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POV. Benjamin Parker

Acordei apavorado com o barulho estridenti do despertador, que tocava descontrolado ensurdecendo meus tímpanos. O objeto azul moldado em formato de foca, movia-se rapidamente ao ponto de cair da escrivaninha.

Depois de recolher o objeto do chão e repor no seu local de origem, desligado, claro. Levanto-me quase se arrastando como uma lesma na direção do banheiro.

Fiz todo meu ritual de colocar uma parte do corpo de cada vez, até estar de baixo da água gélida por completo. Tremendo ao ponto de bater meus dentes constantemente, sem controle da minha mandíbula.

Voltei para o quarto minutos depois, sentindo-me verdadeiramente desperto.

Penteei meu cabelo e vesti uma roupa apresentável, para impressionar o Sr.Copper. Quem sabe assim, chique, conseguisse passar alguma seriedade.

Pois sempre é assim, o pai de Char NUNCA nos leva a sério em nada. Fala que somos novos de mais para tal seriedade independe do assunto.

Eu não concordo... mas não discordo.

Saí do meu quarto, descendo as escadas correndo e no último degrau tropeço nos meus pés. Usei minhas mãos para amenizar o tombo, fechando meus olhos.

Segundos depois não senti o chão e consequentemente a dor, o que achei estranho.

Pousei minha mão abaixo de mim, espalmando ela no chão liso. Abri um dos olhos, vendo de perto o quão limpo e brilhoso o piso estava, ao ponto de me ver nele. Bom, não só eu como papai que me segurava com uma mão na região da cintura e a outra nas minhas coxas.

- Vai com calma, campeão - através do piso, visualizava ele sorrir.

O mesmo me puxou para os seus braços, deixando um beijo casto na minha testa, antes de colocar-me no chão.

- Obrigado, o senhor salvou minha vida - bati levemente com minha mão fechada em punho no seu ombro.

- Aceito um sorvete como forma de recompensa - bagunça meu cabelo.

Olhei para papai em êxtase, desacreditado no que ele fez.

Eu passei um tempão arrumando meu cabelo, para minutos depois ele voltar as origens de quando acordo.

- Não tenho dinheiro no momento - passei as mãos em meio aos meus fios, tentando ajeitar de forma descente.

Bufei sem sucesso indo para cozinha. Nela encontro mamãe escorada na bancada, tomando café na sua xícara transparente.

Sentei na cadeira cruzando os braços, o que despertou a atenção e curiosidade da mulher loira.

- O que houve, meu amor? - colocou a xícara na bancada, olhando-me atentamente.

- O papai - fechei mais ainda a cara.

Ela olhou-me mais confusa ainda, tentando decifrar o que queria dizer.

- Opa! - a sonoridade alegre do meu pai interrompeu o interrogatório de mamãe - escutei falarem de mim - passou do meu lado, bagunçado mais ainda meu cabelo - e eu espero que seja coisa boa - disse assim que parou do lado da mulher, beijando sua testa.

E mais uma vez estava descrente com sua atitude.

- Bom dia, querido - ela sorriu

Em ambos os rostos habitavam sorrisos dóceis direcionados entre si, mas logo sumiram assim que se beijaram. A cena me causava náuseas, tão nojenta ao ponto de colocar minhas mãos nos olhos.

- Eca! Que nojo! - minha boca trabalhou mais rápido do que meu cérebro.

A risada dos dois fez com que ficasse envergonhado, pois não era para dizer isso.

As três ruas do bairro azul - Duologia Anoitecer - Livro 01Where stories live. Discover now