Esqueça me, Noah

Sina

NA PRÓXIMA MANHÃ, rolo na cama, esperando como o inferno  que  o  beijo  da  noite  anterior  entre  eu  e Noah  fosse apenas um sonho molhado. Um sonho molhado muito vívido e  repetitivo que desejo que pudesse ter durado um pouco mais e ido um pouco mais longe.

Levanto e vou até o banheiro, ofegando quando vejo meu reflexo. Há uma enorme marca de mordida no meu pescoço, e meus lábios ainda estão inchados de quão profundamente ele me beijou. Minha coxa tem até uma impressão de onde estava pressionada contra o câmbio de marchas.

Então essa merda realmente aconteceu? 

Piso  no  meu  chuveiro  e  fico  sob  a  ducha,  fechando  os olhos enquanto a água caí sobre mim.  Não tenho certeza do que dizer a ele na próxima vez que estivermos sozinhos, mas sei  que  isso não pode acontecer novamente.

Mesmo que foi o melhor beijo que já tive na minha vida.

Mesmo que eu tenho certeza, estarei pensando sobre isso pelo resto do dia.

O resto do ano...

Espero até que minha pele esteja enrugada e vermelha, e então  eu  rapidamente  visto  uma  camisa  azul-claro  e  jeans. Abro  minha  gaveta  de  cosméticos,  pego  minha  caneta  de corretivo  e  esfrego  contra  o  meu  pescoço  até  que  todos  os restos do beijo de Noah se vão.

Enfio meus lápis e pincéis na bolsa e vou para a cozinha.

“Bom dia,” Noah diz, olhando para mim do balcão.

“Oi...” Olho em seus olhos verdes. “Você não tem Economia agora?”

“Eu  te  disse  que  estou  dispensado  da  aula  desde  que estou fazendo o relatório sobre  The Silk Stem. Falando nisso, você  começou  as  perguntas  que  te  enviei  sobre  a  loja  de romance?”

Balanço a cabeça. “Vou ter isso de volta para você hoje à noite.”

“OK.”

“OK...” Passo por ele e pego um pãozinho no balcão. Vou em  direção  à  porta,  mas  não  posso  deixar  de  me  virar novamente. “Podemos conversar sobre a noite passada?”

“Sobre o que gostaria de falar?”

“Bem,  para  começar,  acho  que  levamos  as  coisas  longe demais.”

“Foi  apenas  um  beijo, Sina.”  Ele  me  olha  de  cima abaixo. “Um beijo muito bom... Mas nada mais aconteceu.”

“Bem,  eu  gostaria  que  soubesse  que  nada  mais acontecerá,” digo. “Você sabe que nunca iria te beijar de bom grado, não importa o quão bem está fingindo ser meu amigo ultimamente.”

“Eu teria acreditado nisso  antes da noite passada.” Ele sorri.

“Ainda  é  verdade  hoje, Noah.  Estava  claramente bêbada.”

“Você não estava  tão bêbada.” O jeito que ele olha para mim está me deixando molhada.

“Sim,  bem...  não  queria  te  dizer  isso,  mas  enquanto estávamos  nos  beijando  estava  pensando  em  Ryan.  Sabe,  o cara  que vou dividir  um  assento  para  a  viagem sênior do alojamento. Estava imaginando ele em vez de você.”

“Você disse meu nome.”

“Por padrão.”

“Você disse   duas vezes.”  Ele parece  chateado,  mas  sua expressão lentamente se suaviza. “Está pensando demais no beijo, no entanto.”

“Então, isso não significa nada?”

“Isso  significa  que  não  posso  mais  assumir  que  você  é uma  beijadora  terrível.”  Ele  bate  com  os  dedos  no  balcão  e muda  de  assunto.  “Sobre  o  que  mais  você  mentiu propositalmente em algumas de suas cartas?”

“O  que?”  Meu  rosto  empalidece.  Eu  não  me  lembro  de mencionar  isso  para  ele,  e  jurei  há  muito  tempo  que  nunca faria isso.

“Ontem à noite, você me disse que certos acontecimentos sobre os quais escreveu não eram verdadeiros,” diz, ficando em pé. “Queria  esperar  por  esclarecimentos  completos,  no  entanto. Então, sobre o que mais você mentiu?”

“Hum...”  recuo.  “Tenho  que  estar  na  hora  certa  para  a aula.”

“Sua aula não começa por mais trinta minutos.”

“O ônibus vem em quinze minutos.”

“Vou te levar lá em vinte.” Ele se levanta e caminha até a porta,  bloqueando  minha  saída.  “Sobre  o  que  mais  você mentiu?”

“Coisas menores.”

“OK.”  Ele  encolhe  os  ombros. “Sinta-se  à  vontade  para elaborar.”

“Tenho certeza que você mentiu sobre as coisas aqui ou ali também.” Balanço a cabeça. “Não é tão sério.”

“Fui sincero em odiá-la por toda a minha vida,” ele diz, sorrindo. “Nunca tive nenhum motivo para mentir.”

“Certo...Bem, talvez eu tenha uma boa razão para mentir então.”

“Duvido muito disso. Conte-me.”

“Bem.” Eu paro. “Bem, só namorei alguns caras enquanto estava  fora,  então  posso  ter  mentido  sobre  alguns  daqueles caras que escrevi a você no começo.”

“Pode repetir?”

“Eu  não namorei muito no navio,” digo.  “Todos aqueles caras que te falei durante meu primeiro e segundo semestres eram  mentiras.  Não  comecei  a  sair  com  caras  até  o  meu segundo ano.

“Então...”  Ele  inclina  a  cabeça  para  o  lado.  “Mark Williams, seu primeiro beijo a bordo sob as estrelas, quando você  jurou  que  sentiu  borboletas  e  outras  merdas...  não  era verdade?”

“Por que você se lembra dos detalhes?”

“Era verdade?”

“Não,”  eu  digo.  “Mark  Williams  era  um  personagem  em um dos livros que eu estava lendo.”

“John  Kline. O primeiro  cara  que você  convidou para  o seu quarto e fez sexo...isso era verdade?”

“Sim e não.”

“Não pode ser os dois.”

“Fiquei  enjoada  no  convés  e  ele  me  acompanhou  de volta... não foi tão romântico quanto eu disse.”

“Houve sexo?”

“Não.” Balanço a cabeça. “Minha primeira vez não foi até meu primeiro semestre, ano júnior. Com o Holden Connors.”

“O cara que era muito agressivo com você?” Ele pergunta. “Essa foi a sua primeira vez?”

“Sim...”

Ele balança sua cabeça. “Sina, por que mentiu sobre essa merda assim?”

“Porque você estava me contando sobre todas as garotas com quem estava saindo, e toda a diversão que estava tendo no campus,” digo. “Eu não queria parecer tão idiota quanto no colegial.  Queria  que  pensasse  que  eu  estava  me  divertindo mais desde que ainda estava muito chateada com você.”

Ele  olha  para  mim,  ainda  balançando  a  cabeça.  “Nós tivemos  uma  política  quando  tínhamos  sete  anos  e  meio  de idade, Sina. Absoluta  honestidade,  não  importa  o  que aconteça.”

“Estava  tentando  fazer  a  minha  vida  parecer  mais divertida,” digo. “Isso não é um crime.”

“Então, você só fez sexo com dois caras?”

“Sim. Pare de olhar para mim como se eu fosse patética.”

“Não  é  assim  que  estou  olhando  para  você,”  ele  diz, abrindo  a  porta.  “Eu  estou olhando  para  você  de  como  eu deveria ter visto essa merda antes.”