Nos vemos no Natal | CONTO COMPLETO

Nos vemos no Natal

Para falar a verdade eu não estava acreditando que haviam tantos homens interessados em falar comigo. Comecei a vasculhar os perfis tentando achar no mínimo uma semelhança desses homens com Parker Hawens, a vantagem que eu tinha era que nunca - por incrível que pareça - minha família tinha visto uma foto do Parker, então tecnicamente qualquer um serviria.

As opções disponíveis que mais me interessaram foram os perfis de Jonny Fost, Darek Bason, Luke Anderson, Carter Kyler e Philipe Whight.

Eles tinham características parecidas com a do meu ex, olhos verdes, cabelos pretos, branco, aparentemente altos com seus 1,80 por ai. Eu só precisava convencer um deles a se passar pelo meu namorado por uma tarde.

Iniciei uma conversa com Carter e Jonny,  eles pareciam ainda mais interessantes do que os outros três. Carter era extremamente convencido, porém achou a minha proposta interessante, no entanto ele queria algo em troca e o que pediu não me agradou em nada, já Jonny foi mais simpático e não mencionou "pagamento" pelo menos não diretamente, o que me deixou convicta de que ele seria perfeito para passar o Natal comigo.

Nossa conversa foi tranquila até demais e por fim consegui fazer um acordo vantajoso para ambos os lados no final.

"Mas porque você precisa que eu me passe por seu namorado?"

"A história é longa, mas para resumir meus pais acreditam que eu estou namorando e prometi apresentar meu suposto namorado a eles"

"Certo e você quer que eu assuma esse papel?"

"Sim, só por uma tarde, depois você está liberado, por favor?"

"E o que eu ganharia com isso?"

"Bem, eu te pago 300 dólares por 4 horas na casa dos meus pais, você só precisa almoçar e falar o que eu te disser"

"Caramba 300 dólares?! Estou dentro, onde te encontro?"

"Vou te mandar o endereço amanhã, mas por favor não me deixe na mão, minha "reputação" naquela casa depende de você"

"Estarei lá, não se preocupe, nos vemos no Natal"

Nós conversamos por mais uma hora, expliquei cada detalhe de como ele deveria dizer que era sua vida, Jonny parecia legal, além de ser muito carismático, mas admito que eu ainda estava com um pé atrás com essa minha loucura de convidar um desconhecido para a casa dos meus pais, se ele não fosse confiável e alguém de má índole eu estaria colocando minha família em perigo.

Combinei com ele a cor das roupas, falei sobre a personalidade explosiva do meu pai e a curiosa de minha mãe, ele teria que ter paciência e não errar as respostas - já que seriam muitas perguntas - Ele concordou com tudo e se despediu dizendo que precisava dormir.

Desliguei o celular e me despreguicei, fui até a cozinha para tomar água e no relógio prata preso na parede marcava 3:00 horas da manhã, eu só tinha 4 horas para dormir, o dia seria longo e mais nada poderia sair errado - eu deveria parar de falar essa frase, já que sempre acontece algo errado quando ela é mencionada - respirei fundo aliviada após tomar água, eu havia conseguido, sim eu havia conseguido um "namorado" para o Natal.

Meu Natal não seria um fracasso, minha família não iria me chamar de encalhada e depois de algumas semanas eu poderia dizer que terminei com ele por motivos internos, com toda a certeza eu serei reprovada mesmo assim, todavia melhor ser criticada após o Natal e virada de ano.

Estava tão elétrica que mesmo com pouco tempo para dormir, não conseguia pregar os olhos, já deitada na cama, olhando o teto cinza de Laje, meus olhos se recusavam a fechar, então fui escolher minha roupa, combinamos que os dois iriam com alguma peça vermelha, então decidi ir com um vestido longo vermelho com uma fenda até metade da panturrilha da perna esquerda.

Sem conseguir dormir ainda, resolvi fazer o planejamento das minhas férias de fim de ano, me distrai tanto que nem notei quando peguei no sono. Quando senti a luz forte do sol clarear meu rosto, acordei em um súbito, eu estava debruçada na mesa da cozinha, uma mesa branca de quatro cadeiras, senti que havia babado enquanto dormia - que nojo - e com toda a certeza do mundo meu cabelo parecia o de um roqueiro com um guaxinim na cabeça.

Sai arrastando o pé até o banheiro e ao olhar no espelho dei um pulo para trás, meu estado estava deplorável, era hora de me arrumar.
Olhei o relógio que marcava seis e dezessete e em pensamento falei.

- É hoje e se algo der errado vou me enfiar no mato.