cap.1: Lohan Anderson

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 Meu nome é Lohan Anderson, e um assassinato aconteceu naquela manhã.

Bom, quase todos os canais de rádio ou televisão da cidade de Mainscreeck estavam noticiando este acontecimento tão fatídico, e muitas pessoas estavam comentando umas com as outras conforme eu passava pela rua. Tínhamos um assassino entre nós, depois de tanto tempo de paz entre os cidadãos daquela cidade.

Eu caminhava pela calçada da rua em direção ao novo rumo que eu tomaria na minha vida. A nova fase que eu tanto sonhei em vivenciar um dia, com uma mochila nas costas, uma blusa branca sem estampa com as mangas dobradas e uma calça preta. Talvez eu estivesse mais arrumado que o necessário, mas era meu primeiro dia.

Naquele dia, eu estava atrás de liberdade. Uma liberdade que fora tirada de mim há muito tempo, mas consegui com muito esforço e inteligência, finalmente. Isso me fazia pensar conforme eu caminhava há poucos passos do meu destino, se somos realmente livres, cada um de nós.

Esses pensamentos me atormentavam tanto. Eram uma angustia que me assolava sempre que eu deitava a cabeça no travesseiro. Mas lá estava eu, parando de frente para uma enorme universidade. A universidade Darwin. Um nome adequado se considerar a ideologia dos professores e alunos dela.

Era a maior universidade da cidade, e uma das maiores do estado. Seria o lugar de onde eu tiraria mais conhecimento do que eu já tinha, e também o meu porto seguro. Um lugar onde aquele homem não poderia interferir e pôr as mãos em mim. Não mais.

Suspirei, encarando os pilares enormes e as paredes espelhadas ali dentro, parando diante do portão de grade. Ele estava aberto, e um guarda esperava. Me aproximei dele e forcei um sorriso simpático.

— bom dia.

— qual é o seu nome, rapaz? — ele perguntou.

— Lohan Anderson. Da turma c.

— mostre seu documento.

Ergui a mão. Eu já sabia que ele faria aquelas perguntas, então tinha me adiantado e pegado da mochila antes de chegar. Ele o apanhou e analisou preguiçosamente, óbvio, e então me entregou.

— tudo certo. Tenha um bom primeiro dia.

Assenti para ele, e adentrei.

Agora não tinha mais volta.

Caminhei pelo pátio do lado de fora, observando os alunos que conversavam amigavelmente. Algumas pessoas já começavam a fazer suas novas amizades. Algumas já vieram com um amigo, e estavam felizes com a sorte de terem conseguido as vagas. Tantas pessoas, com tantas personalidades diferentes. Cheias de traumas diferentes.

Passei pelos corredores do lado de dentro. Impecavelmente limpos. Os funcionários da limpeza tiveram um árduo trabalho na noite anterior, e no inicio daquele dia. O chão estava muito brilhoso, de uma forma que mostrava uma leve umidade, então era óbvio que fora limpo mais de uma vez, e recentemente.

Observei as paredes, com quadros e premiações dos melhores esportistas e gênios das turmas, também impecáveis. Eles eram vaidosos e se importavam muito com a imagem, pelo menos nos primeiros dias de aula. Eu deveria esperar professores rígidos e regras também rígidas. Não era um problema para mim. Já estava acostumado.

Subi as escadas até o segundo andar, onde ficava minha sala do lado direito do corredor. A porta de madeira estava entreaberta, então só dei um empurrãozinho de leve, e já estava lá dentro, encarando as duas dúzias de alunos que me encaravam de volta. Não tinham chegado todos ainda. Muitos lugares estavam vazios.

Como Amar Um SociopataWhere stories live. Discover now