Capítulo 26

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Bexter 🦅

O esquentado da turma. Sempre fui de temperamento forte e sempre faço tudo por impulso.

Já matei mermo, inimigo eu mato sem dó. Uma cadeia alimentar, e se eu não matar, eles vem e me mata. Antes eles, do quê eu, procede?

Sou livre, sem filhos e sem muié. Tenho meus esquemas, mas nada de parada juntos toda hora.

Uso drogas e bebo pra caralho, mas tenho dinheiro pra bancar meu vício.

Como eu entrei pra isso? Ah, pô.. influências, o sistema que é contra a gente, poucas oportunidades, racismo e xenofobia. Isso já é o bastante?

Minha mãe? Pô, a última vez que eu vi, tem 11 anos e ela tava acabada de pó. Fui me criando com o Bial, a mãe dele cuidou de mim. Ele é meu irmão mais novo, bem novo.

Tia Grazi foi pica, mané.

Lembro de quando eu cheguei, meio apavorado e com medo, na praça da favela, em 2003, com 8 anos, numa noite chuvosa.

Molequinho com fome, um chinelo surrado, regatinha e um calção rasgado na parte de baixo.

Flashback On

Grazi : Filho? - Tocou no meu ombro, fazendo eu me assustar. - Não precisa se assustar, a tia só quer ajudar. - Eu olhava pra ela, com medo. - Tá com fome? - Eu assenti rapidamente.

Bexter : A senhora vai me bater? - Ela me ajudou a levantar, segurando um guarda-chuva.

Grazi : Não, jamais faria isso. Devemos cuidar das crianças do senhor, e creio que ele não gostaria de saber que um filho dele está nessa situação. - Segurou a minha mão, pra gente atravessar a rua. - Vou te levar pra minha casa, vou te dar comida, roupas e uma noite de sono tranquila. - Sorriu pra mim.

Flashback Off

Eu fugi de casa mermo mané. Minha mãe era alcoólatra, viciada em drogas e o meu padrasto era outro viciado, me batia sem motivos. Imagina só, pô.. molequinho e já cheio de traumas.

Alma Da Favela. (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora