Capítulo 4: Descobertas

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  Passados dois meses, já estávamos conseguindo nos acostumar um pouco, criamos armadilhas para capturar pequenos animais para a nossa alimentação. Certo dia, nossos captores deixaram roupas para usarmos, outro dia nos deram antibióticos, e outras coisas que precisávamos, isso me levou a deduzir que estávamos sendo muito observados todo o tempo, sempre que eu pensava nisso, me dava um desconforto terrível, saber que vc está sendo observado não te deixa muito bem. Em uma manhã, enquanto eu preparava a nossa primeira refeição do dia, ouvimos algo rastejar do lado de fora da nossa pequena habitação. Por precaução mandei o garoto se esconder, construímos um lugar próprio para isso, para quando aparecesse outras criaturas tentando nos matar.

   Com cautela sair para ver o que era que se arrastava, mas não vi nada até então, o medo já estava começando a me dominar. Fiquei uns minutos procurando, tentando localizar qualquer sinal que justificasse o som que ouvimos, porém nada achei. Fiquei aliviado por não ter nada de bizarro ou monstruoso por perto, que era o que eu imaginava que encontraria. Voltei e sem olhar para dentro do cercado, fechei a entrada, quando me virei algo começou a se materializar bem na minha frente, fiquei sem reação alguma, completamente petrificado.

   Naquele momento fui muito burro, fiquei ali parado feito um idiota, deixando o medo e o pavor me impedir de agir, em vez de correr e pagar a arma que eu tinha deixado dentro da casa improvisada enquanto a coisa se formava, burrice maior foi não ter levado a arma comigo quando sair para verificar o local. A aparência desse novo ser, era bem semelhante a uma cobra, só que muitas vezes maior, a cor dela era preta com manchas amarelas. Aquela coisa me olhava fixamente, sem nem se mexer um pouco, eu queria me mover, sair correndo para a mata, e torcer para que ela me seguisse, para ela não encontrar o garoto, que estava escondido, mas eu tinha certeza que qualquer movimento que eu fizesse, ela atacaria rapidamente sem me dar chances de me defender.

   Dei o primeiro passo para trás, o segundo, no terceiro passo ele se moveu rapidamente em minha direção. Me virei o mais rápido que consegui e corri com todas as forças na direção onde tinham árvores próximas umas das outras, ao meu ver assim seria mais difícil para eu ser pego. Mesmo assim essa enorme cobra se movia muito rápido por entre as árvores. Diferente da primeira vez, eu não estava amarrado, minha única opção era correr e tentar achar um lugar para eu me esconder e despistar aquela criatura. Enquanto eu estava correndo, ela lançava um líquido que ao contato com as árvores, corriam elas ao ponto de partirem, se esse líquido me acertasse eu morreria em instantes, consumido por ele.

   Em dado momento, em que eu não aguentava mais correr, tentei avistar um lugar para eu me esconder. Avistei à minha esquerda um tronco de árvore caído, com plantas grandes em torno dele, era uma boa chance de escapar daquele terrível ser, minha melhor opção para sobreviver. Para a minha felicidade, deu certo, esperei aquela monstruosidade se afastar bastante, assim que ficou seguro para me levantar, corri de volta, desejando com todas as forças que Peterson estivesse bem. Enquanto eu avançava, um jato daquele líquido mortal passou bem próximo da minha cabeça, tão próximo que me fez cair com o susto, sim, ela voltou a me perseguir. Me levantei rapidamente e continuei correndo. Quando cheguei no local que eu e o garoto construímos para habitar, não tinha tempo para procurar a pistola, o desespero dificultava a procura, e a criatura já se aproximava do cercado, consegui encontrar o machado, peguei ele e saí antes que aquela coisa monstruosa entrasse na nossa pequena fortaleza feita de troncos.

   Com o machado em mãos me escondi atrás de uma árvore, fiquei esperando a criatura passar para eu dar uma machadada nela com toda força que eu conseguisse. Quanto mais ela se aproximava, mas eu tremia de medo, assim que ela se aproximou bastante, eu tentei dar um golpe na cabeça dela. Foi como bater o machado em uma pedra, de tão dura que era o corpo daquela monstruosidade, após isso achei que minha morte era inevitável. Ela envolveu seu corpo no meu, mas antes que começasse a apertar e a quebrar todos os meus ossos em instantes, o garoto apareceu com a arma de plasma em mãos, e disparou. Houve a exploração, e logo em seguida a cobra monstruosa tinha um belo e grande buraco no seu corpo, nisso ela me saltou e começou a se debater no chão.

—A arma—Gritei para Peterson e ele a jogou para mim, rapidamente dei mais um tiro na cabeça da criatura.

   E como eu esperava, a criatura se desintegrou completamente em minúsculas partículas, não sobrando absolutamente nada. Fui salvo por Peterson, mas eu tinha que dizer a ele que era perigoso.

—Não era para você sair e vir para fora, combinamos que era para ficar lá, até eu ir te chamar, quando tudo estivesse seguro—Falei com seriedade
—Deveria deixar você morrer então?—Ele me respondeu irritado.
—Tudo bem, tudo bem, mas mesmo assim foi perigoso, porém devo te agradecer, garoto, foi muito corajoso hoje, e foi um ótimo tiro hein—Respondi sorrindo para ele.
—Então eu posso ficar com a arma?—Pediu Peterson.
—Não, nem pensar, é perigoso demais ela ficar na sua mão, você pode sem querer atirar em você mesmo—Falei enquanto bagunçava cabeleira dele.

   Horas depois eu estava conversando com o garoto, e ele me contou, que na noite anterior, teve um sonho. Nesse sonho, havia uma cobra enorme perseguindo ele, as características que ele deu, se assemelhava com a enorme cobra que apareceu para nos matar naquele dia. Comecei a pensar sobre isso, se essas criaturas eram criadas por nossas mentes e estavam sendo produzidas para nos matar, mas era apenas uma suposição, não tinha total certeza que era isso mesmo, e torcia para que não fosse, podia ser apenas uma coincidência. Quase não consegui dormir naquela noite, a preocupação e o medo não me deixavam adormecer, mas depois de algumas horas tentando, eu consegui dormir. Tive pesadelos perturbadores, com criaturas monstruosas tentando me matar. Acordei durante um desses pesadelos, me preocupei com a possibilidade dessas criaturas criarem vida naquele lugar onde estávamos, mas tentei ignorar esses pensamentos, porém me mantive atento, não seria pego de surpresa novamente, e não andava mais desarmado.

   Passaram alguns dias, e enquanto eu e o garoto comíamos, outra daquelas caixas que fazia palavras aparecerem , se materializou na nossa frente. Paramos imediatamente de comer e nos afastamos, falei para o garoto ficar atrás de mim. Assim que a materialização teve fim, essas palavras foram projetadas;

  

FASE 1: COMPLETADA

RESULTADO: APROVADOS

FASE 2 SERÁ INICIADA EM 1 MINUTO

  Terminei de ler aquelas palavras, e tive quase certeza que estávamos realmente em algum tipo de teste, um pouco de esperança surgiu naquele momento, se éramos testados, tínhamos chances de sairmos de lá, se passássemos nesse teste. Aguardamos com muito temor esse um minuto, imaginando como seria essa fase 2. Enquanto eu falava com Peterson, orientando ele a não sair de perto de mim, tudo ao nosso redor começou a se desfazer, nos deixando no mais absoluto nada, mas não demorou e logo nosso novo lugar de teste começou a surgir. Estávamos agora em um deserto, um mar infinito de areia.

PROJETO 091 ( Finalizada E Revisada )Onde histórias criam vida. Descubra agora