Oblivium | jjk + pjm

12. Demônios e humanos podem ser amigos?

— O sorteio começou — anunciou um dos subordinados de Jordan assim que entrou pela porta do SVAI.

Oblivium e Solaris trocaram um olhar preocupado, ambos temendo o resultado que estava por vir.

Naquele instante ocorria o grande sorteio para decidir os departamentos que recepcionariam Ira e Invidia quando os dois retornassem do maior evento de todo o Inferno: a Seleção de Almas.

Para que esse sorteio fosse realizado, os chefes de cada setor eram chamados ao Salão Principal da INFCORP e de três a cinco setores eram selecionados para aguardar os Pecados.

Fazer parte da recepção não era uma coisa boa, como já deve imaginar.

Ira, após o retorno dos últimos comitês de seleção, tinha mostrado sua forma bestial, um indicativo de que as disputas com os Céus não estavam saindo como o planejado pelo CEO. Os funcionários selecionados para as boas-vindas eram usados para aplacar a irritação do Pecado, Ira só se acalmava após o desmembramento de alguns muitos colaboradores de sua empresa e de causar terremotos e erupções vulcânicas no mundo humano.

Costumavam ser dez departamentos no começo, contudo, como estavam perdendo muitas almas para os Céus, Ira resolveu reduzir a quantidade de funcionários que estava disposto a arriscar perder, uma vez que os demônios mortos pelo Pecado acabavam no Limbo e dificilmente conseguiam retornar. Anteriormente disse que apenas uma coisa poderia tirar demônios do Limbo: seus nomes chamados por humanos. Porém... bom, tem uma exceção que não mencionei, mas será revelada mais adiante.

Explicado isso, imagino que entenda o nervosismo de Solaris, Oblivium e de todos os outros demônios de todos os setores da INFCORP. Alguns tentavam fingir estar trabalhando enquanto deixavam os olhos fixos na porta, caso de Oblivium, outros encaravam a tela do computador mantendo os ouvidos atentos para qualquer barulho vindo do acesso do SVAI, caso de Solaris, mas havia um ser perdido no meio de tanta tensão.

— O que é esse sorteio? — o estagiário de orelhas pontudas parou ao lado da estação de trabalho dos dois amigos.

— Ninguém te explicou? — Oblivium arregalou os olhos. — Oh... torça pra não sermos selecionados, você não vai querer descobrir na prática.

— Qual é o seu nome mesmo? — Solaris se adiantou.

— Teneris.

— Então, Teneris, sabe o que o Obli fez com o Mérida? — o demônio radiante continuou.

— Hm... — Teneris assentiu, olhando para Oblivium rapidinho antes de voltar-se para Solaris. — Sim.

— Quando Ira perde muitas almas, ele faz aquilo, mas com uma centena de nós... — o demônio radiante baixou a voz — E não se contenta em arrancar só cabeças...

Oblivium sorriu com o tom sombrio que Solaris usou em uma tentativa de assustar o estagiário, o demônio radiante se divertia à sua maneira.

— M-mas ele parece sempre tão...

— Cortês? — Oblivium interrompeu.

— É. E calmo.

— Hah, é. Torce pra esse ser o único lado dele que você vai ver.

Assim que o estagiário se encolheu, a porta do SVAI abriu com um estrondo e fez todos os trabalhadores observarem atentos.

A versão demoníaca de Leonardo DiCaprio vestindo um terno cinza e usando cabelos penteados para trás entrou de uma cara fechada e queixo erguido. Seus subordinados estavam estáticos, em silêncio. Jordan deu um passo adiante, o baque de seus sapatos contra o piso era o único barulho audível. O demônio parou em frente às mesas dos funcionários, respirou fundo e abriu os braços.