Um rosto conhecido

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Capítulo 1 - Um rosto conhecido

Severus Snape estava parado a alguns minutos diante daquela porta, seus olhos estavam vazios e suas mãos paralisadas. Não se imaginou naquele lugar, seus planos não eram esses. Tudo dera errado e agora ele estava ali, naquele mesmo lugar, sem ter coragem de atravessar a porta que tantas outras vezes fora aberta para que pudesse entrar naquele lugar que sempre lhe trouxera conforto e acalento. Agora era apenas um lugar de lembranças tristes que queria esquecer. Respirando fundo girou a maçaneta e abriu a porta. O local estava escuro e exatamente do jeito que deixou a dois dias, quando abandonara seu cargo em meio a guerra.

Não houve tempo para substituição, não houve tempo para que Minerva fosse a nova diretora de Hogwarts levando a escola aos mais altos padrões de estudo, formando talvez uma nova geração de estudantes inteligentes e fortes. Não houve tempo para que a decoração daquele lugar fosse alterada, nem mesmo sua capa de viagem pendurada no cabideiro fora tirada. O último ocupante daquele local fora ele mesmo.

Aquilo não estava nos planos, não era para ele retornar ao gabinete e sentar-se na cadeira do diretor, não era para ele estar naquela escola, talvez não fosse nem para estar vivo. O plano era conseguir passar as informações que eram necessárias para Potter, garantir que ele venceria e depois ir embora ou morrer. Não era para estar ali.

Com passos silenciosos se aproximou da mesa e pegou o jornal que uma coruja depositou naquele amanhecer.

Já era o segundo dia após o término da guerra e a manchete ainda era igual ao que saiu no dia em que tudo acabou. Snape olhou ao redor, todos os quadros estavam com um pano preto cobrindo-os. Isso era bom, não queria ver os olhos deles tão cedo. Principalmente dele.

Sentou-se na cadeira e olhou para a grande manchete.

"Harry Potter está morto, o Lord das Trevas reina"

Sabia que em muitos lugares da Inglaterra, bruxos e bruxas liam aquela mesma notícia, provavelmente alguns tinham lágrimas nos olhos e outros sorrisos nos lábios. Harry Potter era o fio de esperança para muitos, o único que tinha poder o suficiente para salvar o mundo bruxo da escuridão em que estavam. Tolos, Harry Potter nunca fora poderoso para isso, o Lord das Trevas tinha um poder equiparado com Dumbledore, talvez até mais poderoso por sua paixão com as artes das trevas a qual Dumbledore negara após saber o que poderia acontecer se deixasse aquela tentação o invadir. Potter era a chance de vencer, pois trazia dentro de si a Horcrux que o Lord jamais imaginou criar. E era tarefa de Snape contar isso ao menino, dizer-lhe o que deveria fazer, entregar-se a morte de bom grado. Mas não houvera chance. Minerva o interceptou e ao invés de o entender, lançou em sua direção diversos feitiços. A raiva da mulher era gritante, Snape sabia que ela guardava em seu peito a dor da morte de Dumbledore e naquele momento ela externou tudo em cima de si o obrigando a se defender. Esperava que ela percebesse que em nenhum momento ele a atacara e que ricocheteou os feitiços dela na direção de Amico e Aletto desacordando os irmãos. Ele estava ajudando, mas o ódio a cegara. Depois disso não houvera chance de chegar ao menino e antes que conseguisse pensar em um plano a voz de seu mestre foi ecoada pelo céu.

"Harry Potter está morto. Parem os duelos, recolham seus mortos, ajudem os feridos e nos encontrem no pátio de entrada"

Snape fechou os olhos e se apoiou na parede. Potter estava morto, ele fora se encontrar com o Lord acreditando que destruíra a última Horcrux, aquele grifinório desgraçado não foi ao encontro da morte, ele a desafiou. Ainda que ao matá-lo, o Lord destruíra o pedaço de alma dele mesmo que vivia em Harry, as chances de derrotá-lo eram minúsculas. Harry era a figura de esperança que a resistência do mundo bruxo tinha, sem ele não haveria alicerces para manter a força dos outros. A resistência ruiria.

A última esperança (Snamione)Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora