11. Ka-boom

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Fui chamada para uma ocorrência peculiar, uma senhora estava presa dentro de um carro esportivo junto a um cadáver, dirigi até a cena o mais rápido que pude chegando juntamente com minha supervisora que parecia extremamente exausta.
A idosa identificada como Jane Foster estava bastante assustada, ela dizia que não sabia como havia parado ali, provavelmente estava sob efeito de drogas o que deixava tudo mais delicado por causa do seu nervosismo.

- Sra. Foster, irei me aproximar da porta. - Willows gritou de longe dando passos cautelosos.

- Não! Eu não quero polícia aqui!

- Não somos policiais, apenas CSIs. - Respondi erguendo meu cartão de identificação. - Podemos entregar para a senhora se nos deixar chegar mais perto.

- Se derem mais um passo eu acelero!

Encarei a Catherine que parou há uns cinco passos do automóvel, a cena estava lotada de curiosos que se imprensavam para assistir o espetáculo da louca com uma morta.
Respirei fundo tentando pensar em métodos seguros de aproximação que não levasse a Sra. Foster a fazer um strike de curiosos.

- A senhora pode ver nossas mãos? - Perguntei balançando meu material em sua direção. - Não tenho nenhuma arma, apenas uma maleta de utensílios que me ajudaria abrir sua porta.

- Ela tem! - Catherine me olhou preocupada, fiz sinal para a mesma colocar a arma no chão. - Porque você não tem?

- Sou uma cientista, não ando armada. - Internamente eu me sentia péssima por mentir, até porque o meu coldre se encontrava escondido sob a jaqueta. - Posso ir até aí?

- Só você! - O gritou soou me aliviando.

Cath me olhava intrigada, dei de ombros dando dois passos para mais próxima da loira, a senhora parecia vidrada demais em nós duas e eu podia jurar que suas pupilas estavam extremamente dilatadas.
Coloquei a maleta no chão e continuei de braços erguidos para andar até o carro livremente, porém uma voz conhecida dentre a multidão chamou minha atenção me fazendo recuar.

- Lottie, não!

- Greg? - Arqueei uma sobrancelha. - O que você está fazendo aqui?

- Bomba! - Catherine me imitou dando vários passos para mais longe do veículo. - O carro tem uma bomba!

Neste momento as pessoas que assistiam a cena começaram a correr em diversas direções me deixando atordoada com a gritaria, Sanders se aproximou de mim ainda ofegante com uma fala desconexa de palavras soltas.

- Não tem bomba, Greg. Está tudo bem, é apenas uma senhora com distúrbios mentais.

- Aquele... O meu sonho... - Willows aproximou-se devagar com o olhar assustado em nossa direção. - O carro tinha uma bomba.

- Sanders, você precisa se recuperar. Está falando coisa sem sentido.

- É sério! Pelo amor de Deus! Eu contei pra você esse sonho. - Seus olhos desesperado se encontrou o meu e eu lembrei. O Greg havia acordado há alguns dias atrás de um pesadelo, seu olhar de medo era o mesmo.

- Você está descontrolado, é melhor sair daqui. - A loira falava impaciente. - De louco somente aquela velha.

- Cath... - E uma visão ao longe chamou minha atenção. Quando o Sanders acordou subitamente de seu pesadelo o fiz contar cada detalhe que o mesmo lembrava, e um deles estava bem em nossa frente. Um caminhão de sorvete parando de frente a uma árvore. - Putain de merde!

Num instinto impulsivo eu apenas segurei o pulso do Sanders com força o puxando para nos afastar, porém uma chama quente e forte nos empurrou para longe. A única coisa que senti além do calor foram dois braços me envolvendo, Greg usava seu próprio corpo para me proteger dos estilhaços e dos impactos de nossos corpos no asfalto.
Em frente aos meus olhos poucas coisas foram capturadas, o fogo da explosão, o cabelo loiro da Catherine se distanciando, a blusa social branca do Greg que continuava a me apertar fortemente.

Um zumbido alto soava em meus ouvidos, eu tinha certeza que o lugar estava um caos, mas não entendia absolutamente nada do que acontecia ao redor.

- Amor? - Me levantei devagar, enquanto sua cabeça que parecia tentar me examinar, tombou para o chão enquanto fechava seus olhos fortemente. - Greg!

- Moça? - Uma voz soava ao longe. - Você está bem?

- Greg! Fala comigo, por favor! - Eu tinha certeza que gritava, mas não ouvia minha própria voz.

- Preciso examinar você.  - Duas mãos me seguraram pelo braço me levantando do chão. Esperneei aos gritos tentando voltar ao lado do loiro que permanecia deitado.

Sanders não havia se movido, eu só sabia que estava acordado porque seus olhos piscavam fortemente, mas seu corpo  não esboçava reação.

- Eu estou bem, cuidem do Greg!

- Srta. Beaumont! - O paramédico lia em meu colete. - Temos outra equipe cuidando dele, eu preciso checar se você está bem.

- Meu ouvido está doendo.

- Por causa da explosão, em alguns minutos ou horas vai voltar ao normal! Estamos gritando no meio da rua. - Parei de lutar em seus braços, me deixando ser levada para a ambulância mais próxima.

Greg já estava em uma maca, sendo levado, meu coração despedaçava apenas por lembrar de seu rosto sangrento caído. Graças ao Sanders eu estava viva, se ele não tivesse chegado a tempo, a equipe de resgate estaria tendo mais pacientes enquanto os outros CSI estariam neste momento catando os pedacinhos que sobrariam dos meus restos mortais misturados ao da Catherine.

Uma luz brilhou no fundo do meu cérebro.

- A Catherine!

- Ela está em outra ambulância, a senhorita precisa se acalmar e me deixar cuidar do seus ferimentos. - Em sua mão haviam gases ensopados de sangue.

- De onde veio tudo isso?

- Você está com um corte perto da orelha. - Meus olhos se arregalaram. - Não parece grave, só é um pouco grande.

- Eu me caso em três dias! Não posso ter uma cicatriz, muito menos ferida!

- Tenho certeza que quem lhe maquiar vai saber disfarçar o curativo. - O sorriso simpático do socorrista me passou um pouco mais de calma. - Posso fazer uma pergunta?

- A-ham!

- Aquele senhor é seu noivo? - Sorri com a menção do Sanders e apenas balancei a cabeça. - Ele usou o próprio corpo para te proteger dos estilhaços, moça. Não tenha dúvidas, é ele!

- Eu acho que tenho um herói pra chamar de meu. - Meu sorriso se alargou. - Só espero que ele fique bem e não tenha se machucado seriamente.

- Não falaram nada no rádio, então todos estão bem.

- Vou torcer para que continue assim.

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