agora, mas se puderem me escutar, saibam que eu os amo até o infinito.
     Eu os amo muito. "

Sentia minhas lágrimas começarem a se rastejar em meu rosto. Apenas fecho meu olhos deixando-as caírem sem hesitar.

Apenas tenho que agradecer por não passar mais igual no começo do ano, ou talvez quando aquilo havia acabado de acontecer, eu sofria mais do que agora.

Respiro fundo tombando minha cabeça para trás, e logo começo a secar minhas lágrimas, e por fim, fecho meu diário e o coloco na cômoda novamente.

                         [ . . . ]

Respiro fundo, e me sento na cadeira da cozinha, frustrada.

—— Temos que ajudar ele. —— falei abrindo meus olhos.

Klaus estava apoiado de costas na mesa com os braços cruzados.

—— E se deixarmos ele quieto? —— Luther fala sem contato visual, mas percebi a ignorância em seu tom de voz.

Revirei os olhos irritada com ele.

—— Caramba. Ele está preso naquele maldito quarto, já faz semanas, semanas não, meses! —— falei nervosa.

Vânya que estava na minha frente, não falou nada, Diego estava apoiado no pia de costa para ela, e Luther em pé.

Olhei para todos eles com esperança, mas não obtive respostas.

—— É sério isso? Vocês não vão falar nada? —— falei indignada.

—— A Allison está certa. Precisamos ajudar o Cinco, e sei que ele não é o único que sente falta dela. —— Vânya se pronunciou, olhando para todos à sua volta.

—— Ah, obrigado! —— falei agradecida por ela ter falado, e com ironia para os outros que se quer abriram a boca.

Suspirei pesado, e apoiei minha cabeça na minha mão.

—— E o que podemos fazer? —— Klaus questionou depois de alguns segundos de silêncio, com uma voz suave.

Olhamos para ele pensativos.

—— E se, falarmos com o Herb. —— Diego indagou, olhando fixamente para o chão pensativo.

—— Com a comissão? Não acho que seria uma boa ideia, e Cinco possivelmente não gostaria de se envolver novamente com eles. —— Luther se pronunciou.

O ruim de tudo, é que Luther estava certo. Cinco odiaria se envolver com eles novamente.

—— Ele não consegue fazer os cálculos. Nossa única opção é essa. —— Diego afirmou.

—— Mesmo que ele não precise ficar sabendo. —— ele completou, e então todos nós olhamos para ele.

Diego tem razão, temos que ceder por essa opção, mesmo que Cinco não saiba.

—— Olha, não sei se seria legal fazermos isso pelas costas dele. Mesmo que seja por uma boa causa. —— Luther afirmou hesitante.

—— Que tal fazermos uma votação. Quem apoia a ideia do Diego, e quem apoia a ideia do Luther, que é não fazermos nada, e deixar nosso irmão sofrer. —— Klaus falou a última parte com um certo deboche para Luther.

—— Então tá. Quem apoia o Luther? —— Klaus nos questionou, e ninguém levantou a mão.

Vi Klaus soltar um sorriso confiante.

—— E quem apoia o Diego? —— Klaus nos questionou de novo, e desta vez, todos nós levantamos a mão, até mesmo Luther, depois de leves segundos pensando, e por influência de nossos olhares de pressão sobre ele.

Soltei um sorriso satisfeita com isso, e logo ouvi uma mini comemoração de Klaus. Vânya também estava com um sorriso estampado no rosto, Diego tentava conter o sorriso, mas foi em vão.

—— Agora que Ben não está mais comigo, S/n é minha única amiga, então quanto antes melhor. —— Klaus falou sorrindo torto por lembrar de Ben não ser mais o mesmo que antes.

——  precisamos de um plano primeiro, Klaus. E também precisamos saber onde eles estão. —— Diego afirmou.

—— Para que vocês precisam de um plano? —— ouvimos uma voz se pronunciar pelo local.

Então vi Fei, a "número três" da Sparrow academy, adentrar a cozinha, indo até a pia.

Ela não é má, nem coisa do tipo, mas guardo um pequeno rancor dela, e praticamente de toda Sparrow academy. Mas estou tentando me acostumar com eles.

—— Nada que seja da sua conta. —— Diego falou saindo de perto dela, vindo até a mesa, e se sentou ao meu lado.

—— Tá, foi mal aí, só fiquei curiosa. —— ela falou bebendo a água.

Ficamos todos em silêncio, até alguém se pronunciar.

—— É sobre o Cinco, não é? —— Fei falou assim que terminou de beber sua água.

Olhamos todos para ela, e tentei inventar alguma mentira, para não precisar envolver ela.

—— E por que, você acha isso? —— Diego questionou primeiro.

—— Por que está na cara. O garoto não sai do quarto desde aquele nosso acordo. —— ela falou óbvia.

—— Olha, sei que vocês estão tentando ser legais com a gente, e nós também estamos tentando. Mas não quer dizer que vocês tem que se envolver no assunto da nossa família. —— falei dando ênfase no, nossa, e em um tom exausta por eles quererem se envolver com nós.

Apenas me levantei da cadeira, e sai da cozinha, peguei minha bolsa e fui até a saída.

—— Ei, Allison! Aonde você vai? —— ouvi Vânya me questionar vindo atrás de mim em passos apreçados.

Então parei de andar, e olhei para trás.

—— Vou tomar um ar, preciso espairecer minha cabeça um pouco. —— falei calmamente.

—— Ah, sim. Posso ir com você? Não quero ficar aqui. —— Vânya me perguntou hesitante.

—— Claro. Vem, vamos. —— falei sorrindo, e então saímos de casa.

Estou bem exausta, preciso respirar um pouco.

Vânya é uma boa companheira, então não vou me importo se ela vier comigo, ela é uma boa ouvinte.

❛𝗡𝗢𝗦𝗦𝗔 𝗣𝗥𝗢𝗠𝗘𝗦𝗦𝗔❜ 𝖼𝗂𝗇𝖼𝗈 𝗁𝖺𝗋𝗀𝗋𝖾𝖾𝗏𝖾𝗌Onde histórias criam vida. Descubra agora