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• Harry Potter Pov

Eu simplesmente quero que ele pare de falar e então eu possa sair correndo daqui e me encontrar com meus amigos.

Meu pai sempre foi super protetor, antes mesmo de eu me descobrir trans ele já vivia se preocupando para onde eu ia ou com quem eu andava, agora continua o mesmo, com um toque de: As pessoas são mais cruéis com pessoas como você.

E de fato não é mentira.

Ser trans binário, ou não binário, ainda é um assunto complicado na roda de pessoas. Lógico que hoje em dia é muito melhor, não vou mentir e dizer que a sociedade não evoluiu muito, mas ainda é complicado. Pessoas errando seus pronomes, ou fazendo aquelas perguntas idiotas como:

"Qual seu nome morto?"

Mas eu decidi que não me importaria, no caso eu tento não me importar. Ainda é complicado todos esses olhares, quando eu entro no banheiro masculino e os outros garotos me olham torto, mas como eu disse tento não me importar pois tenho direito de ser quem eu sou e vou lutar por esse direito.

— Eu ja entendi, pai. — Aviso pela milésima vez, olho o relógio de pulso que carrego no braço esquerdo e vejo os ponteiros marcarem quase seis da tarde.

— Tome muito cuidado, não demore muito e me ligue para eu ir te buscar. — Ele diz e cruza os braços com um sorriso amigável no rosto, eu me pareço bastante com ele, até nossos óculos redondos são bem parecidos, mas tenho os olhos verdes de minha mãe.

— Certo, vou descer. Ron deve estar me esperando lá em baixo, tchau, fale para minha mãe que eu mandei um beijo para ela. — Digo e me viro em direção a porta de saída, olho para trás e vejo meu pai no meio da sala de estar com aquele semblante preocupado e amoroso.

— Amo você. — Digo baixo e prenso os lábios em um sorriso fino, meu pai murmura um "Eu também te amo" em resposta.

Saio de casa, o céu está escurecendo, estou usando um uma jaqueta jeans e calça moletom, tenho um livro de baixo do braço e um boné preto na cabeça que deixa meus cabelos totalmente esmagados na testa, sempre uso boné, não gosto muito de meus cabelos.

— Porra, que demora. — Escuto o resmungar de Ron, olho para o lado e vejo o ruivo com um livro em mãos e o olhar impaciente.

— Meu pai estava fazendo aquele discurso, como o da polícia quando você completa 18 anos. — Digo, Ron ri de leve mas fica sério novamente, o ruivo aponta com a cabeça para trás e então começa andar, eu o sigo.

Ron é meu melhor há quase dois anos, desde quando eu me mudei para a escola dele, oque significa que ele não me conheceu antes da transição. Ele sempre foi um ótimo companheiro, mesmo sendo mal humorado na maioria das vezes.

Ron também é super protetor, igual o mais que meu pai. Já arrumamos muitas brigas em vários lugares, mas ele nunca me abandonou ou eu o abandonei, somos uma dupla inseparável, sinto que em outra vida fomos irmãos de sangue, pois aqui somos irmãos de alma.

— Teremos que remarcar o clube do livro para mais cedo, não tá dando. — Ron fala enquanto andamos, os carros vem e vão e nós dois andamos em cima da calçada, lado a lado.

— An? Por que não?

— Vou começar a trabalhar no restaurante da minha mãe amanhã. — Ron me conta, olho surpreso.

— Você vai fazer oque lá? Não sabe fazer um miojo sem deixá-lo seco.

— Vai se foder. — Ron revira os olhos, solto uma risada baixa.

— É sério, que merda vai fazer lá?

— Limpar as mesas. — Ron pensa um pouco. — Tirar
o lixo. Só.

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⏰ Last updated: Nov 16, 2021 ⏰

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