O início de nossas vidas

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Capítulo 19 – O início de nossas vidas

- Chamo a corte o senhor Severus Prince Snape.

A voz do Ministro da Magia ressoou forte pelo recinto. Todos que estavam ali naquele lugar de julgamento olharam imediatamente para o homem sentado no fundo do local. Snape respirou fundo, ergueu a cabeça, apertou de leve a mão de Hermione que estivera a todo momento ao seu lado e a olhou nos olhos.

- Vai dar tudo certo, Severus. – Disse a menina dando-lhe um fraco sorriso.

- Se não der, saiba que não me arrependo de nossos momentos. – Sussurrou o bruxo levantando-se e arrumando o terno negro que vestiu para aquela ocasião.

Enquanto caminhava-se para a cadeira onde os julgados e testemunhas se sentavam perante o Ministro, Snape se mostrou firme, não havia em seu olhar ou passo nenhum resquício de vulnerabilidade. Ainda que aquele julgamento fosse para decidir se ele, como comensal de Voldemort, ficaria em liberdade ou seguiria para Azkaban onde seria preso por anos a fio.

Snape se sentou na cadeira com a postura ereta, a cabeça levantada e os olhos firmes, suas mãos repousaram nos encostos e ele aguardou, ao fundo era possível ouvir os batimentos de Hermione, nervosa com o que poderia acontecer com ele. Nem bem conseguiram voltar para a casa que agora era dos dois e o Ministério apareceu exigindo que ele comparecesse ao julgamento no dia seguinte cedo sem falta.

Aproveitando-se da queda de Voldemort, o novo Ministro, querendo mostrar serviço ao mundo, apressou os julgamentos dos comensais capturados e daqueles que eram cumplices de alguma forma, Snape se encaixava nesse último, uma vez que estava em serviço do Lord das Trevas, ainda que tenha sido peça chave para que a resistência se erguesse e assim conseguissem invadir a Mansão Malfoy.

Todos ignoravam como Voldemort havia morrido e que era apenas por culpa do amor de Hermione por ele que bruxo das trevas tinha morrido. O novo Ministro fazia questão de apenas dizer que Voldemort estava morto e assim fazia parecer que os aurores do Ministério tinham feito um ótimo trabalho. Hermione se enfurecera com isso, mas Snape apenas queria deixar tudo para trás e seguir uma vida ao lado da mulher que ama, sem que alguém mais o ordenasse a fazer tarefas que exigiam o seu limite.

- Temos a frente o senhor Severus Prince Snape. – Começou a dizer o porta voz do Ministro. – 38 anos, estudou os sete anos em Hogwarts, se formou com honras, trabalhou como garçom no Cabeça de Javali antes de se candidatar a professor em Hogwarts em 1981 e assim lecionar Poções até o final do ano letivo em 1996. No mesmo ano, lecionou Defesa Contra as Artes das Trevas no início do novo ano letivo, tornando-se diretor de Hogwarts em 1997 e ficando no cargo até a queda de Você-Sabe-Quem. O senhor confirma essas informações?

Snape respirou fundo, ele conhecia muito bem sua vida, não precisava que um engomadinho do ministério lhe dissesse cada passo seu, seu passado ainda estava bem nítido em suas lembranças e apesar de querer lançar algo ferino para aquele homem, apenas respirou fundo e disse um sonoro "Sim"

- O senhor confirma também que desde sua adolescência afiliou-se a Você-Sabe-Quem, tornando-se um comensal da morte?

- Sim.

- E permaneceu em seu cargo de comensal da morte até a queda de seu mestre, sendo até mesmo seu braço direito?

- Sim.

- Obrigada pelas confirmações.

Snape revirou os olhos quando o homem se sentou, é claro que eles deixariam tudo aquilo que fizera pelo mundo bruxo de fora, o interesse do Ministério era demonstrar que estavam a todo vapor prendendo os responsáveis por todo o sofrimento dos bruxos de bem. Ele não era um bruxo de bem, nunca fora e a sua captura diria muito para o mundo. Não podia negar que Snape era um nome forte para se estampar no jornal do dia junto com uma imagem sua na prisão. O mundo bruxo iria a loucura. Apesar disso, Snape estava calmo. Sentia dentro de si que qualquer culpa que quisessem jogar para cima de si, era merecida. Ele fizera muitas pessoas sofrerem, matara Dumbledore, não conseguiu ajudar Harry Potter a ficar vivo e muito antes disso, fora o responsável pela morte de Lilian Evans e Tiago Potter. Suas mãos estavam mais do que manchadas de sangue, estavam mergulhadas nele. Se sua sentença fosse viver o restante de sua vida em uma cela podre tendo em companhia seres como os Dementadores, ele aceitaria, assim poderia senti-los lhe roubando a única felicidade que tinha que eram as lembranças de Hermione e assim talvez em algum momento, enquanto definhasse, poderia sentir que finalmente pagara sua dívida com todos aqueles que matara.

A última esperança (Snamione)Onde histórias criam vida. Descubra agora