Prólogo

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"A cidade de São Sotero no interior de XX respira aliviada depois de dias aflitos, Márcio

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"A cidade de São Sotero no interior de XX respira aliviada depois de dias aflitos, Márcio. Com pouco mais de 20 mil habitantes ninguém poderia imaginar o acontecimento do crime que afligiu a cidade ao longo de angustiantes sete dias: o sequestro de uma menina de apenas 9 anos. Estamos aqui com a família da criança que passa por checagem médica... Dona Elena, a senhora pode nos falar algumas palavras nesse momento? [...]"

No início ela não havia gostado de ir estudar em outra escola - logo no quarto ano! Todos os seus colegas já se conheciam há bastante tempo e tinham seus próprios amigos e assuntos particulares, isso é, todos menos Bianca. Bianca era a menina mais linda que ela já tinha visto - de pele negra, cabelos cacheados e um rosto de atriz -, mas ela tinha tantos amigos quanto a menina, ou seja, nenhum. Podia-se pensar que ela era mal humorada ou algo que afastasse as outras crianças, mas Bianca era divertida e inteligente e as duas se tornaram amigas logo de cara.

Assim que o sinal tocou avisando o fim das aulas a menina apressou-se em guardar o caderno pautado, a agenda azulada e o estojo de plástico na mochila oferecida pela prefeitura para os estudantes do ensino municipal, não era um modelo tão bom quanto o de alguns de seus colegas e já começava a se rasgar por dentro, mas ela gostava porque Bianca usava a mesma mochila, como duas melhores amigas de verdade. Daquela vez a mãe da menina tinha deixado ela passar a tarde na casa da amiga e ela estava animada pra andar de transporte escolar pela primeira vez e conhecer o quarto de Bianca que sempre se gabava da enorme coleção de CDs que seu pai havia comprado pra ela na capital, trazendo mais um sempre que ia resolver problemas na cidade.

- A gente tem que almoçar e fazer a lição de casa, senão mamãe não deixa escutar música - avisou Bianca segurando a mochila da amiga enquanto ela subia na van alta demais pra uma menina de nove anos.

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O relógio de parede não parava só porque Elena queria, ela já roía as unhas de preocupação e Foguinho maquinando na novela como som ambiente não ajudava em nada no seu humor, queria sentar pra assistir o capítulo daquela noite, mas a cabeça já dava voltas só em pensar no que podia ter acontecido com sua bebezinha.

- Dá pra desligar essa televisão pelo amor de Deus?! - estourou de uma vez com o filho mais velho e sentou-se no sofá tirando o telefone do gancho e discando o número do irmão - Lucas vai pro quarto que é conversa de adulto.

- Posso usar o computador então? - barganhou o menino - O pai colocou crédito no modem ontem e eu quero olhar meu MSN.

- Vai lá, mas é só uma hora senão seu pai fica sem internet pra olhar as coisas do trabalho - ela dispensa o menino com um aceno e volta novamente sua atenção à chamada - Beto? Oi, sou eu. A Cintia trabalha lá na escola da Helô, né? Queria que ela me arranjasse o endereço de uma coleguinha dela. A Helô ia só passar a tarde, mas já é quase oito horas e eu tô em tempo de ficar doida aqui em casa. Morrendo de preocupação irmão, esse mundo tá perigoso demais! - pausou roendo as unhas - Pode? O nome da menina é Bianca! Pois quando ela arranjar tu me liga de volta? Tá bom, até.

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Demorou ainda mais uma hora até que o telefone tocasse novamente com a notícia que deu início a tudo: não havia nenhuma Bianca na sala de Heloísa. Não demorou para que a família procurasse a polícia e se iniciasse a busca que moveu toda a cidade e as cidades vizinhas. Depois de alguns dias já estava em todos os jornais locais e um grupo de buscas havia sido organizado para procurar pela mata que cercava a cidade de São Sotero. Depois de sete dias de intensa busca, quando a polícia já pensava em encerrar as investigações por não ter nenhuma pista do paradeiro da criança desaparecida, uma van branca de transporte escolar parou em frente a casa dos Veras e de lá, com dificuldade, desceu a menina como se nada tivesse acontecido. Usava as mesmas roupas da manhã do desaparecimento, o penteado ainda intacto e uma sacolinha com maquiagens de brinquedo e dois CDs. Elena quase infartou naquele momento mesmo e o choro deixou a menina confusa, afinal, só tinha passado uma tarde fora e com permissão da mãe.

Depois de todo o choro - e uma passagem pelo hospital - fizeram diversas perguntas sobre Bianca e sua aparência, o que Heloísa havia feito no tempo em que estivera fora e se ela se lembrava do lugar em que estivera. Mesmo sem entender, a menina respondeu todas as perguntas. Ela nunca mais viu Bianca depois daquela tarde.

As Flores da Tua JanelaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora