Capitulo 1

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Após duas semanas da falha tentativa de um armagedon Aziraphale pega seu telefone e disca os números de um certo demônio.

- O que foi? – Atendeu Crowley mal humorado, como sempre.

- Olá querido. – O anjo já acostumado com a falsa irritação de Crowley continuou: - Sou eu, Aziraphale.

- Eu sei, o que foi?

- Eu só liguei para... – e ficou pensando, para que mesmo tinha ligado? Enquanto seu rosto ficava vermelho percebeu que não havia inventado uma desculpa a tempo.

- Para?

- Me esqueci, desculpe. – Aziraphale riu nervoso, suas desculpas de motivos para ligar já haviam se esgotado.

- Hum. - Após alguns segundos em silencio, Aziraphale percebeu que não teria jeito.

- Bem, se me lembrar ligo novamente, boa noite Crowley.

- Anjo! – Crowlei chamou rindo, tentando disfarçar o nervosismo.

- Sim?

- As suas desculpas para ligar também acabaram?

- Sim, - O anjo respirou fundo, e começou a falar o mais rápido que podia: – desde que o armagedon não aconteceu não temos mais lados, e não temos mais que esconder... b-bem, n-nada e temos nos visto todos os dias dês de então... e... e...

- Anjo, o que acha se eu comprar algumas bebidas e ir para a livraria? – Crowley sorria sentado em seu Bentley, já estava com o telefone nas mãos para ligar para seu Anjo, apenas precisava de uma desculpa para isso.

- Seria adorável.

Desligaram o telefone, Crowley acelerou pelas ruas de Londres em direção a tão conhecida livraria, seu rosto queimava enquanto se lembrava de Aziraphale gaguejando, sem saber bem como falar, e como ele deveria estar todo vermelho mexendo seus dedos rapidamente, tão linda visão...

Balançou a cabeça com força tirando esse pensamento da cabeça, eles eram... inimigos? Mas agora não tinham lados afinal, o que um demônio como Crowley saberia sobre esses sentimentos? Era impossível ter esses sentimentos, certo?

Muitas perguntas difíceis em uma noite ainda começando, assim que comprou as bebidas, e algumas guloseimas para o Anjo, saiu em disparada até a livraria, a noite estava gelada e a neve já começava a cair, uma noite gelada os aguardava.

Estacionou quase subindo na calçada em frente a livraria, abriu a porta, trancada, com um milagre.

- Anjo! – Crowley chamou trancando a porta com outro milagre.

- Oh, Crowley, chegou muito rápido, até mesmo para você. – Crowley pediu a Satan que ele não desconfiasse que ele já estava a dentro do carro, mas ele precisaria, isso nem passou pela mente de Azi.

- Sabe como sou rápido. – O demônio sorriu debochado, enquanto isso Aziraphale pegava algumas sacolas das mãos de Crowley.

- Você pretende fazer uma festa? Quanta bebida!

- E que hoje – Crowley disse tirando os óculos escuros – eu estou querendo beber ate esquecer que sou um demônio.

- Como se fosse possível.

Aziraphale não percebeu, mas Crowley perdeu seu sorriso no instante em que ouviu suas palavras, "somos um anjo e um demônio afinal" pensou Crowley triste, ele nem sabia o que queria, nem por que ficou chateado, mas aquele sentimento não era bom, "demônios podem sentir algo bom?"

– Querido, você está gelado. – O anjo disse quando encostou nas mãos do demônio enquanto passava para ele um copo vazio, por enquanto. Com um estalar de dedos fechou bem todas as janelas da livraria e acendeu a lareira no andar superior. – Vamos, se quer beber tudo isso esta noite teremos que começar logo, a lareira vai ajudar você a se aquecer.

E ali estava a resposta de Crowley: Sim, um grande e luminoso SIM, demônios podem sentir algo bom, ele estava sentindo agora, como se seu corpo tivesse reagido instantaneamente ao gesto de carinho de Azi.

Antes de acompanhar o anjo Crowley pegou mais algumas garrafas de vinho que estavam na mesa que ficou no andar inferior, pretendia mesmo beber muito aquela noite.

E começaram, uma garrafa vazia e duas, três, nesse ponto pararam de contar. Era por volta de 22:00h e as bebidas que levaram para o segundo andar já haviam acabado.

- Você entende o que... uhg... eu quero dizer? – Crowley estava jogado no sofá encarando Aziraphale de forma urgente que estava sentado em um poltrona em sua frente.

- O que mesmo você quer dizer?

- As palavras... as palavras, laranja o que isso te diz?

- Uma cor? Uma cor bonita?

- E isso! – Gritou Crowley – E também e uma fruta, por que não fizeram duas palavras para essas coisas?

- Talvez, a cor seja pela fruta? Cor de laranja.

- NÃO! – Crowley falava alto, indo pegar mais bebida, seu copo estava vazio. – Para isso tem a cor de abobora, e a mesma coisa ne?

- Não sei. – Aziraphale estava tão bêbado que não conseguia pensar direito. – acabou aqui, eu vou la pegar mais. – disse o anjo se levantando para pegar as bebidas no andar inferior, mas Crowley foi em sua direção não deixando que ele se levantasse, colocando a mão em seu peito, nessa altura a gravata de Aziraphale já estava frouxa.

- Eu vou la.

- Obrigada querido.

Crowley sentiu sua sobriedade voltar quase por completo quando o Anjo o chamou assim com um sorriso doce, o que estava acontecendo com ele? Desceu as escadas, segurando firme no guarda mão, a sobriedade foi apenas momentânea.

" Demônios deveriam sentir nojo e repulsa de anjos correto? Por que eu não sinto isso por ele?" Crowley pensava enquanto descia a escada que parecia bem mais íngreme que antes. "Por que eu to pensando nele assim? Não e desse milênio que eu tenho pensado nessas coisas, mas querer falar isso para ele agora? Eu sou um demônio sem lados e vou arriscar a única amizade que já tive?"

Quando chegou no andar inferior, pegou as garrafas e percebeu que Aziraphale nem tinha tocado nas guloseimas, pegou elas também.

- Talvez seja por isso, sem lados, apenas o nosso lado. – Crowley em vez de apenas pensar, disse em voz alta.

- Desculpe Crowley não ouvi o que disse. – Aziraphale se levantou da poltrona, indo na direção do demônio.

- Eu não falei nada.

Disse o demônio mal humorado, não tinha percebido que estava tão bêbado, achou que a bebida o daria coragem, mas estava fazendo ele perder a consciencial de seus atos. Antes que pudesse inventar uma desculpa qualquer Crowley cambaleou para frente, Aziraphale que pensou que ele fosse cair tentou ajudar, mas estava ainda mais sem equilíbrio, fazendo com que a sena que se seguiu fosse extremamente idiota, um anjo de cabelos loiros caindo de bunda no chão seguido por um demônio ruivo caindo de joelhos, tentando deixar as bebidas longe do chão. As risadas que se seguiram serviram apenas para deixá-los ainda mais vermelhos, bebidas intactas, diferente de seus corpos, mas o álcool não deixaria que sentissem dor alguma.

Algo que sempre atrapalhou a comunicação entre esses dois seres era a capacidade de ambos de perceber as emoções, em lugares, pessoas, em tudo, coisa que humanos não tem. Mas o problema e que os Anjos não conseguem perceber maus sentimentos, o que fez o anjo nessa relação sempre pensar que um silencio prolongado, por exemplo, era na verdade ódio. O mesmo acontecia pela parte do demônio, ele nunca percebeu nenhum sentimento bom vindo do anjo, o que o fazia pensar, por sua vez, que a falta de sentimentos era na verdade o mais puro tedio, ou sentimentos ruins sendo mascarados pela aura cheia de graça do anjo.

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