Um imprevisto, uma encrenca

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...... Jonny ......

Amélia parecia desesperada, senti pena da situação dela, não sabia se realmente o motivo para tamanho plano era aquele mesmo que ela havia contado, mas resolvi ajuda-la, só não contava que haveria um imprevisto.

- M*rda que dor - Reclamei ao acordar.

Eu não tinha conseguido dormir muito bem, comecei a sentir uma dor insuportável na região do abdômen, principalmente no lado direito, a dor era tamanha que parecia que eu iria morrer.

Alcancei meu celular ao lado da cama em um criado mudo rústico de cor marrom, liguei a tela e liguei para a primeira pessoa que me veio a mente, meu primo Dean.

- Isso são horas de ligar? - Resmungou com voz de sono no outro lado da linha - Nem são seis horas ainda.

- Preciso que venha até aqui - falei com dificuldade

- Pra que cara, olha a hora! eu quero dormir.

- Eu tô quase morrendo seu bocó, vem logo - Retruquei

- O que aconteceu? - Dessa vez ele parecia ter levado a sério.

- Tô com uma dor do caramba na barriga, acho que é apendicite, agora para de perguntar, chama uma ambulância e vem logo cara - desliguei o celular.

Eu me contorcia de dor, nunca havia sentido coisa parecida, lembro que quando frequentei o exército os treinamentos pesados não deixavam o corpo tão dolorido e nem os testes faziam com que as lesões fossem tão fortes, eu tinha treinamento de resistência, mas não estava conseguindo aguentar.

Dean não demorou muito para chegar e a ambulância chegou junto com ele.

- Ei! achei que estava morrendo, mas parece saudável, onde doí? - Deu um soco fraco na minha barriga - Aqui?

- Quer me matar seu imbecil - resmunguei

- Eu trouxe a ambulância, você vai ficar bem cara.

Fui colocado na maca pelos paramédicos, um deles fez perguntas breves e me examinou rapidamente confirmando minha suspeita.

- Sua apêndice estourou, precisamos fazer a cirurgia imediatamente - falou o paramédico

Apenas concordei com a cabeça, eu só queria que essa maldita dor passasse.

Quando me colocaram na ambulância e Dean foi para entrar junto, mandei ele parar e pedi um favor que eu sabia que ele não aceitaria, mas se eu oferecesse dinheiro certamente mudaria de ideia.

- Não precisa ir, eu me viro, preciso de um favor urgente - Ele me olhou atentamente esperando saber o que era.

- Quer outro? - bufou fingindo irritação.

- Eu tenho um encontro hoje, mas não vou conseguir ir, quero que vá no meu lugar.

Dean soltou uma gargalhada irônica, mas parou assim que viu que eu estava falando sério.

- Peraí, isso é sério? É só você cancelar, aposto que a garota vai entender, não faz sentido eu sair com a sua paquera.

- Ela não é minha paquera, conversamos pela primeira vez ontem, admito que me interessei, mas a questão aqui é outra, combinei algo com ela e jurei não deixa-la na mão.

- É por isso que não se deve jurar seu banana - Dean revirou os olhos.

- Senhor precisamos ir agora - falou uma enfermeira interrompendo a conversa.

- Espera um minuto. - pedi para a moça - Vai fazer o favor ou não?

- É lógico que não - ele disse pegando um chiclete no bolso e abrindo para mascar.

- Te pago 300 dólares, são quatro horas e depois você está liberado.

Dean olhou para mim e pensou até que se decidiu.

- Okay, mas você fica me devendo uma e das grandes.

- Ah cara eu te amo!

- Sai daí - fez cara de nojo.

- No meu computador tem a conversa com ela, olha o que ela me falou e segue as instruções, depois me conta o que deu.

- Senhor precisamos ir ou vai piorar - A enfermeira me repreendeu pela demora.

Eu tinha me distraído tanto com a conversa que a dor parecia ter diminuído, até a enfermeira me lembrar e tudo voltou, as portas da ambulância se fecharam e eu torci para que Dean realmente fizesse isso por mim.

Havia um detalhe a mais que poderia fazer com que Amélia surtasse, Dean era o oposto de mim, na minha não tão longa conversa com a senhorita Willians ela me falou como minha personalidade e aparência eram perfeitas para o que ela precisava, mas não especificou o motivo. Por isso talvez ela tivesse que elaborar outro plano quando visse Dean.

Dean era um homem de 28 anos, tínhamos a mesma idade, ele tinha a pele negra e um sorriso incrivelmente branco, media 1,85 e tinha cabelos pretos, olhos castanho escuro e sua personalidade era variante. Diferente de mim, Dean nunca foi muito calmo, também odiava se envolver com várias mulheres em festas, na verdade ele nem gostava de festas lotadas e sempre preferiu uma aventura, como saltar de paraquedas, sempre causou mais confusão do que eu e em uma briga sempre partia para cima enquanto o frango aqui fugia, ele sempre me chamou de mauricinho, por usar roupas sofisticadas e tentar bancar o rico - o que era verdade - ele gostava de jaqueta de couro, preferia motos à carros, mas tinha um fascínio por carros antigos e não se importava em desapegar, sim ele era o meu oposto completo, mas ambos eram solteirões com orgulho.

No entanto tinha outra coisa que poderia colocar o meu plano e o de Amélia no lixo e não era pelas características ou gostos listados acima e sim porque só tinha uma coisa que Dean detestava mais do que cerveja, ele odiava a mentira.

E o problema só havia começado.

...... Dean ......

Já estava me arrependendo de ter aceitado fazer essa substituição, eu parecia um adolescente procurando sarna para se coçar.

Jonny morava em um apartamento no centro da cidade, seu apartamento ficava no 12° andar e eu aproveitei para subir cada degrau lentamente a fim de fazer um exercício.

Enquanto subia me questionei da tamanha importância que Jonny estava dando a uma mulher, era tão simples cancelar o encontro, mas alguma coisa tinha a mais nessa história. Quase oito minutos depois cheguei na porta do apartamento

- Droga, porque eu não vim de elevador - Falei arfando pelo cansaço.

Entrei no apartamento que tinha tonalidades em verde e branco, o lugar era bonito demais e Jonny gostava de ostentar isso, ele tinha uma coleção de quadros que ficavam na entrada do apartamento na parede direita de um curto corredor, os quadros eram imitações de artes valiosas e muito conhecidas como "A noite estrelada" de Vincent Van Gogh, "Criação de Adão" de Michelangelo Buonarotti e a clássica pintura de "Monalisa" de "Leonando da Vinci". Ele amava arte, eu realmente não entendia nada sobre e achava perda de tempo "aprecia-las" julgue-me se quiser, eu não dou a mínima. E como sei o nome das obras e seus autores? conhece o rodapé?! foi ele que me disse.

O notebook dele estava na mesa de centro na sala, peguei o mesmo e fui para a varanda, o dia estava clareando e meu relógio de pulso marcava 6:32, parecia que o dia seria quente. Sentei na poltrona de camurça branca e olhei a vista, dava para ver o parque de Belsis daquela varanda, e o mesmo estava decorado para o natal, as pessoas já estavam circulando, o dia seria cheio.

- Vamos ver o que temos aqui.

Ao ligar o notebook a conversa já estava aberta, li a conversa com tédio, até chegar na parte "interessante".

- Então a dondoca quer mentir na cara dura?! - ri em sarcasmo comigo mesmo.

Aquela ideia maluca da tal de Amélia me deu uma ideia, se ela queria um namorado de mentira, era isso que ela teria.

Fechei o notebook, não peguei nada emprestado de Jonny a não ser o dinheiro que ele havia deixado dentro da gaveta no criado mudo, afinal teria que ir a outra cidade. Amélia esperava um mauricinho de olhos verdes, roupa elegante e com um carrão importado, pois ela teria o oposto. Um homem que odeia ternos, com olhos escuros e um chevette cor abacate. Veremos até que ponto ela consegue sustentar sua mentira.

Nos vemos no Natal | CONTO COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora