Alice - A caminhada

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Matheus é reservado ao extremo, mas mesmo sem muito jeito para se socializar é gentil e bondoso, vi que ele fez um enorme esforço para se aproximar quando entendi mal sua negativa, acho que com os monstros imaginários.

Quando ele falou sobre ser viúvo eu me compadeci dele.

"Desculpe Alice, eu sou meio estranho, desde que fiquei viúvo não tenho me socializado muito, fiquei muito tempo recluso."

No meu coração, eu abracei a causa, devolver uma vida normal a Matheus, ele é jovem, lindo e saudável, não faz sentido se fechar, nenhum luto pode consumir a vida do outro assim, ainda que ele ame a falecida esposa precisa viver. Acho que nem ela mesmo gostaria disso.

Permeando assuntos amenos seguimos até o hotel, chegando aguardei ele colocar roupas leves para caminhar, escolhi não subir porque ele está em um quarto, achei muita invasão de privacidade.

- Voltei. Ele diz sereno e me forço a manter minha boca fechada e se possível sem babar, Matheus de bermuda e camiseta é jovial, lindo o corpo todo certinho, músculos naturais, nada exagerado, ouso arriscar dizer que esse é o natural dele, sem academia ou coisa do tipo.

- Vamos então. Forço um sorriso para não parecer lesada. Onde eu estava com a cabeça de vir atrás dele, agora vou ficar controlando a vontade de "secar•" o Matheus.

- Você já tem costume de caminhar?
- As vezes, no verão eu gosto, é uma forma de extravasar as energias, como renovar o sistema.

- Eu corro pela manhã, mas ainda não fiz isso aqui, porque preciso descobrir uma rota tranquila para fazer isso, talvez eu possa aderir essa rota até o parque, onde vai me levar hoje.

- Poxa Matheus, sou uma péssima companhia então, eu caminho, falo mais que a boca e as vezes compro sorvete pelo caminho, não tenho esse estresse com peso, caminhar pra mim é só um jeito de me sentir livre.

Ele me observa atentamente, e me sinto um ser mítico sob seus olhos verdes espelhados, ao mesmo tempo que é educado, é intenso, não se trata de um flerte, mas faz parte da personalidade do homem.

- Gosto disso, todo conjunto; falo pouco, sorrio pouco e não sou dado a doces, mas talvez seja porque sozinho seja difícil, agora tenho uma amiga que pode concertar isso. Ele termina a frase com uma piscadela e inacreditavelmente me sinto corar.

- Sim você têm.

Caminhamos por dois quarteirões e algumas garotas passam por nós flertando com Matheus, não que seja da minha conta mas há uma pequena parte de mim incomodada com isso.

- Ficou quieta Alice, cadê a promessa da garota falante? Ele brinca e me sinto uma tola por deixá-lo no gelo.

- Me desculpe. Digo um falto envergonhada.

Ele toca meu queixo e faz uma negativa.

- Não fica assim Aly, eu estava brincando, olha chegamos ao parque, vem vamos tomar um sorvete. Ah céus, que calorão, Matheus me toca como se fizesse isso a vida toda, acaricia meu rosto, segura em minha mão para me levar com ele até o banco desejado e eu vou, como uma garotinha.

- Vou procurar o vendedor eu...

- Fica sentada, eu vou comprar e trago, tem alguma preferência?

- Bem grande?! Afirmo e indago porque não perco minha mania de piada nem quando um furacão de sentimentos estranhos me invadem.

- Seu pedido é uma ordem senhorita Arruda.

A sinceridade sempre presente nos olhos de Mat me faz questionar como não vi o quanto meu ex namorado era falso comigo.

Olho ele caminhando até o carrinho de sorvete e acho uma graça tudo nele, um bom amigo.

Tão rápido quanto foi ele volta.

- Você é rápido.

- Ah sim sempre que tenho dois sorvetes na mãos num calor de trinta graus.

Realmente faz muito calor, e gargalho da breve explicação de Matheus. Então nosso riso diminuí e me obrigo a ser sincera com ele.

- Sua companhia me faz bem Mat, gosto de você.

- Mesmo? Afirmo sem desfazer o sorriso no rosto.

- É sério.

- Estou ficando envaidecido Alice, gostaria que ficasse mais, poderíamos conhecer os apartamentos e casas para que eu encontrasse mais rápido.

- Semana que vem entra o período das provas de quarto bimestre, eu preciso estudar, é uma droga, sempre é pesado.

- Sendo assim eu espero por você, posso te visitar, ajudar nos estudos se quiser.

Meu rosto aquece outra vez, e uma ideia completamente absurda me acomete, mas aqui entre nós lá vou eu Alice, ser Alice.

- Nos estudos pode ser virtual por chamada de vídeo, a noite Mat mas minha formatura é em breve, poderia me acompanhar no coquetel dos formandos após a entrega dos diplomas?

- Será uma honra Alice.

- Mas antes preciso que você saiba o motivo para não achar que estou te usando, eu... Hum, tenho um ex namorado que vai estar lá, com minha ex melhor amiga e... bem, digamos que seu apoio é muito importante.

- Já entendi Alice, estarei com você desde o primeiro minuto até você decidir ir para casa, ninguém vai te machucar.

Sinto uma lágrima molhar meu rosto, de repente ele me entende melhor do que qualquer outra pessoa e me sinto querida, compreendida, amada. Não dá forma romântica mas como pessoa.

– Ei mocinha nada de lágrimas, vai dar tudo certo.

–Obrigada Mat, você é um verdadeiro cavalheiro.

– Não me faça se arrepender Alice, estou me sentindo  tímido com seus elogios, tenho certeza que não os mereço.

Terminamos o sorvete pensativos é curioso como a vida da voltas, nunca imaginei que teria um amigo da idade do Caio que fosse compatível comigo, meu irmão age de um jeito tão protetor que me sinto uma garotinha perto dele mas Matheus é totalmente aberto, me respeita como sou.

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Obrigada por ler meu livro: Um amor para recomeçar.

Beijos amados leitores.

Gratidão 💝





















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