Capítulo 4

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A Taberna Rebelde estava cheia de pessoas como todos os dias. Homens de alto poder, homens que nem poder tinham, e obviamente, mulheres seminuas a saltar de colo em colo. Mas no fundo da Taberna Rebelde quatro homens e uma mulher conversavam longe dos ouvidos errados.
- A rainha aumentou o número de guardas no castelo desde o baile em Blackbird. – informou o soldado Ithan.
- Alguém sabe o porquê? – perguntou Aryn.
- Não, as pessoas pensam que ela está a ficar como o pai. Maluca.
- Bom, isso é bom. As pessoas vão pensar que ela abusa do poder e não a vão apoiar. – Naxos brincava, como sempre, com o punhal.
- Naxos tem razão. – Concordou Aryn. – Próxima semana quero mais novidades.
Naxos e a Aryn desapareceram na noite escura e os outros três homens voltaram para a taberna.
Aryn adorava a Taberna Rebelde, desde o momento que pisou o chão sujo e percebeu que os rebeldes se juntavam a frente de todos e ninguém desconfiava.
O dono da taberna, Rhylim, era um rebelde de longa data e no momento que soube quem eram os companheiros do Fauser, ofereceu-lhes um lugar para ficarem. Desde esse momento, o grupo de cinco passaram a viver numa cabana, onde podiam dormir confortáveis e quentes sem se preocuparem com guardas da família real ou ouvidos cabaneiros.

***

Era tarde da noite e Aryn continuava a folhear o livro que roubou no baile em Blackbird.  Rohan se perguntava o porquê da Aryn ter arriscado a sua liberdade por um livro.
- Eu sei que estás aí. As sombras estão agitadas com a tua presença. – Aryn fechou o livro e levantou-se da velha cadeira que estava perto da lareira acesa.
- Não dormes há dias por causa desse livro. Vai descansar Aryn.
- Eu vou, mas antes quero que fiques com isto. – Aryn entregou o livro a Rohan e olhou nos olhos roxos. - Eu sei a tua história, general, está na hora de saberes a minha.
Aryn subiu as escadas que levava aos quartos e Rohan sentou-se no lugar que Aryn estava antes.

A meio da noite Aryn nasceu. Filha do Deus da escuridão. Eu só fui a portadora da semente da escuridão.
Aryn vai ser incrivelmente poderosa e eu entendo o Rei do Gelo, ele tem medo do poder um dia se libertar.
Ninguém pode parar a escuridão, nem mesmo a luz mais brilhante do mundo. Mesmo depois da morte, ela continuará viva.
Ela foi presa por algo de que não tem culpa. O Rei do Gelo deve morrer para Aryn poder ser livre. O anjo deve vestir a armadura dos pesadelos, deve libertar as asas das alturas e deve empunhar a espada da morte.
O anjo deve ajoelhar-se perante a verdadeira rainha.
E por fim Sanrya deve chorar pela irmã e deixar Aryn coroar a semente que vai nascer em breve.
Que os Deuses salvem a rainha.
Que o dragão salve a minha menina e que a leve para um lugar melhor.
***

Pelo resto da noite Rohan esteve a ler os capítulos sobre como o poder da Aryn funcionava e o que era preciso para o libertar, havia uma enorme história por detrás do nascimento da Aryn.
As últimas páginas estavam em branco, talvez a antiga rainha tenha morrido antes de acabar o livro.
Por momentos Rohan ficou a sentir-se pessimamente mal. Ela é filha da rainha Mor, irmã da rainha Sanrya. Rohan viu a mãe dela morrer.
Como é que ele não soube da existência dela?
- Parece que viste um fantasma. – O Anão entrou na sala da velha cabana com lenha nos braços.
- Quanto é que sabes acerca da Aryn? – questionou o anjo
- Basicamente tudo, só não sei o porquê de ela ter sido presa.
- Sabes quem é a família dela?
- Não. – respondeu o anão confuso enquanto acendia a lareira.
- Rainha Morgamen é a mãe dela e a rainha Sanrya é a irmã. – Revelou o anjo.
- CARALHO! – gritou o anão quando se queimou. – porra, porra, porra, queima... Tu estás a dizer que a nossa pequena é filha do Rei do Gelo?
- Ela não é filha dele, ela é filha do Deus Haus, não sei como, mas ela é filha dele.
Hoddy sentou-se no chão frio da cabana olhando para o nada. Em toda a sua vida nunca tivera ouvido algo tão grande.
- Ela é filha de Haus? O Deus que, segundo as histórias, matou exércitos de homens, que lançou o caos. O Deus a quem ninguém reza. Eu nem sei o que falar.
- Eu não sou o meu pai. – Aryn apareceu no topo das escadas com roupa de couro pronta para ir treinar com o Rohan. – E muito menos sou a minha irmã, mas eu preciso dela para chegar no meu pai.
- Como assim? O que é que não estás a contar? – Hoddy começava a ficar vermelho, sinal de confusão e curiosidade.
- Conforme os dias vão passando, a escuridão aumenta dentro de mim. De certa forma ter sido mantida nas masmorras só ajudou ao poder aumentar e agora o meu corpo não aguenta a força que cresce dentro de mim.
- E o quê que a tua irmã tem a ver? - Hoddy perguntou.
- Ela é filha da minha mãe, somos irmã, segundo o livro escrito pela Rainha Mor, Sanrya é a única que pode me matar para tudo correr como deve ser. O meu corpo de humana não aguenta tal poder, preciso de morrer para ser livre.
- Como assim? Tu és livre agora. – Hoddy parecia cada vez mais confuso.
- Ela é livre, mas o poder dela não. Se achamos que o que ela faz com as sombras é único e grande, com liberdade total e um novo corpo ela seria capaz de transformar o dia em noite, a vida em morte, seria algo que ninguém pode ser. – Foi Fauser que explicou aparecendo do nada. - Ela seria a própria escuridão.

Para Além das SombrasWhere stories live. Discover now