Capítulo 6: Cidade Das Teias

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  Passados três dias no deserto, encontramos uma grande cidade descolada, decidimos ficar um tempo nela, explorar ela, para quem sabe encontrar algo que nos ajudasse naquele deserto, ou pistas sobre tudo aquilo que estávamos vivendo. Ficamos dias dentro daquela cidade, nas nossas buscas encontramos uma faca grande e uma pequena adaga, e foram as únicas coisas util que achamos até aquele o momento. A adaga deixamos com o garoto, e a faca eu peguei para mim. Decidimos permanecer naquele lugar, ali podíamos nos proteger do sol, de tempestades, da areia, do frio a noite, pouco tempo depois achamos um poço com água, mas um grande motivo para permanecer naquele lugar. Em relação à alimento, havia animais para caçar, já éramos muito bons nisso.
 
—o que fazia da vida antes de vir pra cá?—Perguntei a Cassandra.
—Eu trabalhava em uma mercearia, para pagar minha faculdade de artes. Tudo ia bem, eu estava feliz, mais né, estou aqui agora—Respondeu com uma tristeza no olhar—E você? Oq fazia?—Ela me perguntou.
—Eu era gerente em uma pequena empresa de móveis de cozinha—respondi enquanto lembrava como foi difícil chegar nesse cargo.
—Você estava em algum relacionamento?—Cassandra perguntou, me tirando dos meus pensamentos.
—Então, um pouco antes de vir para cá, eu estava em um relacionamento, a amava muito, ainda a amo, mas com o decorrer do tempo, íamos descobrindo coisas em que éramos muito diferentes, porém nos amávamos muito. Essas nossas diferenças não dificultava nosso relacionamento até então. Mas depois de algum tempo, a nossa relação começou a não dar certo, por conta dessas diferenças, e isso levou ao término do namoro. Foi muito difícil para mim, mas achamos que seria melhor assim. Eu não deixei de amar ela, e acho que nunca vou deixar. Ultimamente tenho pensado muito nela, acho que deveríamos ter tentado mais, não deixar nossas diferenças nos separar, queria que tivéssemos mais uma chance para tentar—Respondi segurando as lagrimas.
 
   Após esse diálogo melancólico se seguiu um silêncio um pouco constrangedor, então para quebrar um pouco o clima, mudei de assunto. Ficamos ali, eu, ela e o garoto, em volta da fogueira por mais algumas horas conversando, criando teorias, sobre aquele lugar em que estávamos, as teorias de Peterson eram as melhores, nos fizeram rir muito naquela noite. Conversamos mais um pouco e fomos dormir. Fui acordado durante a madrugada por Cassandra, me levantei assustado, ela fez sinal para eu não fazer barulho e apontou para o lado de fora de onde estávamos. Havia um grupo de aranhas enormes, do tamanho de cachorros. Com muita cautela observamos para onde elas iam, se dirigiam para mais adentro da cidade, tinha em torno de umas trinta dessas arranhas. Nossa grande cidade solitária não era mais segura, ficamos tão felizes de ter encontrado ela, mas passamos a ter visitantes que provavelmente não eram nem um pouco amigáveis.
 
  Combinamos que pela manhã iríamos embora daquele lugar. Não conseguir dormir, tinha que me manter acordado, para caso aquelas criaturas nos encontrasse. Durante esse tempo acordado em vigília, fiquei pensando se não seria melhor permanecermos na cidade, era um lugar muito bom para ficarmos. Não queria voltar a vagar pelo deserto na esperança de encontrar algum lugar seguro, não tínhamos como garantir que isso iria acontecer. Minha preocupação era maior em relação ao garoto, na cidade seria mais seguro para ele, quase morremos para aquelas aberrações, sem ter nem para onde ir, e escapar. Aquela cidade era um local perfeito para se esconder de todas essas criaturas que apareciam para nos matar. Pela manhã chamei Cassandra para conversar, e propus que deveríamos permanecer, e se possível, formar uma estratégia para matar aquelas arranhas gigantes, assim ficaríamos seguros para nos mantermos ali.

—Você é louco? Tem muitas delas—Cassandra respondeu com uma expressão de espanto. —Estou perfeitamente bem, se criarmos um bom plano, podemos matar todas elas. Essa cidade nos favorece para que esse plano der certo—Respondi desejando muito que ela aceitasse a proposta.
—Isso é loucura, você sabe disso não é? As chances disso funcionar são muito poucas—Disse em um tom sério, ainda me achando um louco.
—Se você não quiser, tudo bem, eu só peço que me empreste seu rifle, e que fiquei de olho em Peterson até eu voltar—Sugerir a ela.

  Ela suspirou fundo e me pediu um tempo para pensar. Não demorou muito e Cassandra aceitou se juntar a mim, para procurar e matar as aranhas gigantes, ela também não queria deixar a cidade. Conversamos sobre como faríamos, e decidimos deixar para fazer no próximo dia e de  dia, assim teríamos tempo para pensar em melhores formas para que o plano desse certo. Nossa maior preocupação era o garoto, não seria seguro levar ele conosco, mas também não seria seguro deixar ele sozinho, porém,  a melhor escolha era não levá-lo, seria mais arriscado se ele fosse conosco. Deixamos Peterson em um lugar onde seria muito difícil dele ser achado por qualquer criatura, e falamos para ele não sair de lá até eu e Cassandra voltarmos. Iniciamos a procura pelas criaturas, ficamos quase toda a tarde procurando, mas não achamos elas. Já começava a anoitecia, decidimos voltar e continuar a buscar no dia seguinte.
 
  Segundo dia de busca sem resultado. No terceiro dia, encontramos sinais delas, teias enormes. Seguimos o rastro deixados pelas criaturas até um amontoado enorme de destroços. Pela quantidade de teias, deduzimos que seria ali a habitação delas. Combinamos que a minha função era atrair elas para o lado de fora, e a de Cassandra de atirar nas abomináveis aranhas, ela ficaria escondida um pouco distante, eu tinha a minha arma para me proteger enquanto servia de isca,
 
  Iniciamos o plano, entrei no esconderijo e chamei a atenção das criaturas que logo vieram na minha direção. De perto elas pareciam maiores ainda em comparação a primeira vez que as vi. A primeira que saiu foi eliminada por Cassandra, em pouco tempo ela já tinha matado mais que a metade delas, isso me deixou admirado, a habilidade que ela tinha com aquela arma era incrível. Haviam em torno de trinta daquelas aranhas, algumas eu conseguia matar, muitas vezes quase foi pego por elas, mas Cassandra como eu já disse, era muito boa com aquele rifle de precisão, e me salvou delas. Sobraram apenas quatro, estávamos pensando que já tínhamos a vitória, mas por um descuido eu fui cercado pelas quatro últimas criaturas. Uma delas pulou para cima de mim, rapidamente enfiei a faca na cabeça dela, assim que penetrou  atirei na criatura que estava mais próxima, as últimas duas avançaram, joguei o corpo da primeira que matei na direção de uma da duas que alcançaram, peguei a faca eu joguei com toda força na direção da outra, acertei bem no meio da cabeça dela, em seguida me virei, e com a arma mirei na que eu joguei o corpo morto de uma daquelas criaturas grotescas, e dei um tiro, mas acertou em uma das pernas dela, dei mais um que acertou a cabeça. Não tive a ajuda de Cassandra nesses últimos acontecimentos por conta dela não ter uma visualização boa de onde eu me encontrava.

—É, conseguimos, e nem foi muito difícil, graças a mim é claro—Falou Cassandra com um sorriso debochado assim que nos encontramos.
—Sim sim, tudo graças a você—Respondi fazendo uma reverência e ela riu e fez uma pose se exibindo.

  Já era quase noite quando terminarmos de matar todas aquelas aranhas gigantes, e tínhamos que voltar logo por causa de Peterson,  ficamos quase todo o dia procurando por aquelas criaturas,, e o garoto sozinho todo esse tempo. Durante a volra, eu e Cassandra conversamos sobre nossas vidas antes de sermos levados para aquele lugar

—E sua vida amorosa, como ia?—Perguntei.
—Ia muito bem, meu namorado é uma pessoa incrível, dei muita sorte de ter o encontrado. Fico imaginando como ele está, como está reagindo ao meu desaparecimento, espero que esteja lidando bem com isso, que esteja se cuidando—Ela respondeu com uma grande tristeza no olhar.
—Não se preocupe, vamos conseguir sair daqui, e voltar para as pessoas que amamos—Respondi tentando confortar ela.
—Espero, sinto muito a falta dele, ele que me ensinou a atirar tão bem, mas eu fiquei melhor que ele "aprendiz nunca será melhor que seu mestre" ele sempre dizia isso quando eu falava que sou melhor kkkk—Falou com lágrimas escorrendo em seu rosto, que logo ela enxugou.
—Ele parece ser uma boa pessoa, logo vocês vão estar juntos novamente, iremos sair desse lugar—Respondi dando um abraço de lado nela.
 
  Seguimos andando, apertando o passo para chagar logo e ver se o garoto estava bem, ficou tanto tempo sozinho, imaginei que ele devia estar com medo e preocupado.

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