Capítulo 32

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Os dias se passavam em completa lentidão. Minha vida se resumia em fazer coisas aleatórias para passar o tempo, até que o horário de visitas no hospital chegasse. Eu ainda estava debilitado e a minha recuperação vinha sendo mais lenta do que eu queria, assim como a de Sofia, que mesmo depois de vinte dias, não nos mostrava qualquer sinal de que sairia do seu estado de coma.

— Adam, você já pensou como será quando Sofia acordar? — Hugo me questionou.

— Ficaremos juntos! — falei o óbvio.

— Não é sobre isso que estou falando. Pretendem continuar a morar aqui em São Francisco?

— Eu acho que isso não é mais uma opção, Hugo. Havíamos conversado sobre isso antes de tudo acontecer.

— Pretende voltar à Nova York?

— Eu ainda não sei. Lá as coisas não são tão simples também. Não quero envolver Sofia na merda que foi minha vida amorosa no passado.

— Você já contou a ela?

Neguei com a cabeça.

A verdade é que Sofia não sabia quase nada sobre meu passado amoroso e absolutamente nada sobre Sabrina.

— Sabe que precisará fazer isso, não é?!

— Não sei se estou preparado. — falei sincero.

— Adam...— Hugo falou em tom de advertência. — Você precisa contar a verdade a ela. Por ela e por você. Como quer seguir se não consegue deixar essa história para trás?

— Eu já deixei isso para trás há muito tempo. — falei irritado.

— Sabe que não é verdade! Fingir que nada aconteceu, não significa nem de longe uma superação. Você precisa superar isso, ou não conseguirá estar por inteiro com a Sofia. E, amigo... — a mão de Hugo foi posta em meu ombro. —tudo o que Sofia não precisa nesse momento é de alguém que não esteja completo para ela.

Suspirei derrotado.

Hugo tinha razão e eu não tinha como negar. Sabrina estava mais que viva dentro de mim. Eu amava Sofia e não duvidava por um segundo sequer desse amor, mas eu precisava tirar Sabrina dos meus pensamentos, ou aquilo seria como um imã que sempre me chamaria ao passado.

Por um momento pensei em Joseph e pensei em Liz também.

Parece que Hugo me conhecia bem, já que durante os meses que estava em São Francisco, agi como se nada nunca tivesse acontecido. Covardia? Talvez. Medo do passado? Provavelmente. Mas agora eu faria as coisas serem diferentes. Voltar à Nova York seria sim uma opção!

...

Os créditos rolavam depois que a palavra fim apareceu na tela. Minha mãe e Mônica tinham ido às compras, enquanto Hugo escolheu um filme de suspense para nós.

— Cara, você está acabado! — Era Hugo quem proferia tal afirmação de maneira divertida, e a mim só restou jogar-lhe uma almofada em reprovação. — É sério Adam. Vai aparar essa barba, arrumar esse cabelo. Quantos quilos você perdeu? Uns dez?

— Cala a boca! — pedi educadamente.

— É sério! Você não come, não dorme...Se a Sofia acordar hoje, capaz de desejar voltar a dormir só pra não ter que olhar para essa sua cara de defunto.

— Vai se foder! — falei.

O dedo do meio de Hugo levantado em minha direção, foi a resposta para meu desejo nada delicado de segundos atrás.

— Olha a bagunça, crianças. — Minha mãe falou brincalhona enquanto adentrava na sala e presenciava nossa animada discussão.

Eu sabia que Hugo tinha razão. Eu havia emagrecido muito nessas duas semanas, e o fato de Sofia continuar em coma não ajudava em nada na minha recuperação. As noites eu passava acordado lembrando da mulher que eu amava e pedindo para que ela não me deixasse. A comida nunca parecia apetitosa o suficiente para que eu pudesse saboreá-la, e por fim, o barbeador, havia sido esquecido em um canto qualquer. Eu estava mesmo um trapo!

SOFIA, meu doce perigo (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now